Lagarde diz que BCE tem de estar “mais confiante” sobre inflação para baixar juros

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, defendeu hoje que o Conselho de Governadores “tem de estar mais confinante” no abrandamento da inflação para poder baixar taxas de juro, apesar dos “números encorajadores” sobre os salários.

© Flickr/BCE

 

“Os números relativos aos salários do quarto trimestre são obviamente encorajadores. Mas, como dissemos na nossa declaração de política monetária, o Conselho do BCE precisa de estar mais confiante de que o processo de abrandamento de inflação que estamos a observar será sustentável e nos levará ao objetivo de 2% a médio prazo que temos. Há muitos setores e trabalhadores que estão abrangidos por negociações que serão concluídas no decurso do primeiro trimestre de 2024 e penso que esses números, especialmente se continuarem a ser encorajadores, serão importantes para avaliarmos daqui para a frente, a fim de alcançarmos confiança”, declarou Christine Lagarde.

Lagarde falava à imprensa no final de uma reunião informal dos ministros das Finanças da zona euro (Eurogrupo), que hoje contou também com os governantes da União Europeia (UE) e com governadores dos bancos centrais, no dia em que o responsável português pelas Finanças, Fernando Medina, defendeu que, “quanto mais tempo” o BCE prolongar as elevadas taxas de juro, “maiores são os riscos” de “a situação económica se deteriorar”, dado o contexto de redução da inflação.

“O BCE e todo o sistema do euro dependem dos dados e vamos analisar vários dados para além dos salários, como as unidades de lucro, as expectativas, os resultados dos inquéritos telefónicos às empresas, o serviço de empréstimos bancários e muitos outros dados que são importantes para nós”, vincou a presidente do banco central da moeda única.

Questionada sobre a atuação da reserva federal norte-americana, que já alertou para os riscos de baixar as taxas de juro demasiado cedo, Christine Lagarde sublinhou “o facto de o BCE ser independente”.

“E estamos determinados a continuar a depender dos dados e a ser independentes na avaliação que fazemos e na decisão política que tomamos”, adiantou.

Na reunião de janeiro, os membros do Conselho do BCE aprovaram por unanimidade a decisão de deixar as taxas de juro inalteradas e consideraram por amplo consenso que era prematuro discutir possíveis cortes.

Na conferência de imprensa, o presidente do Eurogrupo, Paschal Donohoe, foi questionado sobre a ideia proposta pelo ministro francês da Economia e Finanças, Bruno Le Maire, relativa a uma união voluntária dos mercados de capitais para evitar que a Europa fique para trás face a potências como China ou Estados Unidos, dada a incapacidade de a UE a 27 avançar.

Sobre esta questão, relativa aos passos para um mercado único de capitais em todos os Estados-membros, a fim de desbloquear financiamento, Paschal Donohoe disse estar “de acordo com Bruno [Le Maire] no que respeita à urgência política de fazer progressos neste domínio”.

“Creio que esta é uma parte muito grande do puzzle que precisamos de pôr em prática relativamente à forma como a Europa pode encontrar o investimento de que necessita para manter o seu lugar no mundo. Nas próximas semanas, discutirei separadamente questões específicas […] e verei se conseguimos chegar a um acordo sobre o caminho a seguir em relação a esses temas”, adiantou o presidente do Eurogrupo.

Esta reunião informal do Eurogrupo é agora seguida por um Ecofin dedicado à competitividade da UE face a potências como Estados Unidos ou China, numa altura em que o ex-presidente do BCE Mario Draghi, que estará na reunião, prepara um relatório.

Últimas de Economia

Dez instituições sociais açorianas não vão pagar o subsídio de Natal aos trabalhadores por dificuldades financeiras devido a atrasos da República nas transferências e o Governo Regional disse hoje que está disponível para ajudar a ultrapassar o problema.
Metade dos pensionistas por velhice recebia uma pensão abaixo dos 462 euros, apesar de a média de 645 euros, segundo dados analisados por economistas do Banco de Portugal (BdP), que assinalam ainda as diferenças entre géneros.
O número de passageiros movimentados nos aeroportos nacionais aumentou 4,7% até outubro, face ao mesmo período de 2024, para 63,869 milhões, segundo dados divulgados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Segundo um relatório do INE realizado em 2025 sobre rendimentos do ano anterior indicam que 15,4% das pessoas estavam em risco de pobreza em 2024, menos 1,2 pontos percentuais (p.p.) do que em 2023.
As exportações de bens caíram 5,2% e as importações recuaram 3% em outubro, em termos homólogos, sendo esta a primeira queda das importações desde junho de 2024, divulgou hoje o INE.
O número de trabalhadores efetivamente despedidos em processos de despedimentos coletivos aumentou 16,4% até outubro face ao período homólogo, totalizando os 5.774, superando o total de todo o ano passado, segundo os dados divulgados pela DGERT.
Os custos de construção de habitação nova aumentaram 4,5% em outubro face ao mesmo mês do ano passado, com a mão-de-obra a subir 8,3% e os materiais 1,3%, de acordo com dados hoje divulgados pelo INE.
Os consumidores em Portugal contrataram em outubro 855 milhões de euros em crédito ao consumo, numa subida homóloga acumulada de 11,3%, enquanto o número de novos contratos subiu 4%, para 157.367, divulgou hoje o Banco de Portugal (BdP).
O Governo reduziu o desconto em vigor no Imposto Sobre Produtos Petrolíferos (ISP), aplicável à gasolina sem chumbo e ao gasóleo rodoviário, anulando parte da descida do preço dos combustíveis prevista para a próxima semana.
Os pagamentos em atraso das entidades públicas situaram-se em 870,5 milhões de euros até outubro, com um aumento de 145,4 milhões de euros face ao mesmo período do ano anterior, segundo a síntese de execução orçamental.