Uma investigação jornalística revelou que várias lojas situadas na zona do Martim Moniz, em Lisboa, estão a ser utilizadas como habitação improvisada por centenas de imigrantes oriundos de países como Bangladesh, Paquistão e Nepal. Atrás de montras que anunciam cortes de cabelo ou venda de bebidas, escondem-se colchões e camas onde estes imigrantes dormem e vivem em condições precárias.
A reportagem de Ana Leal, emitida em dois episódios pelo programa Repórter Sábado, no canal NOW, expõe a realidade de estabelecimentos comerciais aparentemente normais que funcionam, na verdade, como fachadas para outros negócios. Em muitos casos, os responsáveis por estas lojas pagam rendas extremamente elevadas, difíceis de justificar com os produtos que vendem, como artigos turísticos ou refeições rápidas.
“Tomaram conta de Lisboa e das lojas de ‘souvenirs’ usadas para explorar outros imigrantes. Pagam rendas milionárias que mais ninguém consegue suportar, mas quase não têm clientes”, ouve-se na reportagem, onde um destes imigrantes admite pagar 15 mil euros de renda mensal. O segundo episódio da investigação aponta ainda para indícios de exploração laboral e tráfico de seres humanos. Há relatos de imigrantes utilizados por redes
que lhes prometem ajuda na obtenção de títulos de residência, mantendo-os, no entanto, em situações de dependência e vulnerabilidade. Esta realidade expõe falhas no controlo das autoridades quanto às condições de vida dos imigrantes e ao verdadeiro funcionamento de muitos espaços comerciais no centro da capital portuguesa. André Ventura, presidente do partido CHEGA, tem vindo a alertar para este tipo de situações, embora frequentemente contestado por outros partidos e pelos meios de comunicação social tradicionais. Para o líder do CHEGA, Portugal tornou-se numa “porta de entrada” para a Europa. Numa visita à Rua do Benformoso, em dezembro de 2024, Ventura afirmou: “Se fosse pelo CHEGA, estaria cá polícia todos os dias, de segunda a sexta-feira, das 00h às 24h.”
Durante essa visita, reiterou a sua posição de que os imigrantes em situação irregular devem regressar aos seus países de origem, afirmando: “Venho dizer a estes moradores que os que estão ilegais devem voltar para a sua terra.”
Acrescentou ainda que não tem nada contra a comunidade do Bangladesh, mas que coloca “os portugueses em primeiro lugar”.
Ventura tem também criticado os sucessivos governos do PS e do PSD por, na sua perspetiva, terem transformado Portugal numa “bandalheira total”,
alimentando o crescimento de bairros “sem regras e sem controlo”. Defendendo políticas migratórias mais restritivas, Ventura afirma ser necessário “mais força policial na rua” e o fi m da “entrada massiva de imigrantes islâmicos”, exigindo fronteiras mais controladas.