Sem apoios sociais, mais de 60% das pessoas com deficiência enfrentam risco de pobreza

Mais de 60% das pessoas com deficiência acima dos 16 anos estavam em risco de pobreza em 2023 antes das transferências sociais, um risco que alastra às famílias e piora consoante a gravidade da deficiência, revela um relatório nacional.

© D.R.

Segundo o Relatório Pessoas com Deficiência em Portugal – Indicadores de Direitos Humanos 2024, que é apresentado hoje, em Lisboa, e tendo por base os dados do Inquérito Europeu às Condições de Vida e Rendimento relativos a 2023, disponibilizados pelo Serviço de Estatística da União Europeia — Eurostat – a percentagem de pessoas com deficiência em risco de pobreza era quase o dobro do registado entre as pessoas sem deficiência.

“Cerca de dois terços (62,4%) das pessoas com deficiência com mais de 16 anos enfrentavam risco de pobreza antes de transferências sociais”, lê-se no relatório, salientando que “aumentou o fosso entre pessoas com e sem deficiência”.

Relativamente ao risco de pobreza depois das transferências dos apoios sociais, os dados mostram “o impacto mais expressivo destes apoios na população com deficiência face à população sem deficiência”, já que, em 2023, a taxa de pobreza para as pessoas com deficiência desce 41,3 pontos percentuais (p.p.) depois de receberem apoios sociais, enquanto nas pessoas sem deficiência essa descida é de apenas 20,3 p.p..

“Este resultado sugere que as transferências sociais têm maior relevância na redução da pobreza entre as pessoas com deficiência em Portugal do que na população sem deficiência, possivelmente devido à escassez de fontes alternativas de rendimento para este grupo demográfico no nosso país”, apontam os investigadores.

Em termos de prestações sociais, apontam que a criação da Prestação Social para a Inclusão (PSI), para as pessoas com deficiência com grau de incapacidade igual ou superior a 60%, representou “um reforço relevante no sistema de proteção social — atingindo 154.421 beneficiários em 2023, um aumento de 623% desde a sua implementação”.

No entanto, “os dados demonstram que o risco de pobreza ou exclusão social se mantém mais elevado nos agregados familiares de pessoas com deficiência, agravando-se em função da severidade da deficiência”.

É também constatado que “há ainda um agravamento do fosso entre os agregados de pessoas com e sem deficiência neste indicador, que aumentou de 9,8 p.p. em 2015, para 10,7 p.p. em 2023”, o que demonstra, na ótica dos investigadores, “o impacto da deficiência na unidade familiar”.

“Entre 2015 e 2023, em Portugal, o risco de pobreza ou exclusão social mantém-se sempre mais elevado entre agregados de pessoas com deficiência do que entre agregados de pessoas sem deficiência”, lê-se no relatório.

Tendo em conta o grau de deficiência, “percebe-se que são as pessoas com deficiência grave e os seus agregados que continuam a enfrentar em 2023 o maior risco de pobreza ou exclusão social (33%), um valor que é mais do dobro do verificado nas pessoas sem deficiência (16 %)”.

Na desagregação de dados por género, no período de tempo entre 2015 e 2022, é possível constatar que “as mulheres com deficiência mantêm de forma consistente taxas mais elevadas de risco de pobreza ou exclusão social face aos homens com deficiência e aos demais grupos”.

A juntar aos dados sobre pobreza ou exclusão social vem a dificuldade em fazer face às despesas habituais e, segundo o Eurostat, para 2023, “quase 1 em cada 3 agregados familiares de pessoas com deficiência (acima dos 16 anos) têm ‘dificuldade’ ou ‘grande dificuldade’ em fazer face às suas despesas habituais”.

Um valor que contrasta com os 19,4% dos agregados sem pessoas com deficiência que enfrentaram tais desafios, e que se acentua nos agregados com pessoas com deficiência grave e chega a 36,6%.

Últimas do País

A ULS Amadora-Sintra abriu um inquérito interno ao caso divulgado pela Polícia Judiciária de um alegado abuso sexual de uma utente no Hospital Fernando Fonseca, envolvendo dois internados, anunciou hoje a instituição.
As infeções respiratórias graves continuam a aumentar em Portugal, sobretudo em idosos e crianças, com aumento de casos de gripe nos cuidados intensivos na semana passada e excesso de mortalidade por todas as causas, revelou hoje o INSA.
A Guarda Nacional Republicana (GNR) deteve 19 pessoas que conduziam com excesso de álcool no sangue, durante o primeiro dia da operação Natal e Ano Novo 2025/2026, que arrancou na quinta-feira e e que já regista um morto.
O bacalhau deverá ficar mais caro já no próximo ano, face à redução de quotas no Mar de Barents e ao contexto internacional, segundo as estimativas da Associação dos Industriais do Bacalhau (AIB).
A Polícia de Segurança Pública (PSP) deteve 84 pessoas no primeiro dia da operação Polícia Sempre Presente – Festas em Segurança 2025-2026, entre elas 15 por condução em estado de embriaguez e 12 por conduzirem sem carta.
Quatro serviços de urgência hospitalares de Ginecologia e Obstetrícia vão estar encerrados no sábado, subindo para cinco no domingo, a maioria na região de Lisboa e Vale do Tejo, segundo dados do Portal do Serviço Nacional de Saúde.
O CHEGA elegeu nas últimas eleições autárquicas 13 presidentes de junta. Se um dos temas da campanha foi a ‘imigração’, a ‘passagem de atestados de residência sem qualquer controlo’ foi o tema e uma das grandes bandeiras dos autarcas do CHEGA.
Felicidade Vital, deputada do CHEGA, acusa o Governo de promover um verdadeiro retrocesso nos direitos das mulheres através do novo pacote laboral. A deputada alerta que o diploma fragiliza vínculos, alarga horários e facilita despedimentos num mercado onde “as mulheres já concentram os salários mais baixos e os contratos mais instáveis”, classificando a reforma como um ataque direto à maternidade, à conciliação entre vida profissional e familiar e à autonomia feminina.
A Linha SNS 24 atendeu desde o início de dezembro cerca de 307 mil chamadas, um aumento de 17% face ao mesmo período do ano passado, e o tempo médio de espera foi de 10 minutos.
A estrutura de missão da Agência para a Integração, Migração e Asilo (AIMA), criada para regularizar processos em atraso, termina no final do ano com um saldo positivo de 62 milhões de euros.