Contratação de seguros de saúde aumenta 10% em 2022 para 3,4 milhões

© D.R.

A contratação de seguros de saúde privados nos últimos anos tem aumentado a um ritmo acelerado, tendo registado um crescimento de 10% para 3,4 milhões em 2022, segundo a Associação Portuguesa de Seguradores (APS).

Numa altura em que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem falta de médicos em algumas especialidades e o número de pessoas sem médico de família aumenta, fonte oficial da APS disse, em resposta à Lusa, que a contratação de seguros de saúde privados “tem evoluído a um ritmo acelerado, confirmando plenamente a longa e consistente tendência de crescimento deste tipo de seguros em Portugal”.

“Além deste alargamento da população segura, que teve uma expansão de quase 75% desde 2010, a evidência é que há também uma crescente utilização das suas coberturas”, indica ainda a associação.

Entre 2010 e 2019, exemplifica, a percentagem de pessoas seguras que recorreram aos contratos de seguro subiu de 53% para 61%.

“E se é um facto que a pandemia conteve temporariamente o acesso da população aos serviços de saúde privados, a realidade é que a partir de 2022 se deu exatamente o inverso, provocando um aumento muito significativo da frequência de utilização dos seguros de saúde, que se tem acentuado até agora”, explica a APS.

Sobre o impacto da inflação e como a redução do poder de compra tem afetado esta área, a associação respondeu que “não se consegue estabelecer uma correlação direta entre essas variáveis conjunturais e a contratação de seguros de saúde” que tem superado conjunturas de sentido muito diverso para as famílias.

A procura de seguros de saúde, segundo a associação, “continua muito ativa” quer de seguros individuais, contratados pelas famílias, quer de seguros de grupo, contratados, sobretudo, por empresas para os seus trabalhadores.

Quanto ao preço dos seguros de saúde “é publicamente reconhecido que ele tem vindo a aumentar, não só por força do nível conjuntural da inflação, mas também de pressões estruturais sobre os custos destes seguros, decorrentes de tendências demográficas, científicas e culturais”, disse ainda a APS.

Questionado sobre o volume de negócios dos hospitais privados, Óscar Gaspar indicou que a associação não tem informação, no contexto atual de inflação, que gera maiores custos também para as unidades de saúde, mas salientou que em 2023 “os dados continuam a apontar para taxas de crescimento bastante elevadas em termos de atividade a todos os níveis, quer de urgências, cirurgia, quer de consultas de especialidade”.

Tal como a Lusa noticiou na quinta-feira, o número de utentes sem médico de família aumentou 29% num ano, ascendendo agora a quase 1,7 milhões, devido a aposentações e à falta de capacidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para atrair especialistas.

Segundo o portal da transparência do SNS, em abril de 2022 um total de 1.299.016 milhões utentes não tinham médico de família atribuído, número que aumentou para 1.678.226 um ano depois.

Perante isso, o número de utentes acompanhados por esses especialistas de medicina geral e familiar baixou de cerca de 9,1 milhões para pouco mais de 8,8 milhões no mesmo período, indicam os dados oficiais.

No sábado vão decorrer marchas em Lisboa, Porto e Coimbra contra a “degradação do SNS”, convocadas por vários sindicatos e com a participação de movimentos de utentes, uma iniciativa para reivindicar um “investimento sério” neste serviço público.

A APHP representa os cinco maiores grupos de saúde privados em Portugal, isto é, a CUF, Luz, Lusíadas, Trofa e Hospitais Particulares do Algarve, e outros de dimensão menor.

Últimas de Economia

O ‘stock’ de empréstimos para habitação acelerou em outubro pelo 22.º mês consecutivo, com um aumento homólogo de 9,4% para 109.100 milhões de euros, divulgou hoje o Banco de Portugal (BdP).
A proposta de lei de Orçamento do Estado para 2026 foi hoje aprovada em votação final global com votos a favor dos dois partidos que apoiam o Governo, PSD e CDS-PP, e com a abstenção do PS. Os restantes partidos (CHEGA, IL, Livre, PCP, BE, PAN e JPP) votaram contra.
O corte das pensões por via do fator de sustentabilidade, aplicado a algumas reformas antecipadas, deverá ser de 17,63% em 2026, aumentando face aos 16,9% deste ano, segundo cálculos da Lusa com base em dados do INE.
O indicador de confiança dos consumidores diminuiu em novembro, após dois meses de subidas, enquanto o indicador de clima económico aumentou, divulgou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Os gastos do Estado com pensões atingem atualmente 13% do PIB em Portugal, a par de países como a Áustria (14,8%), França (13,8%) e Finlândia (13,7%), indica um relatório da OCDE hoje divulgado.
Os prejuízos das empresas não financeiras do setor empresarial do Estado agravaram-se em 546 milhões de euros em 2024, atingindo 1.312 milhões de euros, com a maioria a apresentar resultados negativos, segundo um relatório do Conselho das Finanças Públicas (CFP).
Os preços dos hotéis na região de Lisboa aumentaram 26,7% na Web Summit, face à semana anterior, para uma média de 151 euros, segundo um estudo da NOVA Information Management School, com dados da Host Intelligence, divulgado hoje.
A Comissão Europeia desembolsou hoje 1,06 mil milhões de euros em subvenções a Portugal, na sequência do seu sétimo pedido de pagamento ao abrigo do Mecanismo de Recuperação e Resiliência.
Os concursos de empreitadas de obras públicas promovidos até outubro aumentaram 56% em número e 31% em valor, em termos homólogos, respetivamente para 6.620 e 9.164 milhões de euros, anunciou hoje a associação setorial AICCOPN.
A Comissão Europeia alertou hoje para “novos desafios” relacionados com a crise habitacional que aumentam os riscos de pobreza e de desigualdade social em Portugal, dado haver mais pessoas com encargos excessivos de habitação.