Alemanha avalia reinício de deportações de criminosos para Afeganistão

A Alemanha está a analisar a possibilidade de retomar as deportações de criminosos para o Afeganistão, um procedimento suspenso desde o regresso dos talibãs ao poder em agosto de 2021, avançou hoje a ministra da Administração Interna.

© Facebook de Annalena Baerbock

“Há vários meses que tenho vindo a analisar muito intensamente (…) a possibilidade de deportar infratores graves e pessoas perigosas de volta para o Afeganistão”, segundo Nancy Faeser, quando questionada na conferência de imprensa sobre segurança antes do campeonato europeu de futebol 2024.Para a responsável, “é evidente que as pessoas que representam um perigo potencial para a segurança da Alemanha devem ser deportadas rapidamente”.Assim, está a ser feito “tudo o que é possível para encontrar formas de deportar criminosos e pessoas perigosas para a Síria, bem como para o Afeganistão” e uma “solução possível seria falar com os Estados vizinhos”, avançou ainda a ministra da Alemanha, país que não reconhece o governo talibã.

Várias vozes, sobretudo da direita e da direita radical, mas também do partido social-democrata do chanceler Olaf Scholz, têm pedido o regresso das deportações, na sequência de um esfaqueamento perpetrado por um afegão de 25 anos, em Mannheim, que matou um polícia de 29 anos e deixou cinco feridos.

O agressor tinha como alvo uma manifestação anti-islâmica organizada por um movimento próximo da direita radical, tendo o governo colocado a hipótese de um atentado islâmico e o Ministério Público antiterrorista ficou responsável pela investigação.

A ministra dos Negócios Estrangeiros, a ecologista Annalena Baerbock, notou, por seu lado, os desafios de segurança associados a um eventual reinício das deportações.

“Como é que podemos cooperar com um regime terrorista islâmico com o qual não temos relações? E como podemos excluir a possibilidade de o próximo ataque terrorista ser planeado a partir de lá?”, argumentou a ministra, num comunicado de imprensa, no qual lembrou que Berlim já não tem uma embaixada no país para apoiar os repatriamentos.

“Devemos às vítimas que os autores cumpram as suas penas na prisão e que os assassinos não sejam libertados no Afeganistão”, defendeu.

O agressor de Mannheim, referido como Sulaiman Ataee pela imprensa local, vive na Alemanha desde 2014, é casado e tem dois filhos, com quem vive num bloco de apartamentos em Heppenheim, no Estado de Hesse, a cerca de 35 quilómetros de Mannheim.

Segundo a revista Der Spiegel, o homem entrou no país como menor não acompanhado e pediu asilo. O seu pedido foi rejeitado, mas foi-lhe concedida uma proibição de deportação devido à situação de segurança no Afeganistão, tendo obtido uma autorização de residência por tempo determinado depois de casar com uma mulher alemã de origem turca em 2019.

Últimas de Política Internacional

A Comissão Europeia propôs hoje a redução do prazo de licenciamento em projetos de defesa de anos para 60 dias, a redução da carga administrativa e melhor acesso ao financiamento para assim estimular investimentos na União Europeia (UE).
Os líderes do G7 afirmaram o direito de Israel a "defender-se", acusaram o Irão de ser a "principal fonte de instabilidade e de terrorismo na região" e apelaram à "proteção dos civis", segundo uma declaração conjunta.
O Partido Popular de Espanha (direita), que lidera a oposição, voltou hoje a pedir a demissão do primeiro-ministro, devido às suspeitas de corrupção na cúpula socialista, mas rejeitou uma moção de censura ao Governo.
O Tribunal de Contas Europeu (TCE) defende um orçamento da União Europeia (UE) a longo prazo mais simples e flexível para se poder adaptar às “circunstâncias em mudança”, pedindo que, perante nova dívida comum, sejam mitigados os riscos.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, afirmaram no domingo que "este não é o momento para criar incerteza económica" e que devem ser evitadas "medidas protecionistas".
A chefe da diplomacia europeia sublinhou hoje, junto do Governo iraniano, que a UE "sempre foi clara" na posição de que Teerão não deve ter armas nucleares.
O enviado especial francês para a terceira Conferência do Oceano da ONU (UNOC3) anunciou hoje, último dia dos trabalhos, que o Tratado do Alto Mar, de proteção das águas internacionais, será implementado em 23 de setembro, em Nova Iorque.
As delegações dos EUA e da China, reunidas durante dois dias em Londres para resolver as diferenças comerciais entre os dois países, anunciaram na noite de terça-feira um acordo de princípio, deixando a validação para os respetivos presidentes.
O primeiro-ministro da Hungria, o nacionalista Viktor Orbán, afirmou hoje que a Direita europeia sofre o ataque dos "burocratas" de Bruxelas e que, apesar disso, os "patriotas" cooperam para vencer em todo o continente europeu.
O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, deverá pedir hoje, em Londres, um aumento de 400% na capacidade de defesa aérea e antimíssil da Aliança, especialmente para combater a Rússia.