MP pede condenação dos seis arguidos no acidente com cinco mortos em pedreira em Borba

O Ministério Público pediu hoje a condenação dos seis arguidos julgados por crimes de homicídio por omissão e violação de regras de segurança no caso da derrocada de uma estrada para pedreiras em Borba, que provocou cinco mortos.

© D.R

Na sessão que está hoje a decorrer no Tribunal de Évora, dedicada às alegações finais, a procuradora do Ministério Público (MP), Patrícia Azevedo, argumentou que só com a condenação de todos os arguidos será feita justiça.

A procuradora alegou que todos, incluindo as entidades fiscalizadoras e licenciadoras, conheciam o “perigo grave” de derrocada da Estrada Municipal 255 (EM255) e não somente de um hipotético deslizamento do talude da pedreira explorada pela sociedade ALA de Almeida Limitada.

Além disso, argumentou, os arguidos sabiam que a sociedade trabalhava “ao arrepio” da lei, ou seja, em “manifestas condições ilegais”, nomeadamente com um plano de pedreira desatualizado, já que datava de 1993, sendo que o elaborado em 2015 não estava aprovado.

Em relação ao presidente e o vice-presidente da Câmara de Borba, no distrito de Évora, António Anselmo e Joaquim Espanhol, respetivamente, a procuradora disse que revelaram incompetência e não acautelaram o interesse público.

Aludindo ao que considerou ter sido a prova produzida durante o julgamento, Patrícia Azevedo afirmou que os autarcas sabiam que a Estrada Municipal 255 (EM255) estava em risco de ruir, mas “empurraram [uma decisão] com a barriga”.

E, acrescentou, existiam alternativas que poderiam ter evitado o deslizamento do talude da pedreira e da derrocada da estrada, mas os autarcas não tomaram decisão.

A procuradora insistiu ainda que ficou provado que a câmara municipal conhecia o “perigo grave” da queda da estrada.

Neste processo judicial, António Anselmo está pronunciado por cinco crimes de homicídio por omissão, enquanto Joaquim Espanhol está a ser julgado por três crimes de homicídio por omissão.

Já os funcionários da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) Bernardino Piteira e José Pereira respondem por dois crimes de homicídio por omissão, enquanto a sociedade ALA de Almeida Limitada, cujo gerente já morreu, e o responsável técnico Paulo Alves estão pronunciados, cada um, por 10 crimes de violação de regras de segurança.

Segundo o MP, as entidades fiscalizadoras e licenciadoras “fecharam os olhos ao incumprimento reiterado” da pedreira, manifestando incúria, e os arguidos Bernardino Piteira e José Pereira, ao permitirem a exploração, não salvaguardaram a segurança e a vida das pessoas.

Referindo testemunhos de trabalhadores, durante as cerca de 20 sessões de julgamento, a procuradora argumentou ter ficado provado que não existia sinalização na pedreira e que os funcionários da empresa não tinham tido formação adequada e desconheciam procedimentos e regras de segurança.

Para a procuradora, tratava-se de “trabalhar como se os planos fossem ‘sacados’ da Internet”, tendo Paulo Alves e a sociedade exploradora da pedreira, que laborava em “flagrante violação” e com “plano que não se adequava às obrigações legais”, omitido o “dever de segurança de todos os trabalhadores”.

Na tarde de 19 de novembro de 2018, um troço de cerca de 100 metros da EM 255, entre Borba e Vila Viçosa, ruiu devido ao deslizamento de um grande volume de rochas, blocos de mármore e terra para o interior de duas pedreiras.

O acidente causou a morte de dois operários de uma empresa de extração de mármore na pedreira que estava ativa e de outros três homens, ocupantes de duas viaturas que seguiam no troço de estrada que colapsou e que caíram para o plano de água da pedreira sem atividade.

Últimas do País

O Tribunal Judicial de Leiria condenou esta quarta-feira 24 arguidos num processo relativo a dezenas de burlas através do MB Way, no qual estavam em causa crimes de burla informática, simples e agravada, e acesso ilegítimo, em autoria singular ou coautoria.
Os cuidadores informais em Portugal enfrentam níveis muito elevados de exigência, falta de apoio e sinais preocupantes de desgaste físico e emocional, conclui um estudo hoje apresentado no VII Encontro Nacional de Cuidadores Informais, no Entroncamento.
Um grupo de alegados guias turísticos tem intimidado turistas na estrada de Monserrate, em Sintra, para aceitarem transporte para os monumentos, enquanto as suas viaturas são assaltadas, alarmando visitantes e residentes, mas as autoridades investigam as denúncias.
As autarquias portuguesas voltaram a reforçar os cofres municipais com o Imposto Municipal sobre Imóveis. Só em 2024, o IMI rendeu mais de 1,5 mil milhões de euros — com Lisboa a liderar isolada, mesmo aplicando a taxa mínima.
Inibir os efeitos da progesterona pode ajudar a reduzir o risco de cancro da mama em mulheres com maior probabilidade de desenvolver a doença, indica um estudo científico que tem o português Bruno Simões como primeiro autor.
A quantidade de amêndoa produzida em Portugal deverá cair este ano, face à campanha do ano passado, devido ao mau tempo registado no período da floração e polinização das árvores, estimou hoje uma associação do setor.
As exportações de vinho subiram 1,7% em volume para 230 milhões de litros até agosto, mas em valor recuaram 1%, segundo dados do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV).
A Impresa confirmou hoje que estão em curso negociações com o grupo MFE, para venda de até 33% do capital, mas ainda não há acordo vinculativo, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Um assalto transformou a Avenida dos Aliados, no Porto, numa verdadeira cena de filme. Um homem de 31 anos fugia de populares após furtar uma loja quando, em pleno centro da cidade, ameaçou quem o perseguia com um extintor e chegou mesmo a atingir na cara um polícia.
Um jovem de 23 anos, procurado pelas autoridades europeias por homicídio qualificado, foi capturado pela PSP num posto de combustível da Amadora. Além de estar em situação ilegal em Portugal, o suspeito transportava 22 doses de haxixe e 565 euros em dinheiro.