Costa assina ‘Declaração de Santiago’ de compromisso com a democracia

O primeiro-ministro, António Costa, assinou hoje a 'Declaração de Santiago', documento promovido pelo presidente chileno, Gabriel Boric, e que pretende ser um compromisso político internacional em defesa dos direitos humanos e dos regimes democráticos no mundo.

©Facebook/antoniolscosta

O primeiro-ministro, António Costa, assinou hoje a ‘Declaração de Santiago’, documento promovido pelo presidente chileno, Gabriel Boric, e que pretende ser um compromisso político internacional em defesa dos direitos humanos e dos regimes democráticos no mundo.

Este documento foi assinado pelo líder do executivo português durante as cerimónias dos 50 anos do golpe de Estado do Chile, que decorreram na Praça da Constituição, junto ao Palácio de La Moneda, sede do Governo chileno.

Além de Portugal, a ‘Declaração de Santiago’ foi assinada pela Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, México e Uruguai, mas o Presidente chileno assegurou que será em breve assinado por “muito mais chefes de Estado ou de Governo”.

No documento ‘Compromisso: Pela Democracia, sempre’, os países comprometem-se a “fortalecer os espaços de colaboração entre Estados através de um multilateralismo maduro e respeitoso das diferenças, que estabeleça e persiga os objetivos comuns necessários para o desenvolvimento sustentável das nossas sociedades”.

As cerimónias dos 50 anos do golpe no Chile juntaram na Praça da Constituição, na capital chilena, António Costa, os presidentes do México, Andrés Manuel López Obrador, da Colômbia, Gustavo Petro, da Argentina, Alberto Fernández, do Uruguai, Luis Lacalle Pou, da Bolívia, Luis Arce, e o anfitrião, Gabriel Boric.

O primeiro momento solene das cerimónias aconteceu às 11h51 (menos quatro do que em Portugal), quando se fez um minuto de silêncio para assinalar a hora em que as forças militares comandadas pelo general Augusto Pinochet iniciaram o bombardeamento ao Palácio de La Moneda no dia 11 de setembro de 1973.

Antes, passaram pelo palco grupos musicais, foram lidos poemas e escutaram-se depoimentos de algumas das vítimas (ou familiares de vítimas) do regime ditatorial de Augusto Pinochet, que apenas terminou em 1988.

Logo após o minuto de silêncio, discursou a senadora socialista Isabel Allende, filha do histórico Presidente Salvador Allende, que se suicidou antes de as tropas de Pinochet terem entrado no Palácio de La Moneda.

Isabel Allende comoveu-se em várias passagens do seu discurso, sobretudo quando recordou o seu último encontro com o pai, na manhã do golpe de estado.

“Temos de ter memória. Queremos justiça, reparação das vítimas e uma garantia de que o 11 de setembro de 1973 não volta a acontecer”, declarou, num discurso em que definiu o seu pai como um democrata, um socialista.

Enquanto Presidente do Chile, segundo Isabel Allende, “promoveu o aumento dos salários e das pensões, nacionalizou empresas, iniciou uma reforma agrária e desenvolveu políticas que conduziram a uma rápida descida da pobreza e a uma diminuição da taxa de mortalidade infantil”.

O último discurso coube ao chefe de Estado chileno, Gabriel Boric, que se definiu como um “otimista inveterado”, o que imediatamente fez lembrar o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que caracterizou António Costa como um “otimista irritante”.

Com o “otimista irritante” António Costa a escutá-lo na primeira fila da plateia, Gabriel Boric declarou: “Sou um otimista inveterado sobre o futuro do Chile, da América Latina e do mundo”.

Depois, referiu-se de forma breve ao documento político que promoveu para que fosse assinado nesta cerimónia.

“A declaração de Santiago é um compromisso com a democracia. Pode parecer pouco, mas nos tempos que correm é muito importante”, sustentou, aqui numa alusão ao crescimento das correntes de direita em vários países da América do Sul.

Gabriel Boric, na sua intervenção, lembrou também a violência de outras ditaduras na América do Sul, como as da Argentina e Uruguai, estabeleceu limites à sua disponibilidade para aceitar a reconciliação e procurou deixar uma mensagem às mais jovens gerações chilenas, que já nasceram após o fim do regime de Pinochet.

“Lembrem-se dos sacrifícios dos vossos pais, mães ou avós em luta pela democracia. Lembrem-se do muito que tiveram de lutar os sindicalistas e as mulheres em defesa dos seus direitos. A democracia é uma construção contínua e nunca está garantida”, acrescentou.

Últimas de Política Nacional

A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, esteve esta sexta-feira no Parlamento para defender a proposta de Orçamento do Estado para 2026 na área da Saúde, mas acabou por enfrentar momentos tensos, sobretudo com o CHEGA a exigir responsabilidades políticas pelo caso trágico da morte de uma grávida no Hospital Amadora-Sintra.
O Governo vai cortar mais de 200 milhões em despesa com medicamentos e material de consumo clínico, segundo a nota explicativa do Orçamento do Estado para 2026, que prevê uma redução de 136 milhões nos bens e serviços.
O ministro da Presidência comprou à empresa do cunhado um imóvel em Lisboa pelo mesmo preço de 2018. O governante defende que “não houve qualquer preço de favor”.
'Outdoor' "Isto não é o Bangladesh" vandalizado apenas 24 horas após o decreto presidencial que marca as eleições para 18 de janeiro de 2026.
Nelson Cunha, candidato do CHEGA, venceu as eleições para a Câmara Municipal do Entroncamento a 12 de outubro de 2025, com 37,34% dos votos. Esta vitória representa uma mudança histórica no concelho, tradicionalmente dominado pelo PS e PSD, sendo a primeira vez que o CHEGA conquista a presidência da câmara. O seu lema de campanha, “Juntos pelo Entroncamento”, refletiu o apelo à união e à renovação no município. Na noite da vitória, recebeu o apoio e a visita do presidente do partido, André Ventura. Agora, Nelson Cunha compromete-se a focar-se em prioridades como a segurança, o desenvolvimento local e a
O PSD enfrenta uma nova tempestade política: Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional da Madeira e dirigente do PSD-Madeira, está sob investigação por alegado financiamento ilegal do partido.
O CHEGA conseguiu o apoio do PSD para alterar a Lei da Nacionalidade e permitir que quem engane o Estado ou cometa crimes graves perca o direito de ser português. “Não podemos continuar a premiar criminosos com o privilégio da nacionalidade”, afirmou Ventura, garantindo que “Portugal voltou a ter voz e coragem”.
André Ventura reforça a sua posição na corrida a Belém. Com 15,8% das intenções de voto, o líder do CHEGA ultrapassa Gouveia e Melo e aproxima-se do candidato apoiado pelo PSD, mostrando uma trajectória ascendente rumo a 2026.
O advogado António Garcia Pereira apresentou uma queixa ao procurador-geral da República pedindo a extinção do CHEGA por alegadas violações constitucionais e discurso racista, retomando denúncias anteriores, como a de Ana Gomes em 2021, que também acusava o partido de promover mensagens discriminatórias sem que o Ministério Público tenha até agora agido.
O CHEGA volta a ser alvo de insultos no Parlamento. A deputada socialista Eva Cruzeiro chamou “racistas” e “xenófobos” aos deputados do partido, gerando protestos e acusações de intolerância. André Ventura fala em perseguição política e diz que o partido “tem sido o mais insultado da Assembleia da República”.