Bastonário diz que há falta de médicos no SNS e defende plano de atração

O bastonário da Ordem dos Médicos (OM) respondia a questões levantadas na Comissão de Saúde, onde foi ouvido a pedido do CHEGA sobre "mortalidade fetal e infantil, quando afirmou que faltam especialistas no Serviço Nacional de Saúde e defendeu "um verdadeiro plano" para atrair médicos, especialmente de Medicina Geral e Familiar e de Ginecologia Obstetrícia.

© D.R.

“O acesso faz-se de várias formas e é por demais evidente que faltam médicos no Serviço Nacional de Saúde”, sublinhou, manifestando preocupação com a falta de um plano para atrair profissionais.

“Há planos para tudo, mas não há um verdadeiro plano de atração para o Serviço Nacional de Saúde. E eu estou extremamente preocupado com aquilo que tem acontecido nestes últimos tempos, em que os médicos não escolhem sequer uma vaga de especialidade, em que os médicos saem do SNS”, declarou.

Segundo o bastonário, não há menos médicos no SNS: “Temos mais, mas a medicina, como é feita hoje, é muito mais exigente e necessita de muito mais recursos, nomeadamente humanos, e aquilo que eu gostava de ver é uma verdadeira política de incentivo para a contratação de médicos, nomeadamente, e neste caso em concreto, da Medicina Geral e Familiar e da Ginecologia Obstetrícia”.

Presente na audição, o presidente Colégio de Ginecologia Obstetrícia, José Furtado, afirmou que o problema de acesso ao SNS “está comum aos centros de saúde e aos hospitais”, apontando como motivos a escassez de médicos e a “falta de organização dos serviços”.

“A acessibilidade faz-se com os serviços a funcionar, não se faz com os serviços fechados (…). Nem que estejam reduzidos na sua atividade”, desde que garanta a segurança dos profissionais e dos utentes.

“Se estiver encerrado, não há possibilidade de [o doente] ser visto. O acesso está vedado. Portanto, temos que pensar muito bem nessa situação dos encerramentos e o Colégio tem muita sensibilidade em relação a isso”, frisou.

Aludindo ao serviço SNS Grávida (808242424), o especialista disse que o objetivo é regularizar a acessibilidade.

“Se as pessoas olharem bem para o esquema do SNS 24 grávida, realmente percebem que enviar ou deslocar um doente para uma área mais adequada ao seu atendimento, percebe que não é vedar ao doente o acesso, mas é procurar encaminhá-lo para o sítio mais adequado”, sustentou.

Como diretor do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Guimarães, disse que “é triste” olhar para a estatística diária da ida dos doentes ao serviço de urgência e perceber que 50%, 60%, 70%, 80% dos utentes estão ali indevidamente, e ter “médicos e enfermeiros preparados para as urgências, a disponibilizarem o seu tempo para atendimentos de situações que muitas delas nem deviam ser vistas nos hospitais”.

José Furtado assinalou também que mais de metade dos partos em Lisboa já são realizados nos hospitais privados, voltando a destacar a importância da organização.

“Os profissionais quando se deslocam do Serviço Nacional de Saúde para os hospitais privados, não é só a parte de vencimentos que está em causa, têm uma melhor organização do seu serviço e, portanto, isto tem um impacto muito grande na escolha dos profissionais”, salientou.

No seu entender, é preciso olhar para os hospitais privados, porque representam “uma importante fatia do acesso aos cuidados de saúde”.

“Temos que olhar para este sistema. Primeiro tentar criar condições para fixar os profissionais ao Serviço Nacional de Saúde e isso consegue-se com regalias de vencimentos, mas também com a tal organização. E depois os serviços têm que trabalhar em complementaridade e não em competitividade, porque a competitividade leva ao deslocamento de profissionais de um lado para o outro, que não é bom”, acrescentou.

Últimas do País

A Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) avalia os quase dois anos de expansão das Unidades Locais de Saúde (ULS) como “acidentados” num país onde as assimetrias criaram integração de cuidados “muito diferente nos vários locais”.
Elementos do Departamento de Investigação Criminal (DIC) da PSP do Porto terminaram ao início desta manhã de realizar buscas a “várias residências dos Super Dragões no distrito do Porto, avançou fonte da PSP do Porto.
A Polícia Judiciária está a realizar hoje buscas na Câmara Municipal de Coruche, no distrito de Santarém, confirmou à Lusa a força de segurança, sem revelar mais pormenores sobre a operação.
No último dia de votações na especialidade do Orçamento do Estado para 2026, a proposta do CHEGA foi aprovada com votos a favor do PSD e CDS-PP, votos contra de PS, PCP, BE, Livre e PAN e abstenção da IL.
O parlamento aprovou hoje duas propostas de alteração do CHEGA sobre a construção de autoestradas, em Coimbra e Castelo Branco, bem como uma iniciativa para o lançamento da obra do IC6 em Seia.
A Associação Nacional de Escolas de Condução Automóvel (ANIECA) alertou esta quarta-feira para a escalada de fraudes nos exames práticos e teóricos de condução, com recurso a equipamentos escondidos ou até "duplos", e exigiu medidas imediatas para travar a escalada.
Portugal prepara-se para entrar no grupo dos países com as leis da nacionalidade mais duras de toda a União Europeia. Se as alterações aprovadas no Parlamento, e agora sob escrutínio do Tribunal Constitucional, avançarem, será mais fácil tornar-se francês, alemão, belga ou sueco do que obter o cartão de cidadão português.
Os 10 detidos na operação 'Renascer', que apreendeu mais de sete toneladas de droga em duas embarcações de pesca no Atlântico, ficaram em prisão preventiva, adiantou hoje o Ministério Público (MP).
Entre 2010 e 2025, a Polícia Judiciária (PJ) contabilizou 66 crianças assassinadas, incluindo 26 recém-nascidos, apontando um estudo em curso para verificar se estes últimos casos têm como fatores comuns a ocultação da gravidez e a ausência do pai.
O nível de alerta no Sistema Vulcânico Fissural Oeste da Terceira subiu para V3 (fase de reativação), o mesmo grau atribuído ao vulcão de Santa Bárbara, revelou esta quarta-feira o Instituto de Vulcanologia da Universidade dos Açores.