“Entendo que terá sido historicamente oportuna a decisão política e militar de rememorar o 25 de Novembro. Não se trata de celebrar a data, ou sublinhar nomes, mas sim de invocar a memória ativa orientada para o futuro e contribuir para a dignificação da instituição militar e da própria nação”, afirmou António Ramalho Eanes.
O antigo Presidente da República e protagonista do 25 de Novembro fez esta afirmação numa mensagem lida na parada militar organizada na Praça do Comércio, em Lisboa, pelo tenente-general Alípio Tomé Pinto, presidente da comissão organizadora das comemorações dos 50 anos do 25 de Novembro, na qual não marcou presença.
Ramalho Eanes frisou que o “25 de Abril é consabidamente a data fundadora da restauração da liberdade para os portugueses decidirem livremente o seu futuro através de eleições livres”.
“É da autoria dos militares este ato fundacional da liberdade e da democracia. Já a democracia resultante é no entanto, e só, de todos os portugueses”, salientou Eanes.
O antigo Presidente da República referiu que o 25 de Novembro de 1975 “apenas se tornou necessário para fazer face à deriva do processo revolucionário que se acentuava e fazia prever uma insurreição armada”, o que “ameaçava o compromisso assumido pelos militares” no 25 de Abril.
“Insurreição esta que veio a ocorrer e que as Forças Armadas, da sua parte moderada, democrática e legalista, responderam com sucesso, mas infelizmente com algumas baixas, designadamente o tenente Coimbra, o furriel Pires, dos Comandos, e o aspirante José Bagagem, da Polícia Militar”, disse, referindo-se às três mortes que se registaram em 26 de Novembro de 1975.
Para Ramalho Eanes, “foi o 25 de Novembro que permitiu que os militares respondessem ao imperativo de honra que tinham assumido com o povo português a 25 de Abril e que permitiu a reinstitucionalização das Forças Armadas”, definindo legalmente a sua dependência do poder político.
“A missão dos militares foi pois plenamente realizada, respondendo ao seu compromisso de honra. Devolveu-se aos portugueses a condução do seu destino”, afirmou.