“Senhor Nicolás Maduro, o senhor é responsável por tanta pobreza e dor. O senhor e o seu governo têm de se afastar e dar agora o passo para iniciar uma transição pacífica” disse na segunda-feira o líder da oposição Edmundo González, numa mensagem em vídeo divulgada nas redes sociais.
O substituto de María Corina Machado começou a mensagem a explicar que os venezuelanos continuam firmes na exigência de que seja reconhecida a decisão de mudança de paz expressa nas eleições presidenciais de 28 de julho.
“Respeite o que todos os venezuelanos decidiram (…) o povo está cansado de tanto abuso e corrupção. Cada dia que entorpece a transição democrática, os venezuelanos sofrem com um país em crise e sem liberdade”, continuou.
Edmundo González Urrutia disse ainda que, ao manter-se no poder, Maduro agrava o sofrimento do povo. O país exige que sejam feitos os esforços necessários para garantir que a soberania popular seja respeitada, referiu.
“É por isso que estou aberto ao diálogo político para iniciar a transformação democrática definitiva da nossa nação. Aqui estou, sempre ao lado do meu povo, e pronto a defender a vontade expressa pela maioria no domingo, 28 de julho, que pediu mudança, paz, liberdade, reconstrução e reencontro. Viva a Venezuela livre, ‘glória ao bravo povo’, conclui, utilizando parte do hino venezuelano.
A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.
A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um “ciberataque” de que alegadamente foi alvo.
Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo de mais de 2.200 detenções, 25 mortos e 192 feridos.
A ONG Foro Penal indicou que 172 mulheres, 117 adolescentes, entre os 15 e 17 anos, 14 indígenas e 16 pessoas com deficiências foram também detidos pelas autoridades.