Bastonário aponta falhas no SNS após “mais um caso trágico” de grávida que perdeu bebé

O bastonário da Ordem dos Médicos classificou hoje a morte do bebé de uma grávida que teve dificuldades em obter assistência hospitalar como “mais um caso trágico” que reflete “uma grande desorganização” no SNS.

© Facebook da Ordem dos Médicos

“É mais um caso trágico que espelha, do meu ponto de vista, uma grande desorganização de todo o sistema”, disse à agência Lusa Carlos Cortes, aludindo ao caso noticiado pela RTP de uma grávida de 31 semanas que perdeu o bebé depois de ter sido encaminhada para um hospital a mais de uma hora de distância da sua área de residência.

“É absolutamente necessário tentar perceber o que aconteceu. Apurarmos os factos, em primeiro lugar, para podermos atribuir as responsabilidades e, sobretudo, desenvolver todos os mecanismos para isto não voltar a acontecer, não obstante já ter acontecido um caso, também com contornos de gravidade, na passada semana”, disse Carlos Cortes.

Para o bastonário da Ordem dos Médicos, este caso “demonstra sobretudo uma enorme desorganização do Serviço Nacional de Saúde numa área que tem tido dificuldades neste último ano e nos últimos anos”, numa referência ao encerramento de urgências de obstetrícia.

Carlos Cortes considerou “inconcebível” que os serviços de obstetrícia dos três hospitais da margem sul de Lisboa – uma área que tem tido “uma enorme dificuldade na resposta na área da maternidade” – estejam fechados em simultâneo.

“Isso não pode acontecer. E quem tem que ter essa responsabilidade não são os próprios hospitais, que se devem coordenar entre si, mas é uma entidade que está acima dos hospitais e que foi criada precisamente para fazer essa coordenação, a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde”, defendeu.

O bastonário questionou para que serve a Direção Executiva do SNS, apontando que “ou não tem os instrumentos necessários para poder fazer esta coordenação, ou está a falhar de forma muito grave naquela que deveria ser a sua função primordial de fazer a articulação, a coordenação dos hospitais entre si, para evitar, nomeadamente, que uma grávida na margem sul do Tejo veja todas as maternidades encerradas e o único hospital que a vai atender é o Hospital Cascais”.

Segundo a RTP, a grávida terá ligado para a linha Saúde 24, sem sucesso, e acabou por ligar para o 112, sendo acionados os bombeiros do Barreiro. Acabou por ser transportada para Cascais porque as urgências do Hospital S. Bernardo, em Setúbal, que deveriam estar abertas, encerraram por sobrelotação, uma situação que já foi negada pelo Ministério da Saúde (MS).

“Não corresponde à verdade, como tem sido noticiado, que tenha sido recusada a assistência à grávida, por motivo de encerramento dos serviços de urgências de obstetrícia da Península de Setúbal”, assegurou em comunicado o MS, acrescentando que “a utente teve acompanhamento diferenciado de um médico” da Viatura Médica de Emergência e Reanimação no percurso entre o Barreiro e o Hospital de Cascais.

Segundo o Ministério, dado que era uma gravidez de 31 semanas, pré-termo, houve necessidade de encaminhar a utente para um hospital com apoio perinatal diferenciado (neonatologia).

O bastonário dos médicos defendeu que é preciso garantir que se uma maternidade estiver fechada outra estará aberta na proximidade.

“Aquilo que não pode acontecer é fecharem todas ao mesmo tempo na mesma área, que foi aquilo que aconteceu neste caso e tem acontecido num conjunto de casos, até com contornos também de grande gravidade e de tragédia”, vincou Carlos Cortes.

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