18 Maio, 2024

O Tecnicismo

© Folha Nacional

A técnica é algo apreciável que sempre esteve associada à evolução da espécie humana. O tecnicismo é próprio de seres pequenos e manipuladores, que usam para além da naúsea o conhecimento técnico que têm e sobretudo o que não têm nem existe. E usam muito para além da naúsea, para alcançar objetivos inconfessáveis.

Resumido de uma forma concisa e clara, o tecnicismo é a evolução 10.0 da xico espertice.

Por um motivo que me ultrapassa, uma parte crescente da sociedade portuguesa revela uma admiração por este tecnicismo. E, admito, parte significativa dos orgãos de comunicação social também. Especialmente quando ele vem dos políticos. Ao tecnicista político nem lhe chamam tecnicista, nem manipular, chamam-lhe embebecidos um político experiente. Sim, por que ser xico esperto cá na terra sempre foi coisa de bem.

E depois de de tanto bajularem os políticos experientes, leia-se a manipulação em escala industrial, admiram-se quando descobrem que, ingratos, esses políticos também os engaram. Não há direito. Deveriam ser fuzilados. Afinal nós somos a comunicação social.

Cada jornalista, cada comentador que se baba a elogiar as manobras dilatórias e manipuladoras dos vários palácios do país, de outros edifícios do género e das respetiva personalidades habitantes também é uma pessoa que paga mais impostos, vive num país mais atrasado, que não tem infantários para as suas crianças, que vê emigrar os seus filhos e que não tem assistência médica para os seus pais. E ainda assim fazem-nos estoicamente há décadas e os novos entrantes fazem-nos com um embebecimento duplo.

São frequentemente incapazes de questionar e de fazer um trabalho de fundo, limitando-se a repetir o que lhes cai nas caixas de correio eletrónico. Veja-se o exemplo da semana passada, ninguém viu o embuste do tamanho do navio pós-Panamax do IRS. Mesmo quando um pequeno e esclarecido partido, o IL, disse que era impossível o rei ir vestido. Todos os ignoraram, todos repetiram em uníssono quão maravilhoso era o fato do rei. Espantoso.

Depois admiram-se quando surge o populismo. Que aborrecido. Estávamos todos aqui num deleite e agora aparecem estes meninos da rua todos sujos, que nem sequer conseguem alcançar a sofisticação dos prazeres dos tecnicistas e do tecnicismo. Não passam de básicos populistas. Que incomodativos.

Assim, à espécie do que sucedeu com o pós-Panamax embuste do IRS. Incapazes de o detetar, mesmo quando avisada, a comunicação social foi incapaz de ver a sua própria incompetência, incapazes de verem a mera caixa de ressonância em que se tornaram.

E claro, os políticos do regime lá vão vivendo felizes as suas vidinhas montados no seu tecnicismo manipulador. Nas suas cunhas e nas suas respetivas irmãs. Afinal uma viagem a Washington garante sempre uma lavagem branquíssima. É fácil.

O importante mesmo é silenciar o CHEGA. Este incomodativo menino com as mãos sujas. Aliás, nem sabemos de onde surgiu, dizem eles. Não é nada próprio do povo português que é um povo de bem.

A prazo, o tecnicismo é muito pior que o populismo. O tecnicismo ainda fará colapsar o PSD, mas isso também parece não interessar para nada.

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