Diretores defendem autonomia das escolas para decidir sobre utilização dos telemóveis

Representantes dos diretores escolares, do público e privado, defenderam hoje a preservação da autonomia das escolas para decidir sobre a utilização dos telemóveis, um tema que preocupa várias associações, mas sem consenso sobre a melhor resposta.

© D.R.

A posição dos dirigentes da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) e da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP) foi partilhada numa audição sobre o uso dos telemóveis na escola, por requerimento do CDS-PP.

Na audição conjunta na comissão parlamentar de Educação e Ciência foram ouvidas várias entidades que representam, além dos diretores escolares, pais, professores e especialistas, e, apesar de todos concordarem com a necessidade de discutir o impacto do uso do telemóvel no contexto escolar, as sugestões quanto à melhor resposta não foram consensuais.

“Na ausência de uma questão de saúde pública que nos obrigue à proibição, pedimos que deixem às escolas o que é das escolas”, defendeu o diretor executivo da AEEP, acrescentando que se estiver em causa uma questão de saúde pública “será uma questão nacional e o problema não é só da escola”.

Para o representante dos colégios privados, restrições legais ao uso das tecnologias em função da idade fazem sentido, por exemplo através da limitação do acesso a determinadas redes sociais, mas a autonomia das escolas deve ser preservada.

Também Filinto Limpa, da ANDAEP, sublinhou que o tema em discussão é uma preocupação para os diretores há vários anos e as escolas têm sido capazes de tomar as decisões mais adequadas ao seu contexto.

Saudando a opção do Ministério da Educação, Ciência e Inovação ao emitir uma recomendação às escolas em vez de decretar a proibição do uso do telemóvel, o presidente da ANDAEP defendeu que “o que está em causa é a dependência dos jovens dos ecrãs e esse assunto não se cinge só à escola”.

Por outro lado, Filinto Lima responsabilizou os pais, afirmando que muitos recorrem aos telemóveis para “controlar os filhos” enquanto estão na escola, um relato feito também pela Associação Nacional de Professores (ANP).

Segundo Paula Carqueja, muitos professores referem que as perturbações associadas ao uso do telemóvel em contexto escolar decorrem das tentativas de contacto dos próprios pais. “Nós tentamos sensibilizar as famílias e encontramos resistência”, afirmou.

Ao contrário dos representantes dos diretores, a ANP defende a proibição dos telemóveis até ao 6.º ano de escolaridade que não é partilhada, por exemplo, pela Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap).

“Privilegiamos sempre a sensibilização e a sensibilização terá de ser feita através das famílias e das escolas entre si. Deve dar-se essa função às direções das escolas”, argumentou Paulo Cardoso que, do ponto de vista da digitalização do ensino, considera que “a utilização dos telemóveis é um dos elementos da digitalização que não faz sentido” e defende, em alternativa, salas de aula dotadas de outros equipamentos digitais.

Pela associação Mirabilis, dedicada à capacitação das famílias para o tema do impacto dos ecrãs na saúde mental e desenvolvimento das crianças, Matilde Sobral alertou para consequências como a perda de competências sociais, o declínio dos resultados académicos e a inércia física e mental, e recomendou, por isso, a proibição do uso de telemóvel ao longo de toda a escolaridade obrigatória.

Já Inês Andrade, presidente da associação No Bully Portugal, recordou que algumas escolas já optaram por essa via, mas outras não consideram que seja necessário, partilhando a opinião de que devem ter autonomia para decidir, mas acrescenta que nesse processo os alunos também devem ser ouvidos.

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