O avião, concebido para rivalizar diretamente com os modelos Boeing 737 e Airbus A320, é a grande aposta da China no setor da aviação civil, uma vez que se insere no segmento dos aviões de fuselagem estreita, que representa atualmente mais de metade dos aviões comerciais em atividade no mundo.
Depois da primeira exibição no estrangeiro, em Singapura, este mês, o C919 iniciou hoje a digressão, partindo do aeroporto de Van Don, no nordeste do Vietname. O modelo vai percorrer outros destinos nas próximas duas semanas para “lançar as bases para o desenvolvimento do seu mercado no Sudeste Asiático”.
O C919 também vai ser acompanhado pelo primeiro avião regional desenvolvido pela China, o ARJ21, que garantiu o primeiro comprador internacional, a TransNusa, companhia aérea da Indonésia, no final de 2022, depois de vender mais de cem unidades a companhias aéreas chinesas.
O C919, que levou mais de 14 anos a ser desenvolvido, fez o primeiro voo comercial em maio de 2023, operado pela companhia estatal China Eastern, à qual foram entregues as primeiras quatro unidades, tendo já transportado mais de 130.000 passageiros nas rotas que ligam Xangai (leste) a Chengdu (centro) e Pequim.
A aeronave pode transportar entre 158 e 192 pessoas e tem um alcance entre 4.075 e 5.555 quilómetros, e as autoridades do país pretendem alcançar uma quota de 10% do mercado doméstico de aviação comercial até 2025, tendo já recebido mais de mil encomendas, principalmente de companhias aéreas chinesas.
A Administração da Aviação Civil da China (CAAC) disse no início deste ano que vai promover o reconhecimento internacional do C919, com o objetivo de obter certificações de organismos como a Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA).
No ano passado, a Comac afirmou que o seu objetivo é atingir uma produção anual de cerca de 150 destes aviões nos próximos cinco anos.
Embora utilize componentes ocidentais, o C919 representa o esforço da China para reduzir a dependência dos fabricantes europeus e norte-americanos em termos de tecnologia aeronáutica. O objetivo a longo prazo é desenvolver uma cadeia de abastecimento totalmente autóctone.
A Comac prevê que o número de aviões civis de passageiros duplique a nível mundial nas próximas duas décadas para mais de 51.000, com a procura na região Ásia Pacífico a aumentar de cerca de 3.300 unidades para cerca de 9.700 nesse período, algo que a empresa vê como uma oportunidade para se tornar uma “nova opção fiável” no mercado.