As autoridades de Yellowknife ordenaram aos moradores, na quarta-feira à noite, para abandonarem a até ao fim de semana aquela que é a maior cidade do extremo norte do Canadá, devido ao rápido avanço das chamas.
“Infelizmente, a situação dos incêndios florestais está a piorar, com um inferno a oeste de Yellowknife a representar uma ameaça real”, disse o ministro do Ambiente dos Territórios do Noroeste, ao ordenar a evacuação.
Numa conferência de imprensa, Shane Thompson pediu aos 20 mil habitantes da capital dos Territórios do Noroeste que abandonassem Yellowknife por via aérea ou rodoviária.
“A cidade não está em perigo imediato, (…) mas sem chuva os incêndios podem atingir os arredores da cidade neste fim de semana”, disse Thompson.
“Se ficar até o fim de semana, corre o risco de se colocar a si mesmo e aos outros em perigo”, acrescentou o ministro.
O primeiro-ministro do Canadá disse na quarta-feira que as forças armadas continuam mobilizadas para prestar ajuda aos Territórios do Noroeste.
“Continuaremos a fornecer-lhe os recursos necessários” e “a prestar toda a assistência possível”, escreveu Justin Trudeau na rede social X (antigo Twitter).
Na terça-feira, a autarca de Yellowknife, Rebecca Alty, já tinha alertado os moradores para se prepararem para uma possível evacuação se as chamas, então a 20 quilómetros da cidade, continuassem a avançar.
Yellowknife está rodeada por quatro incêndios florestais a noroeste, norte e sudeste.
Pelo menos um hospital de Yellowknife já reduziu as suas atividades e transferiu pacientes para outras cidades do sul do Canadá.
Mais de seis mil pessoas, cerca de 15% da população, já foram retiradas em aviões militares de comunidades remotas nos Territórios do Noroeste, ameaçadas por uma vaga de mais de 230 incêndios florestais ativos.
No mesmo dia, as autoridades dos Territórios do Noroeste declararam o estado de emergência em toda a região.
O Canadá vive a pior temporada de incêndios florestais da sua história, com milhares de fogos que já levaram à emissão de mais de 200 ordens de evacuação este ano, forçando cerca de 168 mil pessoas a deixar temporariamente as suas casas.
Os incêndios emitiram o equivalente a mais de mil milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), um registo sem precedentes, disseram na semana passada as autoridades canadianas.
O valor é quase igual às emissões anuais do Japão (1.120 milhões de toneladas de CO2 em 2021), o quinto maior poluidor do mundo.
Os fogos queimaram até agora 13,5 milhões de hectares, o equivalente à área da Grécia, e quase o dobro da área do último recorde absoluto, datado de 1989 com 7,3 milhões de hectares, segundo o Canadian Interagency Forest Fire Centre.
Desde maio, o Canadá recebeu a ajuda de cerca de cinco mil bombeiros de 12 países, incluindo de Portugal, em junho.