Professores primários estão mais velhos, têm demasiado trabalho e alunos a mais

Os professores do 1.º ciclo estão mais velhos e trabalham demasiadas horas, segundo um estudo da Fenprof, que revela que muitos dão aulas em edifícios degradados, com falta de equipamentos e turmas demasiado grandes.

©D.R.

Entre o final de 2023 e o início deste ano, a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) realizou um questionário sobre condições de trabalho no 1.º ciclo ao qual responderam milhares de professores, uma amostragem “representativa da realidade das escolas e dos docentes”, disse a sindicalista Catarina Oliveira.

Apenas 5% dos professores que hoje dão aulas têm menos de 40 anos, revelou Catarina Oliveira, que também é docente do 1.º ciclo e, apesar de ter quase 48 anos, é “considerada uma jovem pelos colegas”.

Quase metade dos professores (48,5%) tem mais de 51 anos e a grande maioria dá aulas há mais de duas décadas.

A sindicalista salientou que a experiência poderia ser uma vantagem, mas “o desgaste de anos de serviço, aliado à crescente sobrecarga de tarefas que nada têm a ver com o ensino, acaba por suplantar essa vantagem quando se fala de trabalhar com crianças e das necessárias agilidade e capacidades física e mental”.

Quase todos os professores são titulares de turma (79,2%), tendo um horário que ultrapassa largamente as horas previstas por lei, disse por seu turno José Feliciano Costa, secretário-geral adjunto da Fenprof, em conferência de imprensa hoje em Lisboa.

Uma em cada quatro turmas (24,1%) ultrapassa o número de alunos previstos na lei e, nas turmas com alunos que precisam de medidas seletivas ou adicionais, a situação é ainda mais preocupante.

Segundo o inquérito, 46% destas turmas têm mais de 20 alunos e num terço destas turmas existem mais crianças apoiadas do que o previsto por lei (o limite é dois). Para Catarina Oliveira, há uma “dupla irregularidade promovida por sucessivos” governos.

Também existem problemas nas turmas com alunos estrangeiros. A lei prevê a presença de um professor de Português Língua Não Materna quando a escola tem mais de dez alunos imigrantes, mas muitas têm menos pelo que não são abrangidas pela medida.

Segundo Catarina Oliveira, “77,5% das escolas tem de conseguir proporcionar o serviço educativo a estas crianças sem o apoio de qualquer docente focado na aprendizagem do português enquanto língua não materna”, o que acaba quase sempre por sobrecarregar os professores do 1.º ciclo.

A maioria dos professores (59%) considera que as turmas são muito grandes e que fica em causa o direito ao apoio individualizado, à interação personalizada, mas também “à disciplina dentro da sala de aula e à produtividade do trabalho”.

O inquérito revelou ainda que mais de 40% dos professores são “obrigados ou pressionados a fazer a vigilância dos intervalos”, perdendo o direito a uma pausa consagrada na lei.

Também as reuniões acontecem roubando tempo da vida pessoal, segundo a opinião de 44,1% dos inquiridos.

Um em cada sete professores atribui a sobrecarga de trabalho à burocracia, que representa quatro ou mais horas de trabalho semanal para 60% dos docentes.

“Esta sobrecarga afeta, acima de tudo, a vida pessoal e familiar (89,1%), a saúde mental (76,2%), a planificação de atividades (70,7%) e a produção de recursos (70,1%)”.

Apenas 13,3% dos professores com mais de 60 anos usa as reduções de horário a que tem direito, disse Catarina Oliveira, explicando que os docentes não pedem a redução do tempo de trabalho direto com alunos porque muitas vezes são-lhes atribuídas tarefas igualmente desgastantes.

Catarina Oliveira contou a história de duas professoras de uma mesma escola que pediram a redução de cinco horas semanais e foi-lhes atribuída, em alternativa, a turma da colega, “ou seja, havia um dia em que tocavam de turma e iam dar aulas para a sala do lado”.

Quase metade dos edifícios (40,6%) necessita de obras e 70% não tem equipamentos suficientes. As maiores falhas são ao nível da rede de internet, dos computadores e dos espaços desportivos.

Últimas do País

Um jovem de 19 anos foi alvejado no peito por um disparo vindo de um carro em andamento, em plena via pública, em Carnaxide. A vítima está em estado grave e a Polícia Judiciária já assumiu a investigação.
O homem que foi esta quarta-feira encontrado morto nas imediações da Divisão de Investigação Criminal (DIC) da PSP de Lisboa tinha dado entrada e abandonado, em novembro, a urgência do Hospital de S. Francisco Xavier, adiantou à Lusa fonte hospitalar.
Hospitais sem equipas, comboios imobilizados, metro fechado, autocarros nas garagens e lixo por recolher em várias cidades. A greve geral convocada pela CGTP e UGT (a primeira desde 2013) está a provocar um bloqueio nacional sem precedentes.
Associações da hotelaria e da restauração, em linha com a confederação do turismo, consideram a greve geral prematura e despropositada quando a negociação laboral está em curso e antecipam que o impacto no setor será por via indireta.
A aplicação de telemóveis SNS 24 permite a partir de hoje a triagem de sintomas respiratórios, anunciou o secretário de Estado da Gestão da Saúde, manifestando-se convicto de que os constrangimentos da Linha SNS 24 estão ultrapassados.
As provas nacionais deste ano letivo começam no final de maio com os alunos do 4.º ano a demonstrarem os seus conhecimentos em Educação Artística e terminam em julho com os exames do ensino secundário.
A GNR e a Guardia Civil espanhola detiveram 15 pessoas e apreenderam 1.509 quilos de haxixe e 36 embarcações numa operação conjunta de combate ao tráfico de droga por via marítima na Península Ibérica, foi hoje anunciado.
A PSP está a realizar hoje buscas na sede do Sindicato dos Enfermeiros (SE), no Porto, no âmbito de um inquérito que investiga o alegado desvio de dinheiro da instituição pelo anterior presidente, indicou fonte judicial à agência Lusa.
As reclamações sobre os serviços digitais subiram 170% no terceiro trimestre do ano, sendo a plataforma mais reclamada o Facebook, da Meta, avançou hoje a Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom).
Os doentes classificados como urgentes no hospital Amadora-Sintra enfrentam, na manhã desta quarta-feira, tempos de espera superiores a 14 horas para a primeira observação, segundo dados do portal do SNS.