Candidato presidencial acusa Governo venezuelano de querer controlar oposição

O candidato presidencial venezuelano Enrique Márquez acusou, na sexta-feira, o Presidente do país, Nicolás Maduro, de querer controlar a oposição e de usar o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para promover a abstenção.

© D.R.

 

“Na democracia que queremos construir, não há que dizer sim a tudo o que o Governo quer. O Governo quer ter uma hegemonia até no que a oposição faz”, disse.

Márquez, que entre 2021 e 2023 foi vice-presidente do CNE, falava durante uma conferência de imprensa em Caracas, sobre a assinatura, na quinta-feira, por oito dos dez candidatos às presidenciais de 28 de julho, de um acordo que os obriga a reconhecer os resultados das eleições que venham a ser anunciados por aquele organismo.

“Somos opositores do Governo, propensos ao diálogo e ao entendimento, mas temos as nossas próprias posições políticas muito claras perante o que acontece hoje na Venezuela. O Governo faz esforços para afastar a oposição da rota eleitoral e isso já temos vindo a advertir, falando das ameaças sobre o processo eleitoral”, disse.

Márquez frisou ainda que todos os dias a oposição se esforça para que o povo entenda que “só a abstenção garante a continuidade da tragédia que significa o Governo de Nicolás Maduro”. E insistiu: “Não importa o que inventem, não nos vão afastar da rota eleitoral”.

“Hoje Maduro tem uma oportunidade de ouro, a de privilegiar os interesses do povo sobre os interesses pessoais e políticos. Nós pedimos que aproveite essa oportunidade, que ajude a construir a democracia, reconhecendo que o seu ciclo já terminou, que o seu tempo é passado, que é jornal de ontem”, disse.

O opositor insistiu que “o povo já decidiu” quem será o próximo Presidente da Venezuela, e que, nas ruas, nas manifestações populares e nas sondagens “não há dúvidas disso”.

“O acordo impulsionado pelo CNE foi um papel escrito em Miraflores (palácio presidencial). É unilateral, sem consulta, inútil, redundante, absolutamente incompleto e desconhecedor da realidade”, disse.

Segundo Enrique Márquez, a oposição está disponível para assinar um acordo sempre que tenha sido consultada e não que a chamem apenas para assinar.

“É como passar um cheque em branco (…) quando a democracia é um debate e se o acordo fosse o resultado de um debate entre todos os candidatos, talvez tivesse assinado, mas assim não”, disse, sublinhando que “era uma ordem” que a oposição não tem que acatar”.

Explicou ainda que “o acordo não é legal” e que não está escrito na Constituição nem nas leis que o CNE pode obrigar um candidato a assinar um documento para comprometer-se.

“Fui deputado durante três períodos e defendi a Constituição. Fui reitor do CNE durante dois anos e defendi a Constituição dos embates que muitos queriam dar desde o Governo [de Maduro]. Este acordo não faz falta para garantir a paz”, disse.

O acordo não foi assinado pelo principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, substituto da Maria Corina Machado, do partido Vente Venezuela, nem por Enrique Márquez, que entre 2021 e 2023 foi vice-presidente do CNE.

Neste tratado, os signatários reconhecem o organismo eleitoral como a única autoridade legítima e competente para a vigilância das eleições.

Comprometem-se ainda a participar nas eleições com uma atitude de respeito, paz e democracia, para que durante o processo não haja intervenção nem desconhecimento da vontade do povo, com atos de violência e desestabilização.

O documento solicita ainda aos governos estrangeiros que respeitem a autodeterminação e a soberania da Venezuela.

 Assinaram o acordo o Presidente da Venezuela e candidato à reeleição, Nicolás Maduro, e ainda Luis Eduardo Martínez, Daniel Ceballos, Benjamín Rausseo, José Brito, Antonio Ecarri, Javier Bertucci e Claudio Fermín.

Últimas de Política Internacional

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, prometeu hoje "uma resposta forte" aos rebeldes iemenitas Hutis, que lançam regularmente mísseis e 'drones' contra Israel desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023.
As autoridades turcas detiveram hoje 234 pessoas suspeitas de pertencerem a redes de crime organizado, numa grande operação policial de âmbito internacional, foi hoje anunciado.
A União Europeia (UE) quer reforçar o controlo e a responsabilização do comércio internacional de armas, após os 27 terem aprovado hoje uma revisão do quadro sobre esta matéria, motivada pela entrega de armas à Ucrânia.
A Alta-Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiro defendeu hoje que é preciso a Rússia seja pressionada para aceitar as condições do cessar-fogo, recordando que a Ucrânia está a aguardar há um mês pela decisão de Moscovo.
O presidente em exercício do Equador, o milionário Daniel Noboa, foi declarado vencedor da segunda volta das eleições de domingo pela autoridade eleitoral do país, derrotando a rival de esquerda, Luisa González.
O Governo moçambicano admitiu hoje pagar três milhões de dólares (2,6 milhões de euros) à euroAtlantic, pela rescisão do contrato com a estatal Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), mas abaixo da indemnização exigida pela companhia portuguesa.
O presidente da Ucrânia pediu uma "resposta forte do mundo" ao ataque com mísseis balísticos na manhã de hoje contra a cidade de Soumy, no nordeste da Ucrânia, que terá causado mais de 20 mortos.
O líder venezuelano Nicolas Maduro vai visitar Moscovo no próximo mês para participar nas comemorações do Dia da Vitória sobre a Alemanha nazi, que se celebra tradicionalmente a 9 de maio, confirmou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros russo.
Os países que apoiam a Ucrânia na defesa do território ocupado por tropas russas comprometeram-se hoje com mais 21.000 milhões de euros para apoiar o país, durante uma reunião do Grupo de Contacto.
As autoridades italianas transferiram hoje o primeiro grupo de imigrantes em situação irregular para os polémicos centros de deportação na Albânia, transformados em estruturas de repatriamento de requerentes de asilo já com ordem de expulsão de Itália.