“A Ucrânia precisa de mais ajuda e, […] agora, antes do verão, e espero que os ministros apoiem a proposta que conseguimos [acordar] para que esta ajuda aumente, utilizando as receitas russas”, declarou o Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell.
Em declarações à chegada ao Conselho de Negócios Estrangeiros, no Luxemburgo, o responsável apontou que a discussão de hoje surge após a cimeira da paz na Suíça, “onde foi aberta uma via diplomática”, mas também depois da “resposta de Putin, viajando para a Coreia do Norte, viajando para todo o lado onde possa obter apoio”.
“É claramente a preparação para uma longa guerra e, do nosso lado, a via diplomática tem de continuar a funcionar, mas nós temos vindo a aumentar o nosso apoio à Ucrânia”, vincou Josep Borrell.
Depois de a UE ter alcançado um consenso sobre usar os lucros dos bens russos congelados na UE a favor da Ucrânia, o chefe da diplomacia europeia pediu que se utilizem “estas receitas provenientes dos ativos” russos e que se procure “uma forma de as utilizar, evitando qualquer tipo de bloqueio”, numa alusão ao veto húngaro no Mecanismo Europeu de Apoio à Paz, que tem de ser aprovado por unanimidade.
No final de maio, a UE aprovou a utilização de bens congelados russos na UE, no seguimento das sanções aplicadas ao banco central da Rússia, a favor da Ucrânia, estando previsto que 90% sejam afetados através do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz (que financia a compra de armas e munições de proteção) e 10% através do orçamento comunitário (apoio não militar).
Previsto está que a UE mobilize em julho, pela primeira vez, 1,5 mil milhões de euros para a Ucrânia obtidos a partir dos lucros com bens russos congelados, disponibilizando ainda 1,9 mil milhões em apoio financeiro europeu a Kiev.
Já na quinta-feira, os embaixadores dos 27 países da UE chegaram a acordo sobre o 14.º pacote de sanções contra a Rússia por causa da invasão ao território ucraniano, que maximiza as consequências das restrições aprovadas anteriormente, ao evitar que as sanções sejam contornados por Moscovo, e atingindo pela primeira vez o gás natural liquefeito russo, uma importante fonte de receita do país.
A discussão na UE assenta agora em como avançar com mais medidas restritivas pelo persistir da guerra, quando a Hungria ameaça bloquear novas medidas, como tem feito com o apoio militar à Ucrânia no âmbito do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz por ser contra a ajuda a Kiev.
Hoje reunidos no Luxemburgo, os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE discutem os últimos desenvolvimentos da invasão russa da Ucrânia, sem decisões, e com a degradação das situações no Médio Oriente e na Geórgia também na agenda.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, vai representar Portugal no encontro.