Sociedade médica quer ver reabilitação na linha da frente dos cuidados

O presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação (SPMFR) considerou hoje que colocar esta especialidade na linha da frente dos cuidados de saúde é uma prioridade de saúde pública.

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Em entrevista à agência Lusa na véspera do Dia Mundial do AVC, que se assinala terça-feira, Renato Nunes disse que o papel e importância do médico fisiatra ainda são “altamente subvalorizados nos cuidados de saúde” e pediu ao Governo mais atenção para a área da reabilitação.

“Queremos trazer a área da reabilitação para a linha da frente dos cuidados de saúde. Não há cuidados de saúde e qualidade de vida sem reabilitação. Cada vez mais tem de fazer parte das prioridades dos planos de saúde levados a cabo pelo Governo”, disse.

O também diretor do Serviço de Medicina Física de Reabilitação do Hospital da Prelada (concelho do Porto) apontou que “em qualquer atividade de reabilitação, o médico fisiatra tem um papel fundamental na coordenação da equipa multiprofissional”.

“Em Portugal há confusão entre a reabilitação a as diferentes valências terapêuticas. Confunde-se reabilitação e fisioterapia, confunde-se o papel do médico fisiatra com o papel dos técnicos. Todos fazemos parte da equipa e não pode haver trabalho sem avaliação, diagnóstico e orientação do médico fisiatra”, referiu.

Sublinhando que a SPMFR não é a favor da promoção de terapias isoladas, Renato Nunes lamentou que “por parte da população ainda haja uma dificuldade na compreensão do que é o papel do médico fisiatra”.

“Temos de perceber que muito mais do que uma especialidade médica, estamos a falar de uma área da saúde com reconhecimento internacional que precisa de valorização. A medicina física e de reabilitação é uma prioridade de saúde pública”, frisou.

Em julho, a Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação entregou à tutela um plano para reorganizar a área, no qual referia que é desigual o acesso a estes cuidados no país.

À Lusa, Renato Nunes elencou as várias medidas previstas no Plano Nacional de Reabilitação, reforçando que além de “faltarem equipas, também falta uma boa transição de cuidados desde o hospital até aos centros especializados de reabilitação, rede de cuidados continuados ou comunidade [clínicas convencionadas]”.

“E a comunidade é muito carenciada em estruturas e em algumas valências como terapia da fala e neuropsicologia (…). Os centros de saúde são carenciados a este nível. As clínicas convencionadas são uma resposta, mas muitas vezes a resposta não é rápida, atempada nem diferenciada”, acrescentou.

Ao conjunto de profissões habitualmente relacionadas com esta área, Renato Nunes acrescentou a necessidade de psicólogos diferenciados em neuropsicologia e reabilitação cognitiva, nutricionistas, assistentes sociais e enfermeiros de reabilitação.

Lembrando que a Organização Mundial de Saúde tem feito um apelo grande para que os países invistam na reabilitação, Renato Nunes considerou que, ainda que não seja o único país da Europa que está com este desafio, Portugal tem ainda “um longo caminho a fazer”.

O AVC é considerado a doença aguda mais relevante no que toca a mortalidade e incapacidade ao longo da vida.

Em Portugal, a cada 23 minutos uma pessoa sofre um AVC. Cerca de 25% dos casos ocorrem antes dos 65 anos de idade e estima-se que anualmente 20 mil pessoas sobrevivam a um AVC.

“Pessoas que não se recuperam adequadamente podem ter consequências e implicações que vão ter mais peso e mais custos para a sociedade e para o sistema de saúde. Há necessidades que seriam evitáveis se o processo de reabilitação fosse mais adequado. A reabilitação diminui os custos gerais da saúde”, disse, lembrando, entre outros fatores o absentismo laboral.

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