Um crime a cada 39 minutos: relatório associa sírios a aumento do crime na Alemanha

Um relatório do Ministério do Interior alemão revela que suspeitos sírios estão associados a mais de 135 mil crimes em menos de uma década. A AfD aponta o dedo ao governo de Olaf Scholz e exige deportações imediatas.

© D.R.

Um relatório recente do Ministério Federal do Interior da Alemanha voltou a incendiar o debate sobre imigração e segurança pública no país. De acordo com os dados oficiais, entre 2015 e 2024, suspeitos de nacionalidade síria estiveram associados a 135.668 crimes, o que equivale, em média, a um registo criminal a cada 39 minutos.

As estatísticas foram divulgadas em resposta a um pedido parlamentar da Alternativa para a Alemanha (AfD), partido de direita que tem centrado o seu discurso na imigração e na segurança. Segundo o website Contra Cultura, o documento revela ainda que 82.960 crimes são atribuídos a cidadãos afegãos, 69.946 a iraquianos, 39.918 a marroquinos e 32.383 a argelinos, perfazendo mais de 460 mil infrações envolvendo suspeitos oriundos dos dez principais países de origem estrangeira.

A publicação dos números provocou reações imediatas dentro da AfD, que voltou a atacar as políticas migratórias do chanceler Olaf Scholz.
“Mais de metade das mulheres na Alemanha já não se sente segura em locais públicos. Estes números são a prova do fracasso do governo”, afirmou Alice Weidel, co-líder do partido, acusando o executivo de “negligência e erros políticos repetidos”.

O deputado Christopher Drößler, autor do pedido ao Ministério do Interior, reforçou a mesma linha de crítica: “Os números confirmam o que muitos alemães sentem — o aumento da criminalidade está diretamente ligado à imigração descontrolada.” O parlamentar defendeu a deportação de imigrantes ilegais para países como a Síria, o Afeganistão, Marrocos e o Iraque, bem como o reforço do controlo fronteiriço e o aumento dos meios policiais.

Comunidade síria em forte expansão

O debate surge num momento em que a comunidade síria na Alemanha atinge uma dimensão sem precedentes. No final de 2023, o país acolhia cerca de 972 mil sírios, face aos 60 mil registados em 2014, um crescimento de 16 vezes em menos de uma década. Atualmente, um em cada 20 sírios vive em território alemão.

Mais de metade dessa população, cerca de 513 mil pessoas, depende de apoios sociais como o Bürgergeld, o subsídio básico garantido pelo Estado. Estrangeiros representam quase metade de todos os beneficiários destes apoios, que custaram 50 mil milhões de euros em 2023. Desde 2010, as despesas públicas associadas a imigrantes ascendem a 145 mil milhões de euros.

Casos violentos aumentam a tensão social

Vários episódios recentes de violência atribuídos a migrantes têm agravado o sentimento de insegurança e alimentado o crescimento da AfD nas sondagens. No final de outubro de 2025, quatro adolescentes sírios e uma mulher iraquiana foram detidos em Hamburgo por alegadamente terem atirado um jovem iraquiano, de 15 anos, de uma janela no oitavo andar — o rapaz não sobreviveu.

Pouco antes, em Heinsberg, cinco homens sírios, entre os quais menores, foram acusados de violar em grupo uma jovem de 17 anos.

Casos como estes têm dominado o debate público, reforçando o discurso securitário e o descontentamento popular com as políticas de imigração. A AfD tem capitalizado politicamente esse clima de frustração, consolidando-se como a segunda maior força política da Alemanha, especialmente nas regiões do leste.

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