A corrupção tem sido desde sempre uma preocupação constante na política portuguesa, afetando diversos partidos e figuras de destaque ao longo dos anos. Entre os casos mais notórios estão os que envolvem figuras proeminentes do Partido Socialista e do Partido Social Democrata, como José Sócrates, António Costa e Luís Montenegro.
José Sócrates e a Operação Marquês
José Sócrates, primeiro-ministro de Portugal entre 2005 e 2011 pelo PS, é o principal arguido na Operação Marquês, iniciada em 2014. Processo que investigou suspeitas de corrupção passiva, branqueamento de capitais, fraude fiscal qualificada e falsificação de documentos. José Sócrates foi acusado de receber mais de 34 milhões de euros em subornos relacionados com negócios envolvendo diversos grupos económicos em Portugal. A investigação revelou a movimentação de milhões de euros através de contas na Suíça, atribuídas ao seu amigo de longa data, Carlos Santos Silva, que o Ministério Público acredita serem, na realidade, de José Sócrates.
António Costa e as Investigações Judiciais
O Ex-Primeiro Ministro António Costa, sucessor de José Sócrates na liderança do Partido Socialista e primeiro-ministro desde 2015, também enfrentou investigações por suspeitas de corrupção ativa e passiva, prevaricação e tráfico de influência. Em janeiro de 2024, António Costa demitiu-se na sequência de suspeitas de corrupção envolvendo membros do seu governo e investigações judiciais em curso. Este escândalo levou à dissolução da Assembleia da República e à convocação de eleições antecipadas.
Luís Montenegro e o Escândalo Spinumviva
Luís Montenegro, líder do Partido Social Democrata e primeiro-ministro desde março de 2024, viu-se envolvido num escândalo relacionado com a empresa de consultoria jurídica da sua família, a Spinumviva. Empresa, administrada pela sua esposa, continuou a receber pagamentos de empresas privadas enquanto Luís Montenegro exercia o cargo de primeiro-ministro, levantando suspeitas de conflito de interesses. Embora Luís Montenegro tenha negado qualquer irregularidade, a oposição acusou-o de não ter gerido adequadamente os conflitos de interesses, o que culminou na sua queda após o fracasso duma Moção de Confiança no Parlamento.
Impacto na Perceção Pública e no Sistema Político
Estes casos contribuíram para uma crescente desconfiança pública em relação aos principais partidos políticos portugueses. A perceção de corrupção sistémica tem alimentado inegavelmente o apoio direto e indireto, a partidos fora do Sistema Bipartidário, como o Partido CHEGA, que capitalizam também, o próprio descontentamento popular, e a desacreditação dos partidos que governam há 50 anos de forma alternada. A instabilidade política resultante destes escândalos levou Portugal a enfrentar a perspetiva de uma terceira eleição em três anos, refletindo uma crise de confiança no sistema político tradicional.
Em suma, os casos de corrupção envolvendo figuras de destaque do PS e do PSD, como José Sócrates, António Costa e Luís Montenegro, têm tido um impacto negativo significativo na política portuguesa e além-fronteiras, provocando instabilidade governamental e alimentando a desconfiança pública em relação às instituições democráticas.