A pouco menos de seis de meses das cerimónias oficiais dos cinquenta anos do vinte e cinco de abril, a nossa atenção deve manter-se firme na construção de um projeto credível e estruturado para o país. Refiro-me a um modelo económico, sociopolítico e até cultural totalmente alternativo e disruptor do presente. Sem ilusões, utopias ou expetativas pueris, há que ter em mente que a transformação mais profunda do nosso Estado e da nossa sociedade requer tempo, persistência e sobretudo o esvaecimento de uma geração socialistóide que dê lugar a uma geração verdadeiramente patriota.
Recuperar Portugal da hecatombe socialista não é uma tarefa célere, exequível num breve e singular mandato de quatro anos. Digo que não o é, pelo menos na forma genuína como todos desejamos que o seja, isto é, com reformas estruturais, permanentes e efetivas. Aliás, até seria irrealista querer destruir o que foi feito em 50 anos e construir algo estável com bases sólidas em apenas quatro anos de mandato. Contudo, chegar ao governo de Portugal permite virar a página no manual da história do nosso país, e por isso, é de importância vital que do resultado das próximas eleições legislativas de 2026, o CHEGA consiga fazer parte do próximo executivo. Mais importante é ainda, que ao leme do Dr. André Ventura, o CHEGA consiga liderar esse executivo para começar a reverter um conjunto de políticas nefastas que colocam Portugal num abismo sem precedentes.
Em abril de 2024, mais importante do que andar de cravos ao peito e cantilenas pachorrentas na lapela, temos o dever para com as nossas gerações passadas e vindouras de olharmos para o futuro e de deixarmos bem claro a agenda política que vai colocar Portugal no lugar próspero que merece.
O programa de reformas que se exige deve apresentar para o setor primário uma agenda genuinamente conservadora do nosso património florestal e promotora da vida no interior, com vista ao crescimento e aumento da produção na atividade agrícola. Para o efeito, urgem reformas do nosso ordenamento do território que não só preservem a nossa área florestal, como também promovam a atratividade do nosso interior e o crescimento do setor agropecuário. Neste âmbito, Portugal como nação soberana deverá equacionar os ditames de Bruxelas relativos à política agrícola comum. É premente a reversão das políticas absurdas que condenam os nossos produtores agropecuários a receber subsídios em troca de não produzirem. Enquanto não revertermos esta lógica subsidiodependente que nos coloca na inércia e atavismo, Portugal nunca alcançará a soberania alimentar. O mesmo se aplica ao setor das pescas, tão fustigado por décadas pela imposição de quotas e os traumáticos abates de frotas pesqueiras.
Reformar Portugal no setor primário coloca-nos na exigência de pensarmos numa série de políticas estruturais e coadjuvantes daquelas medidas que o CHEGA tem vindo (e bem) a apresentar. Desde logo, para a valorização do setor agropecuário é de importância capital a criação de políticas que incentivem as empresas e as famílias das grandes áreas metropolitanas do litoral a deslocarem-se para o interior.
É igualmente necessário estimularmos as gerações mais jovens pelo apreço ao mundo rural e às atividades agrícolas, bem como pelas atividades pesqueiras, devendo-se para o efeito continuar a promover a criação de mais estabelecimentos de ensino técnico-profissional que ministrem cursos da área. A transformação de Portugal passa efetivamente por revitalizar economicamente o setor primário, investindo nele, prestigiando-o, modernizando-o com tecnologia de ponta e atraindo os jovens portugueses para estas profissões, ao invés de se empregar mão de obra estrangeira, vinda não se sabe bem de onde, para ganhar batuta e meia e viver em condições deploráveis.
Portugal, historicamente como nação de pescadores, agricultores e pastores, deve resgatar o prestígio económico destes setores. A recuperação da soberania de Portugal passa também por voltarmos à nossa base: a terra e o mar.
*Continuação de artigo publicado na edição de 28-07-2023 do Folha Nacional