“Braga não pode continuar a brincar às cidades”

Filipe Aguiar é o rosto do CHEGA na corrida à Câmara Municipal de Braga nas autárquicas de 2025. O candidato quer devolver à cidade uma governação próxima das pessoas, firme nas decisões e transparente nos processos. Aponta falhas graves na habitação, na mobilidade e nas infraestruturas, e propõe soluções concretas para enfrentar os desafios de um concelho em crescimento acelerado.

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O que o leva a candidatar-se à presidência da Câmara de Braga?

A minha candidatura assenta em dois pilares: amor à cidade e dever de cidadania. Braga tem um património histórico valioso, uma juventude dinâmica e uma sociedade civil empreendedora. Contudo, é doloroso assistir a uma cidade com tanto potencial ser gerida, há anos, de forma desconectada dos verdadeiros problemas das pessoas.

O concelho tem hoje mais de 180 mil habitantes, mas continua a oferecer respostas públicas desajustadas. A minha motivação é clara: quero devolver a Braga uma governação próxima, transparente e com coragem para enfrentar os temas que muitos preferem ignorar.

Conheço bem as freguesias, cresci aqui e acredito que só com uma liderança firme será possível alterar o rumo das políticas municipais e transformar verdadeiramente a cidade.

 

A crise na habitação é uma das principais preocupações dos bracarenses. Que soluções concretas propõe para responder a este problema?

Os preços da habitação dispararam. Em 2024, Braga registou uma valorização de quase 22% no mercado imobiliário. Hoje, é praticamente impossível a um jovem casal adquirir casa sem se endividar para a vida inteira.

O CHEGA reconhece que este é um problema complexo e que não se resolve com uma única solução. Defendemos um conjunto de respostas pragmáticas e não ideológicas, sempre com o foco em mais e melhor habitação.

A nossa visão inclui diversificação de tipologias de habitação (social, convencional, cooperativas); construção municipal orientada para a procura real; apoio ao licenciamento privado com prazos mais rápidos e menos burocracia; e expansão da cidade acompanhada por políticas de mobilidade e empregabilidade sustentáveis. Construir mais não basta. É preciso planear melhor.

 

Onde identifica maiores carências em termos de infraestruturas?

Há falhas estruturais em várias áreas. Na saúde, embora tenhamos um hospital central de qualidade, os cuidados primários continuam frágeis. Um exemplo gritante: a unidade de rastreio do cancro da mama funciona, há mais de 20 anos, num contentor improvisado num jardim.

Na segurança, a GNR mantém-se há 16 anos também em contentores. Na cultura, existem equipamentos, mas a valorização dos artistas locais tem sido negligenciada.

 

E a acessibilidade?

Na mobilidade, há um vazio: faltam soluções eficazes que garantam qualidade de vida a quem se desloca dentro e fora da cidade. A autarquia tem de exigir mais do Governo central, nomeadamente investimentos estruturantes nestas áreas.

 

O tema da mobilidade continua na ordem do dia em Braga. Qual é a sua posição?

Falamos há anos de mobilidade, mas tudo continua na mesma: trânsito caótico, transportes públicos insuficientes e freguesias desligadas do centro urbano.

É preciso agir com seriedade. Necessitamos de soluções públicas eficazes, mas o BRT (Bus Rapid Transit) não é uma delas. Braga não pode continuar a brincar às cidades, nem desperdiçar recursos municipais que são de todos.

Qualquer plano de mobilidade tem de ser pensado a 10 ou 15 anos, com uma rutura face ao passado. Não basta mudar a marca dos autocarros; é necessário mudar a mentalidade com que se pensa a mobilidade urbana.

Queremos que o cidadão deixe o carro em casa, não porque é forçado a isso, mas porque o transporte público é confortável, eficiente e responde às suas necessidades: ir para o trabalho, para a escola ou para os serviços públicos.

 

E quanto à identidade local…

A única coisa que tenho a dizer é que Braga só será forte se souber preservar o que a torna única. Recusamos a diluição cultural promovida em nome de um multiculturalismo sem regras.

 

Considera que Braga é uma cidade insegura?

Os dados não indicam um aumento significativo da criminalidade, mas sim uma transformação no seu tipo: maior violência, organização e mobilidade dos grupos criminosos.

A resposta das forças de segurança permanece desatualizada, com meios operacionais dignos do século passado. Este não é um problema exclusivo de Braga, mas nacional.

Mais do que números, há uma perceção generalizada de insegurança entre os bracarenses. E isso é fundamental. Os cidadãos devem sentir-se seguros nas ruas. A segurança é qualidade de vida.

Defendemos reforço dos efetivos da PSP e da GNR; mais proximidade entre forças de segurança e população; uma Câmara exigente junto do Ministério da Administração Interna, que trate Braga com o respeito que merece. Os bracarenses não podem ser cidadãos de segunda.

 

A imigração tem sido um dos temas centrais para o CHEGA. O que mudaria em Braga com a sua candidatura?

Braga acolhe já comunidades estrangeiras significativas. Algumas estão bem integradas, outras não. A verdade é que há escolas onde o português deixou de ser a língua dominante e centros de saúde com listas de espera que cresceram devido a um aumento demográfico sem planeamento adequado.

Não somos contra os imigrantes enquanto pessoas, somos críticos do processo de imigração desregulado que desequilibrou a convivência entre quem cá está e quem chega.

O nosso objetivo é claro: garantir que os bracarenses mantêm o seu modo de vida e que quem vem se integra na nossa cultura, não o contrário.

A imigração promovida pelo PS e pelo BE, e agora tolerada pelo PSD, está a levar ao colapso dos serviços públicos. Em 2025, Braga deve voltar a colocar os seus cidadãos em primeiro lugar.

Para terminar, sublinho que Braga é romana, barroca, religiosa e moderna. Deve integrar e renovar-se, sim, mas sem nunca desrespeitar quem aqui nasceu, viveu e construiu esta cidade.

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