Convenção republicana marcada por atentado contra Trump

O atentado contra o ex-presidente Donald Trump nas vésperas da Convenção Nacional Republicana, que tem início previsto para segunda-feira em Milwaukee, no Wisconsin, deverá marcar o evento que irá oficializar a sua candidatura às eleições de novembro.

© D.R.

 

Os republicanos, que se apresentam confiantes e em sintonia, num contraste evidente com os rivais democratas, internamente divididos no apoio à recandidatura do Presidente Joe Biden, foram surpreendidos no sábado por disparos efetuados durante um comício na Pensilvânia, que deixaram Trump ferido numa orelha.

Duas pessoas morreram, incluindo o alegado atirador, que foi identificado pelo FBI como um homem de 20 anos, natural da Pensilvânia. O acontecimento provocou reações de repúdio e condenação da violência por parte de vários países e da União Europeia.

Depois de grantida a segurança no evento, Trump ergueu o punho numa atitude de desafio, debaixo de aplausos dos apoiantes, naquele que foi o último comício antes da convenção republicana, onde será oficialmente nomeado candidato do Partido Republicano contra o Presidente democrata, Joe Biden, nas eleições de novembro.

A Convenção Republicana, que decorrerá de segunda a quinta-feira, terá como ponto alto a oficialização da candidatura de Donald Trump à Casa Branca, sendo também esperado o anúncio do candidato do partido a vice-presidente. O magnata republicano garantiu a maioria dos delegados durante as primárias no início deste ano, pelo que a sua nomeação em Milwaukee está garantida e é considerada uma formalidade.

Eis alguns pontos essenciais sobre o que esperar da Convenção Nacional Republicana:

 Funcionamento da Convenção 

A Convenção, que acontece de quatro em quatro anos, receberá “mais de 50.000 convidados, incluindo os delegados que nomearão o próximo Presidente e vice-presidente dos Estados Unidos”, segundo a organização.

Na prática, os delegados angariados ao longo das eleições primárias republicanas em todos os estados e territórios norte-americanos devem aprovar e designar formalmente o duo que disputará o sufrágio, agendado para 05 de novembro.

O encontro político contará ainda com discursos de nomes sonantes do Partido Republicano e de figuras em ascensão, além de destacar a posição do partido em tópicos como aborto, imigração e economia.

A principal rival de Trump durante as eleições primárias, Nikki Haley, não pisará o palco. Em vez disso, os delegados ouvirão, entre outros, o governador da Florida, Ron DeSantis, que desistiu da sua campanha presidencial após as primárias de Iowa e apoiou imediatamente Donald Trump.

+++ Nomeação de Trump e do seu vice-presidente +++

O ex-presidente Donald Trump será oficialmente nomeado candidato presidencial republicano nesta Convenção de quatro dias, apesar de se tratar de uma formalidade, uma vez que garantiu a maioria dos delegados durante as primárias.

Nesse sentido, espera-se que Trump aceite a nomeação com um discurso em 18 de julho, a noite final da convenção.

Apesar da certeza da nomeação de Trump, ainda não se sabe quem será o “número dois” do ex-presidente, mas uma lista de possíveis candidatos engloba o senador da Florida Marco Rubio, o também senador JD Vance, do Ohio, e o governador de Dakota do Norte, Doug Burgum.

É esperado que Trump anuncie na segunda-feira o seu companheiro de corrida eleitoral, que, por sua vez, deverá discursar na convenção em 17 de julho.

As mensagens da Convenção 

As convenções servem, principalmente, para animar eleitores e principais apoiantes de cada partido. Contudo, acabam por atrair grandes audiências televisivas e virtuais que incluem um eleitorado mais amplo.

Tendo essa abrangência em conta, a campanha de Trump delineou mensagens diárias voltadas para vários tipos de público, com temas ligados ao lema de campanha do magnata “Make America Great Again” (“Tornar a América Grande Novamente”, na tradução para português).

O tema do primeiro dia de Convenção será economia: “Tornar a América rica novamente” e, na terça-feira, o mote será o crime e a imigração, com o painel “Tornar a América Segura Novamente”.

