“O local escolhido, por consensualização entre o Governo e a Câmara Municipal de Lisboa e com conhecimento prévio da Área Metropolitana de Lisboa, é o edifício do antigo hospital militar de Belém, localizado na Ajuda”, indicou hoje fonte oficial do gabinete do ministro da Presidência, numa resposta a questões colocadas pela Lusa.
Ainda de acordo com a mesma fonte, o espaço é cedido pelo Ministério da Defesa Nacional e carece de “pequenas intervenções que serão realizadas em breve” pelo município de Lisboa, estando já em curso os trabalhos preparatórios envolvendo a câmara e o Governo.
“A gestão do centro será liderada pela CML [Câmara Municipal de Lisboa], com apoio do Governo e envolvimento de instituições públicas e da sociedade civil”, acrescentou ainda o gabinete do ministro da Presidência, António Leitão Amaro.
Hoje de manhã, em declarações aos jornalistas à margem de uma reunião sobre o impacto económico da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), não descartou a hipótese de o antigo hospital militar de Belém ser um dos “vários potenciais locais” identificados para receber o anunciado centro de acolhimento temporário de imigrantes.
O presidente da Câmara de Lisboa ressalvou, no entanto, que o local onde será instalado esse centro seria “uma escolha do Governo”.
Já depois destas declarações de Carlos Moedas, o presidente da Junta de Freguesia da Ajuda, Jorge Marques (PS), recordou à Lusa “o compromisso” do município de construir um centro intergeracional no antigo hospital militar de Belém, “com residência para idosos, com creches”, opondo-se à eventualidade de o local ser escolhido para acolher imigrantes.
Na segunda-feira, a Junta de Freguesia já tinha distribuído um comunicado, acusando a Câmara de Lisboa de “traição” e dizendo ter tido conhecimento pela comunicação social, “com surpresa e estupefação” e “sem qualquer aviso prévio”, da possibilidade de o hospital militar de Belém ser transformado num centro de acolhimento para pessoas migrantes.
No comunicado, a junta da Ajuda escreveu ainda que não põe “em causa a necessidade de se encontrar uma solução” para o “problema humanitário” das pessoas migrantes sem-abrigo, mas explicitando que “não pode deixar de se opor a esta solução”.
Nas declarações feitas hoje, Carlos Moedas recordou que a Câmara de Lisboa já havia pedido “um antigo quartel ou um antigo hospital que pudesse acolher provisoriamente” pessoas migrantes, estando, por isso, “muito contente” com o anúncio feito entretanto pelo Governo (PSD-CDS/PP), que incluiu essa medida no Plano de Ação para as Migrações.
“Só preciso que o Governo me diga onde é que é”, assinalou, confirmando que há “alguns sítios identificados”, entre os quais o antigo hospital militar de Belém.
Carlos Moedas adiantou também que se iria reunir ainda hoje com o ministro da Presidência sobre o assunto.