Contribuintes surpreendidos com simulação do IRS mas descida do reembolso era expectável

A bastonária da Ordem dos Contabilistas diz que há contribuintes surpreendidos com a redução do reembolso ou por terem de pagar IRS, notando que isto decorre da redução da retenção fonte em 2024, que deixou mais dinheiro disponível mensalmente.

© Folha Nacional

Apesar de oficialmente a entrega da declaração anual do IRS apenas ter início no dia 01 de abril, o acesso à declaração já está disponível, havendo contribuintes a tentar saber já hoje o montante de imposto que têm a receber ou a pagar, face ao rendimento de 2024.

Em declarações à Lusa, a bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC), Paula Franco, afirmou estar a ter esse ‘feedback’ de pessoas que “estão surpreendidas ou com a diminuição considerável do reembolso ou até por terem de pagar imposto”.

Contudo, acentuou que a situação era “expectável”, tendo em conta a aproximação que se tem vindo a verificar, desde há cerca de dois anos, entre “a conta final do IRS” e a retenção mensal e também devido à “redução substancial” da retenção em setembro e outubro do ano passado, como forma de ajustar o pagamento mensal do imposto à descida das taxas do IRS e outras mudanças ao imposto aprovadas no parlamento no início do verão.

“Por isso era expectável que este ano, efetivamente, quando os contribuintes estejam a entregar a sua declaração de IRS e façam a simulação verifiquem que vão receber bastante menos ou até pagar imposto”, sublinhou Paula Franco.

Como exemplo, a bastonária refere o caso de um pensionista, sozinho, com uma reforma de cerca de 1.300 euros, que no ano passado recebeu cerca de 500 euros de reembolso e que este ano vai pagar 50 euros. Num outro caso, um casal de pensionistas, ambos com reformas de cerca de 3.500 euros, fizeram a simulação concluindo que este ano vão receber de reembolso 2.500 euros quando no ano passado receberam cerca de 4.000.

Paula Franco refere, contudo, que a redução do reembolso face ao habitual ou a mudança de um reembolso para uma ‘conta’ de IRS não significa que os contribuintes estejam a ser prejudicados ou a pagar mais imposto, já que esta situação decorre do facto de, em 2024, terem retido menos imposto mensalmente.

“Os contribuintes não ficam prejudicados”, simplesmente os trabalhadores e pensionistas “adiantaram menos ao Estado, fizeram menos retenção, tiveram mais dinheiro no bolso durante o ano e agora neste acerto final há menos reembolso ou imposto a pagar”, afirmou.

À Lusa chegaram também relatos de vários contribuintes com situações idênticas, baseadas nos resultados da simulação. Um deles refere que habitualmente recebia reembolso, mas que este ano terá a pagar cerca de 700 euros, e outro viu o reembolso cair drasticamente (receberá cerca de 400 euros).

Há também quem esteja satisfeito com o resultado da simulação porque, tendo mudado de emprego e beneficiado da redução extraordinária da retenção na fonte aplicada nos meses de setembro e outubro (feita com base no novo salário, mais elevado), vai, ainda assim, receber reembolso – acreditando que isso se deve à forte subida das deduções pelas propinas de uma pós-graduação e despesas de saúde.

Os ajustamentos nas tabelas de retenção na fonte que têm vindo a ser feitos nos últimos anos visam adequar cada vez mais a retenção na fonte ao imposto que cada pessoa tem efetivamente a pagar, mas o resultado final acaba sempre por ser influenciado pelas despesas dedutíveis apresentadas.

Na sequência de várias alterações ao IRS aprovadas pelo parlamento, foram publicadas novas tabelas de retenção com taxas especialmente reduzidas nos meses de setembro e outubro de forma a compensar os contribuintes pelo valor retido a mais entre janeiro e agosto (antes de entrarem em vigor as alterações ao imposto).

Nesses dois meses, os salários até cerca de 1.700 euros brutos pagaram 0% de IRS (beneficiando os contribuintes do consequente aumento de rendimento disponível) e, nos salários de valor superior, a retenção foi também mais baixa do que o habitual.

Últimas de Economia

O indicador de confiança dos consumidores diminuiu em novembro, após dois meses de subidas, enquanto o indicador de clima económico aumentou, divulgou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Os gastos do Estado com pensões atingem atualmente 13% do PIB em Portugal, a par de países como a Áustria (14,8%), França (13,8%) e Finlândia (13,7%), indica um relatório da OCDE hoje divulgado.
Os prejuízos das empresas não financeiras do setor empresarial do Estado agravaram-se em 546 milhões de euros em 2024, atingindo 1.312 milhões de euros, com a maioria a apresentar resultados negativos, segundo um relatório do Conselho das Finanças Públicas (CFP).
Os preços dos hotéis na região de Lisboa aumentaram 26,7% na Web Summit, face à semana anterior, para uma média de 151 euros, segundo um estudo da NOVA Information Management School, com dados da Host Intelligence, divulgado hoje.
A Comissão Europeia desembolsou hoje 1,06 mil milhões de euros em subvenções a Portugal, na sequência do seu sétimo pedido de pagamento ao abrigo do Mecanismo de Recuperação e Resiliência.
Os concursos de empreitadas de obras públicas promovidos até outubro aumentaram 56% em número e 31% em valor, em termos homólogos, respetivamente para 6.620 e 9.164 milhões de euros, anunciou hoje a associação setorial AICCOPN.
A Comissão Europeia alertou hoje para “novos desafios” relacionados com a crise habitacional que aumentam os riscos de pobreza e de desigualdade social em Portugal, dado haver mais pessoas com encargos excessivos de habitação.
A Comissão Europeia alertou hoje que Portugal "corre o risco de exceder significativamente" o teto máximo para despesas líquidas definido ao abrigo do plano de médio prazo, embora falando numa situação orçamental "próxima do equilíbrio" em 2026.
Portugal exportou até setembro 53,3 milhões de pares de sapatos no valor de 1.321,7 milhões de euros, mais 3,8% em quantidade e 2,1% em valor face ao período homólogo, anunciou hoje a associação setorial.
O valor mediano de avaliação bancária na habitação foi 2.025 euros por metro quadrado em outubro, mais 17,7% do que no mesmo mês de 2024, disse hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).