Rússia vai votar projeto de lei que possibilita reconhecimento de talibãs

Um grupo de deputados russos apresentou hoje perante a Duma (a câmara baixa da Assembleia Federal) um projeto de lei que abre caminho ao reconhecimento do movimento talibã pela presidência da Rússia (Kremlin).

© X Duma Federal Russa

O projeto inclui um novo mecanismo para levantar a proibição das atividades de organizações consideradas terroristas, como os talibãs do Afeganistão.

Esta medida dependerá de uma decisão judicial que terá por base uma recomendação da Procuradoria-geral da República, desde que a organização renuncie a cometer, apoiar, promover ou justificar ações terroristas.

A lei apenas contemplará um levantamento provisório da referida proibição, já que a organização afetada poderá ser novamente incluída na lista negra em caso de reincidência.

“A lei aplicar-se-á a todos os grupos terroristas, sem exceção, em relação aos quais surja a necessidade de cessar o seu reconhecimento como organizações terroristas. Se tal questão surgir com os talibãs, então também incluirá os talibãs”, disse, um dos deputados autores do texto, Ernest Valeev.

Vários especialistas citados pela imprensa local acreditam que esta lei permitirá, em breve, o reconhecimento oficial do Governo provisório dos talibãs no Afeganistão.

Na sua conferência de imprensa telefónica diária, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, considerou hoje “muito importante” estabelecer contactos com as autoridades de Cabul.

Os planos de Moscovo para excluir os talibãs da lista de organizações terroristas já tinham sido mencionados esta semana pelo secretário do Conselho de Segurança russo, Sergei Shoigu, quando se reuniu com representantes do Governo afegão.

Em outubro passado, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, também se tinha reunido com o chefe da diplomacia do Governo provisório talibã, Amir Khan Muttaqi.

Na altura, Lavrov e Muttaqi manifestaram vontade de estabelecer “relações políticas de confiança” entre ambos os países, a fim de promover “um aumento da cooperação comercial” bilateral.

O Presidente russo, Vladimir Putin, sugeriu, em diversas ocasiões nos últimos anos, uma possível exclusão dos talibãs da lista de terroristas, mas no passado condicionou isso à aprovação da ONU.

A Rússia baniu os talibãs em 2003, embora tenha recebido os seus representantes em várias ocasiões antes de estes tomarem o poder em Cabul, em agosto de 2021.

Desde então, os talibãs deslocaram-se várias vezes a Moscovo para participar em conferências sobre a reforma do Afeganistão, enquanto o Kremlin os convidou a participar, este ano, tanto no Fórum Económico de São Petersburgo como na cimeira dos BRICS (países com as maiores economias emergentes do mundo).

Os talibãs não são reconhecidos como governo legítimo do Afeganistão pela maior parte dos países do mundo, sobretudo pela constante violação dos direitos humanos, nomeadamente em relação às mulheres e raparigas afegãs.

O porta-voz adjunto dos talibãs, Hamdullah Fitrat, garante que os direitos humanos são protegidos no Afeganistão e que ninguém enfrenta discriminação.

“Infelizmente, está a ser feita uma tentativa de espalhar propaganda contra o Afeganistão através da boca de várias mulheres (afegãs) fugitivas e de deturpar a situação”, afirmou o porta-voz, numa mensagem publicada esta semana na rede social X.

“É absurdo acusar o Emirado Islâmico do Afeganistão de violar os direitos humanos e a discriminação de género”, acrescentou o porta-voz adjunto dos talibãs, que assumiram novamente o poder em agosto de 2021.

Últimas de Política Internacional

O ministro da Defesa israelita, Israel Katz, advertiu hoje que Israel irá reagir com força a qualquer violação de um cessar-fogo no Líbano que venha a ser acordado.
Um grupo de deputados russos apresentou hoje perante a Duma (a câmara baixa da Assembleia Federal) um projeto de lei que abre caminho ao reconhecimento do movimento talibã pela presidência da Rússia (Kremlin).
O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, disse hoje que Israel não tem "nenhuma desculpa" para recusar o cessar-fogo no Líbano negociado pelos Estados Unidos e pela França.
Olaf Scholz foi escolhido por unanimidade como o candidato primeiro-ministro do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD) nas eleições legislativas antecipadas de 23 de fevereiro, anunciou hoje o partido.
A lusodescendente e senadora republicana de Rhode Island, Jessica de la Cruz, espera que o seu partido "não desperdice a oportunidade” gerada pela vitória de Donald Trump, admitindo à Lusa ansiar pela redução governamental prometida pelo Presidente eleito.
A Alemanha e a França sinalizaram hoje que tomaram nota dos mandados de detenção do Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o primeiro-ministro israelita e o seu ex-ministro da Defesa, mas sem indicarem se os aplicarão.
O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu hoje mandados de captura para o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, o ex-ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, e o chefe do braço militar do Hamas, Mohammed Deif.
A Comissão Europeia adotou hoje um conjunto de diretrizes para melhorar os direitos das pessoas com deficiências e para ajudar na promoção de um estilo de vida independente, com integração nas comunidades.
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros anunciou hoje que a embaixada de Portugal em Kiev encerrou “temporariamente e por alguns dias”, mas salientou que tal já aconteceu por várias vezes durante a guerra da Ucrânia.
A embaixada dos Estados Unidos em Kiev vai encerrar depois de ter sido alertada para um "possível ataque aéreo significativo" contra a Ucrânia, após Moscovo ter ameaçado responder ao uso de mísseis norte-americanos de longo alcance contra território russo.