Em 2025, mais de 2.300 pessoas encontravam-se nesta condição, um crescimento de cerca de 20% face a dois anos antes.
O fenómeno, associado sobretudo ao envelhecimento da população e à falta de alternativas sociais ou familiares, está a gerar uma pressão crescente sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS). Xavier Barreto, presidente da Associação dos Administradores Hospitalares, alerta para uma “realidade insustentável” resultante de vários fatores que se foram acumulando, entre eles a incapacidade de aumentar a oferta de cuidados continuados.
O relatório de Avaliação de Desempenho e Impacto do Sistema de Saúde confirma que, em 2025, havia 2.345 utentes internados sem justificação clínica. A meta definida no âmbito do PRR — criar 5.000 novas camas para a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados — não foi atingida, deixando milhares de pessoas sem solução de retaguarda.
As consequências fazem-se sentir diariamente nos serviços hospitalares: camas ocupadas por doentes que não deveriam lá estar, equipas sobrecarregadas e um risco acrescido de complicações associadas a internamentos prolongados. Além disso, os custos dispararam, atingindo os 95 milhões de euros em 2025.
A situação é especialmente crítica nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo e do Norte, que concentram cerca de 80% destes internamentos. Os administradores hospitalares insistem que apenas um investimento robusto e contínuo na área social e nos cuidados continuados poderá travar o agravamento do problema.