Num comunicado divulgado na sequência do corte generalizado de energia ocorrido na segunda-feira, a ANTEM considera que o apagão expôs uma vez mais as “fragilidades graves da resposta operacional”, com destaque para “o atendimento, despacho e acompanhamento das ocorrências”, competências atribuídas aos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU).
Segundo a associação, as “disfunções” registadas “não são episódios isolados”, mas antes reveladoras de uma “degradação sistémica que tem vindo a acentuar-se ao longo da última década”.
“Um sistema que apresenta falhas diárias não pode, em situações de exceção como a vivida na última segunda-feira, garantir uma resposta eficaz às necessidades do país, o que ficou patente no número de chamadas perdidas”, escreve a ANTEM.
Numa nota difundida na terça-feira, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) reconheceu que o apagão de segunda-feira provocou “constrangimentos pontuais” no acionamento dos meios de emergência e falhas no acesso à rede do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP).
Na mesma informação, o INEM diz que estes constrangimentos foram “consequência das falhas registadas nas infraestruturas de comunicação nacionais”.
A nota do INEM surgiu depois de na segunda-feira diversos funcionários do instituto terem dito à Lusa que o instituto esteve sem conseguir contactar alguns meios próprios, fosse via telemóvel, fosse através do SIRESP, acrescentando que o acionamento de meios atrasou em mais de 100 chamadas e cerca de 400 foram perdidas, uma informação que o instituto nega.
No comunicado hoje divulgado, a ANTEM considera que o INEM “atingiu um ponto de rutura estrutural que já não é passível de reforma ou reestruturação pontual. Carece de uma edificação profunda, desde a base, com uma nova visão e liderança”.
“Neste momento, o INEM assemelha-se a um “desfibrilhador sem bateria” — inoperacional, apesar da sua importância vital”, insiste.
A ANTEM lembra os vários alertas públicos feitos nos últimos anos, constatando que “não se verificou qualquer melhoria substancial na qualidade da resposta prestada aos cidadãos”.
“As falhas persistem, as questões colocadas continuam sem resposta e têm sido identificadas declarações que contrariam a verdade factual”, diz a associação, que declara ter perdido a confiança no atual presidente do INEM, Sérgio Janeiro.
A associação sublinha que a vida humana “não se salva com estratégias de comunicação nas redes sociais, nem com a alocação desordenada de meios e recursos financeiros a um sistema que, estruturalmente, não cumpre a sua missão”.
A ANTEM diz que mantém a esperança no trabalho da Comissão Técnica Independente, à qual diz ter solicitado, através do Ministério da Saúde, uma audiência urgente, aguardando resposta ao pedido.