Quarta-feira é o dia da segurança nacional, com o “Tornar a América Forte Novamente”, e na quinta-feira, último dia de Convenção, o foco irá todo para o próprio Trump, com o programa “Make America Great Once Again”.

Momento de contraste entre os Partidos Republicano e Democrata 

A aparente sintonia no Partido Republicano contrasta com a do Partido Democrata, que por sua vez realizará a sua Convenção Nacional em Chicago, de 19 a 22 de agosto.

O ponto de discórdia centra-se na crescente resistência à campanha de reeleição do Presidente em exercício, Joe Biden,

As preocupações em torno da idade de Biden (81 anos) e das suas condições físicas e cognitivas não são um tema recente, mas ganharam maior dimensão após um amplamente criticado desempenho no debate com Donald Trump, no final de junho.

Até ao momento, cerca de duas dezenas de democratas do Congresso norte-americano já pediram a Biden que se retire da disputa eleitoral.

Joe Biden advogou que o seu desempenho no debate com Trump não passou de uma “má noite”, para a qual contribuíram vários fatores, como uma gripe e cansaço, e procurou afastar a pressão concedendo uma entrevista à televisão ABC e com uma longa conferência de imprensa na quinta-feira.

Mas várias ‘gaffes’, incluindo ter apresentado o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, como “Presidente Putin” em plena cimeira da NATO, têm mantido dúvidas sobre a sua capacidade para mais quatro anos de mandato.

Esses momentos de Biden deverão ser usados durante a Convenção Republicana para intensificar as críticas ao chefe de Estado.

Em oposição, o Comité Nacional Democrata realizará eventos em Milwaukee, prometendo conferências de imprensa diárias e contraprogramação à Convenção Republicana, numa tentativa de alcançar eleitores numa cidade dominada pelos democratas.

Os democratas estão ainda a colocar anúncios em mais de 50 autocarros de Milwaukee que passarão pela Convenção Republicana, num esforço para criticar as políticas do partido e de Trump e enaltecer as conquistas de Joe Biden.

Os anúncios focam-se no direito ao aborto, na redução do custo de medicamentos prescritos conseguida por Biden e na recente condenação criminal de Trump.

Últimas de Política Internacional

O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, vai na quinta-feira ser ouvido numa comissão de inquérito parlamentar sobre suspeitas de corrupção no governo e no partido socialista (PSOE), num momento raro na democracia espanhola.
A Venezuela tem 1.074 pessoas detidas por motivos políticos, segundo dados divulgados na quinta-feira pela organização não-governamental (ONG) Encontro Justiça e Perdão (EJP).
Na quarta-feira, o primeiro governo liderado por uma mulher em Itália cumpre três anos de mandato (iniciado a 22 de outubro de 2022).
A Polónia aprovou uma nova lei que isenta do pagamento de imposto sobre o rendimento todas as famílias com pelo menos dois filhos e rendimentos anuais até 140 mil zlótis (cerca de 33 mil euros).
O Parlamento Europeu (PE) adotou hoje legislação que facilita a retirada do direito de viajar sem visto para a União Europeia (UE) a partir de países que apresentem riscos de segurança ou violem os direitos humanos.
A Comissão Europeia disse hoje apoiar o plano do Presidente norte-americano, Donald Trump, para acabar com o conflito em Gaza, quando se assinalam dois anos da guerra e negociações indiretas estão previstas no Egito entre Israel e o Hamas.
O primeiro-ministro francês, Sébastien Lecornu, apresentou hoje a sua demissão ao Presidente, Emmanuel Macron, que a aceitou, anunciou o Palácio do Eliseu num comunicado, mergulhando a França num novo impasse político.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, vai encontrar-se com o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, ao início da tarde, em Copenhaga, na Dinamarca, para uma reunião bilateral.
A presidente da Comissão Europeia saudou hoje o plano do Presidente norte-americano, Donald Trump, para terminar com a guerra em Gaza e que já tem aval israelita, indicando que a União Europeia (UE) “está pronta para contribuir”.
O partido pró-europeu PAS, da Presidente Maia Sandu, venceu as eleições legislativas na Moldova com mais de 50% dos votos, e deverá manter a maioria absoluta no Parlamento, segundo resultados oficiais após a contagem de 99,52% dos votos.