A análise demonstra que pelo menos duas mulheres são violadas todos os dias naquele país. Ainda assim, especialistas afirmam que os dados não refletem a gravidade da situação, uma vez que uma grande parte dos casos não chega a ser denunciada, devido à pressão social.
O advogado da Suprema Corte e presidente da ASK, ZI Khan Panna, acredita que o número real de abusos sexuais é bastante superior. Por seu lado, o advogado Jyotirmoy Barua declara que “estima que cerca de 30 em cada 100 incidentes nunca são relatados”.
Um relatório de 2024 do Fórum Nacional de Defesa de Meninas observou que, entre a agitação política no Bangladesh, os problemas das vítimas acabam por não ter cobertura mediática.
Os dados mostram ainda que, dos casos identificados, 47% das vítimas tinham entre 13 e 18 anos, “por serem mais vulneráveis.”
“A vulnerabilidade das crianças, combinada com a sua incapacidade de protestar ou de compreender a situação, torna-as alvos fáceis para os violadores que se aproveitam dessa vantagem psicológica”, afirmou.
Khushi Kabir, uma defensora dos direitos das mulheres, indica que existe falta de apoio no sistema jurídico, uma vez que as mulheres enfrentam “condições angustiantes”, pois, por norma, os casos arrastam-se em tribunal ao longo de oito a 10 anos.
No Martim Moniz, em Lisboa, onde existe uma grande comunidade do Bangladesh, este problema também se tem alargado.
Nos últimos dias vieram a público vários casos de violações, nesta zona da cidade, onde apesar de a nacionalidade ser protegida, sabe-se que os violadores são estrangeiros.