No rescaldo da noite eleitoral das eleições regionais dos Açores podemos tirar várias e importantes conclusões. A principal é que a abstenção diminui ligeiramente, todos os partidos relevantes cresceram em número de votantes exceto o BE (Bloco de Esquerda) e o PAN (Pessoas Animais Natureza). O Partido CHEGA foi o partido que mais cresceu em votos, mais que duplicou os votantes das eleições de 2020.
A segunda conclusão que podemos tirar é que um sistema com Círculo de Compensação não favorece as coligações. Neste sistema eleitoral todos os votos contam e não são desperdiçados. A AD (coligação entre PPD/PSD, CDS/PP e PPM) obteve mais votos, no entanto obteve o mesmo número de mandatos que estes três partidos alcançaram nas regionais açorianas de 2020. Curiosamente o partido que mais cresceu foi o CHEGA, mais que duplicou os votos e o número de mandatos.
A terceira conclusão é a importância de um Círculo de Compensação. Se não existisse este círculo a coligação AD e o PS (Partido Socialista) elegeriam mais deputados. Nas anteriores regionais o CHEGA elegeu no círculo de São Miguel e no de compensação. Nestas eleições regionais o CHEGA elegeu dois deputados no Círculo de São Miguel e um no Círculo da Terceira. Os restantes foram eleitos pelo Círculo de Compensação, onde venceu, e para onde foram os votos no CHEGA não usados nos outros círculos. O que demonstra uma representação homogénea em toda a região autónoma bem como a importância deste círculo para a verdade eleitoral.
Neste momento não sabemos que direção a Região Autónoma dos Açores irá tomar, mas parece ser legítimo que o CHEGA faça parte da solução governativa. Se no governo regional poderemos ter elementos do CDS/PP (Partido Popular) ou mesmo do PPM (Partido Popular Monárquico) não faz sentido que não possam existir do CHEGA. Até porque estes pequenos partidos, se concorressem isolados, dificilmente teriam relevância parlamentar ou almejar fazer parte da solução governativa.
Mais preocupantes são as extrapolações que podemos retirar para as próximas eleições legislativas. Tudo indica que teremos uma situação eleitoral muito similar à dos Açores. Não sabemos se a AD ficará à frente do PS . Um sistema eleitoral sem círculo de compensação favorece as coligações, no entanto dificilmente existirá uma maioria absoluta. Todos sabemos, e desejamos, que ocorra uma maioria parlamentar de Direita em que o CHEGA terá um papel fundamental. Neste momento ignorar o CHEGA em qualquer solução governativa é um comportamento próprio da avestruz que esconde a cabeça na areia. Será legitimo ter no governo elementos do CDS/PP ou mesmo do PPM e não ter do CHEGA? Nuno Melo está mais preocupado com a manutenção do seu lugar europeu, as eleições europeias são as mais favoráveis ao CHEGA, do que em ir para o governo. Nas eleições europeias como só existe um único círculo não há votos desperdiçados e o CHEGA tem representação em todo território nacional. Quanto ao líder do PPM ninguém sabe o que lhe foi prometido para estar tão caladinho.
O comportamento dos líderes da AD na noite eleitoral açoriana foi ilustrativo das suas (ir)responsabilidades. Tentar um governo minoritário piscando o olho ao PS cheira a trapaça política e a troca de favores. O PS aprova um governo minoritário nos Açores em troca de algo no continente, ou até quem sabe o PPD/PSD (Partido Social Democrata) aprovará futuramente um governo minoritário do PS na República. O crescimento do CHEGA não pode, e não deve, empurrar o PPD/PSD para os braços do PS. Espero que os autores desta estratégia na noite eleitoral de 10 de março percebam o fracasso da sua estratégia e promovam alguém que defenda uma maioria de Direita governativa. Portugal precisa de se libertar do Socialismo que só nos leva à pobreza. Já somos o estado mais pobre da Europa Ocidental e não queremos, nem merecemos, ser o mais pobre de toda a Europa.