“PSD prostituiu-se ao PS em vez de aceitar entendimento à direita”

©Folha Nacional

O presidente do CHEGA acusou hoje o PSD de “prostituir-se ao PS em vez de aceitar um entendimento à direita” e considerou existir “uma clara combinação” entre o Presidente da República e os sociais-democratas.

André Ventura transmitiu estas posições no discurso com que abriu as terceiras jornadas parlamentares do CHEGA, dedicadas aos temas da habitação e inflação, e que decorrem em Évora até terça-feira.

Ventura aproveitou para comentar a entrevista do presidente do PSD à CNN Portugal, divulgada na sexta-feira — na qual Luís Montenegro desafiou o PS a dizer o que fará “se algum dos dois maiores partidos não tiver maioria absoluta” e explicar se está disponível a viabilizar um executivo minoritário do PSD – e afirmou que o líder do PSD prefere governar com o PS a fazê-lo com o CHEGA.

“O mesmo que eles dizem combater, o mesmo que eles dizem ter-nos levado a uma inflação histórica, a um desemprego histórico, a uma impunidade histórica, é o mesmo de que eles aceitam o apoio para governar caso precisem do CHEGA nessa equação parlamentar. Ou seja, PSD decidiu prostituir-se ao PS em vez de aceitar um entendimento à direita”, criticou.

O presidente do CHEGA, que deixou as fileiras sociais-democratas para fundar o seu atual partido, disse sentir vergonha de um “PSD que não consegue descolar do PS, que não consegue distinguir-se do PS e não consegue perceber que os tempos mudaram e que é preciso uma mudança estrutural em Portugal”.

“Durante muito tempo, muitos de nós tínhamos pensado que o PSD podia um dia ser um parceiro nessa alternativa de Governo e um parceiro nessa mudança de paradigma. Da minha parte, cada vez estou mais convencido, e agora especialmente, de que essa alternativa já não pode contar nem com sociais-democratas, nem com liberais, nós temos mesmo que liderar a oposição em Portugal, nós temos mesmo que liderar as eleições para conquistar o Governo de Portugal”, defendeu.

André Ventura estabeleceu como meta “até ao final do ano, até ao primeiro trimestre do próximo ano” o CHEGA “superar o PSD e liderar essa alternativa à direita”.

Na entrevista à CNN Portugal, o presidente do PSD rejeitou que o partido possa fazer acordos de Governo ou ter o apoio de “políticas ou políticos racistas ou xenófobos, oportunistas ou populistas”.

“Estas palavras do PSD, sendo ou não para o CHEGA, há hoje uma clara combinação entre o Presidente da República e o PSD”, afirmou Ventura, admitindo que Marcelo Rebelo de Sousa “pode não querer o Chega no Governo, o PSD também pode não querer o CHEGA no Governo, mas a vida é o que é”. “E não somos nós que decidimos o que acontece”, comentou.

O líder do CHEGA criticou Montenegro por não esclarecer se se referia ao Chega na entrevista, afirmando que “é a direita mais maricas dos últimos anos”. Disse, contudo, que Montenegro “sempre que fala, fala do CHEGA”.

“Nós não estamos a lutar para ser membros do Governo, não estamos a lutar para ser o segundo partido da coligação, nós estamos, nós vamos, nós querermos lutar para ser o partido que vai liderar a coligação de direita em Portugal de oposição ao PS”, declarou.

Sobre o PS, André Ventura afirmou que está “a conseguir agregar todos os outros contra um único partido de oposição no parlamento, que é o CHEGA” e acusou os socialistas de tentarem “desvalorizar o parlamento, os grandes debates, os grandes momentos” e “torná-los em debates menores ou pouco significativos”.

“Desvalorizar o parlamento e a democracia tornou-se para o PS uma pedra fundamental da sua ação, porque ao desvalorizar o parlamento desvaloriza a oposição, ao desvalorizar a oposição desvaloriza o sentimento que hoje a maioria dos portugueses tem de que este governo já não serve e já não funciona para aquilo que os portugueses verdadeiramente precisam”, defendeu.

Últimas de Política Nacional

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vetou hoje os decretos da lei da nacionalidade, na sequência das inconstitucionalidades decretadas pelo Tribunal Constitucional, devolvendo-os à Assembleia da República.
O candidato presidencial Luís Marques Mendes divulgou hoje uma lista com os 22 clientes da sua empresa, na qual se encontram prestações de serviços em consultoria, comentários e participações em conferências, e que inclui a construtora de Famalicão Alberto Couto Alves.
A Autoridade Tributária classificou como “antiga” uma moradia reconstruída em 2024 pertencente ao ministro da Presidência, António Leitão Amaro, permitindo-lhe pagar menos de metade do IMI devido.
Luís Marques Mendes encerrou a sua empresa familiar e mantém silêncio sobre clientes, contactos e serviços que lhe renderam centenas de milhares de euros.
Foi distinguido oficialmente pelo Estado, elogiado em Diário da República pela ex-ministra da Justiça e apresentado como um quadro exemplar da governação. Meses depois, Paulo Abreu dos Santos está em prisão preventiva, suspeito de centenas de crimes de pornografia de menores e de abusos sexuais contra crianças.
O presidente da Assembleia da República decidiu hoje não remeter ao Ministério Público o caso da adulteração da assinatura da deputada socialista Eva Cruzeiro, considerando não atingir o patamar de crime, embora se trate de ato censurável.
André Ventura defende hoje em tribunal que os cartazes que visam os ciganos são uma mensagem política legítima cujas exceções ou retirada representaria um “precedente gravíssimo” e que os autores da ação pretendem um “julgamento político” da sua atividade.
O candidato presidencial André Ventura afirmou que Luís Marques Mendes está “condicionado”, considerando que as verbas recebidas pelos concorrentes a Belém como consultores não são uma questão menor.
A averiguação preventiva à Spinumviva, empresa da família do primeiro-ministro Luís Montenegro, foi arquivada na terça-feira, anunciou hoje a Procuradoria-Geral da República (PGR).
A Polícia Judiciária entrou esta terça-feira na Câmara de Mirandela e em empresas privadas para investigar alegadas ilegalidades em contratos urbanísticos. O processo envolve crimes de prevaricação e participação económica em negócio, com seis arguidos já constituídos.