O mais recente concurso para a formação de guardas prisionais ficou muito aquém do número de vagas disponíveis, revelando a crescente perda de atratividade da profissão. O alerta é deixado por Frederico Morais, presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP), que sublinha a gravidade da situação.
Das 225 vagas abertas, apenas 58 foram efetivamente preenchidas por candidatos que iniciaram o curso. Segundo dados avançados pelo Correio da Manhã, o processo contou apenas com 292 candidatos — um número muito distante dos milhares que, há duas décadas, se inscreviam nestes concursos.
Em declarações à TSF, Frederico Morais aponta a falta de valorização da carreira como uma das principais causas da quebra no interesse. O dirigente sindical refere que os critérios de admissão poderão até ter sido suavizados para facilitar a entrada de mais candidatos, mas sem resultados significativos.
«A função de guarda prisional perdeu atratividade, tal como outras carreiras das forças de segurança. O salário base está pouco acima do ordenado mínimo e é necessário recorrer ao trabalho suplementar para garantir um rendimento digno», afirma Morais, salientando que este cenário contribui para uma desvalorização generalizada da profissão.
Outro fator crítico identificado é a morosidade dos processos de recrutamento. Ainda assim, segundo o presidente do sindicato, essa questão poderá estar prestes a ser resolvida, com os futuros concursos a seguirem prazos semelhantes aos da PSP e da GNR — cerca de seis a sete meses.
Frederico Morais alerta também para a instabilidade vivida por muitos candidatos, que se veem obrigados a abandonar os seus empregos sem garantias sobre a data de início de funções. «Muitos tiveram de pagar indemnizações ou acabaram por desistir, por não conseguirem cumprir os prazos de aviso prévio às entidades empregadoras», acrescenta.
O sindicato reforça, por isso, a necessidade urgente de medidas que valorizem a carreira, nomeadamente através da melhoria das condições salariais e da clarificação das funções entre as áreas da reinserção social e da segurança, de modo a tornar novamente apelativa a profissão de guarda prisional.