Risco de pobreza subiu em 2023 e afetou mais 60 mil pessoas

O risco de pobreza em Portugal subiu para 17% em 2023, o que fez com que mais 60 mil pessoas ficassem em risco de ficar pobres, uma realidade que afetou principalmente as mulheres, revela o relatório "Portugal, Balanço Social 2023".

© D.R.

De acordo com os dados do relatório, que é apresentado hoje publicamente, e inclui alguns dados preliminares do Inquérito aos Rendimentos e Condições de Vida (ICOR), do Instituto Nacional de Estatística (INE), relativo a 2023, a taxa de risco de pobreza aumentou 0,6 pontos percentuais entre 2022 e 2023, passando de 16,4% para 17%.

“O número de pessoas em risco de pobreza aumentou 60 mil”, lê-se no relatório, da responsabilidade dos investigadores Susana Peralta, Bruno P. Carvalho e Miguel Fonseca, da Nova School of Business & Economics.

Este aumento significa que em 2023 o número de pessoas a viver em risco de pobreza ultrapassou as 1,77 milhões.

De acordo com a análise feita, “a taxa de pobreza aumentou principalmente entre as mulheres, com um aumento de 0,9 pontos percentuais em 2023”.

Refere também que “o aumento na prevalência da pobreza reflete-se em todos os grupos etários, principalmente entre as crianças, cuja taxa de pobreza aumentou 2,2 pontos percentuais face a 2022”.

Os dados do relatório mostram que a “prevalência da pobreza é maior nas regiões autónomas”, onde também há mais privação material e social e desigualdade na distribuição do rendimento.

“A taxa de pobreza está quase 10 pontos percentuais acima da média nacional na Madeira, a região com maior taxa de pobreza em Portugal, e nove pontos percentuais acima da nacional nos Açores”, lê-se no relatório.

Acrescenta que a taxa de privação material e social severa desceu em todas as regiões do país entre 2021 e 2022, com exceção dos Açores.

Por outro lado, dá conta de que aumentaram as desigualdades de rendimento, apontando que no ano passado “os 25% mais ricos detinham cerca de 47% da riqueza do país, a comparar com os 25% mais pobres, que detinham apenas 10,8%”.

Com referência a 2022, o relatório refere que o limiar de pobreza estava nos 551 euros mensais e que a pobreza era mais comum entre as pessoas desempregadas (41,3%), as famílias monoparentais (29,9%) e as pessoas com níveis de escolaridade mais baixos (21,9%).

Na pobreza também há desigualdade de género e “as mulheres têm maior taxa de risco de pobreza que os homens (16,8% vs 15,9%)”.

Refere que a taxa de risco de pobreza entre as pessoas que trabalham com contrato temporário “é quase o triplo” (20,6%) da registada entre quem trabalha com contrato sem termo (7,4%).

Por outro lado, quatro em cada dez pessoas desempregadas são pobres, uma realidade que afeta uma em cada dez pessoas empregadas.

“O risco de pobreza também é mais elevado para os estrangeiros (28,5%) comparado com os locais (16,1%)”, aponta o Balanço Social.

Destaca igualmente que a pessoas pobres têm “carências habitacionais bastante marcadas” e que, em 2022, 20,5% das famílias pobres viviam em casas sobrelotadas, por oposição a 7,2% da população que não é pobre, ao mesmo tempo que os “encargos habitacionais excessivos” afetam sobretudo as famílias em risco de pobreza.

“Cerca de 33,9% dos agregados pobres em Portugal têm encargos com a habitação que excedem 40% do rendimento do agregado (face a 6,6% da população não pobre)”, lê-se no relatório.

O relatório analisa também a saúde mental e bem-estar para dar conta de que a maioria das pessoas em risco de pobreza (quase 60%) faz pouco exercício físico, come pouca fruta ou legumes, ao mesmo tempo que assume hábitos menos saudáveis, como fumar (o consumo elevado de tabaco é mais significativo entre a população pobre) ou beber bebidas alcoólicas.

As pessoas pobres têm menos satisfação com a vida do que as pessoas não pobres e 16% afirmam sentir-se raramente felizes.

No dia-a-dia, os pobres enfrentam dificuldades de visão (29%), de caminhar (15%) e de concentração (24%).

Últimas do País

Cerca de 78% dos enfermeiros do mundo encontram-se em países com apenas 49% da população mundial, indica um relatório divulgado hoje pela Organização Mundial da Saúde (OMS), salientando que as desigualdades afetam os cuidados de saúde.
Portugal tinha 7,9 enfermeiros por mil habitantes em 2023, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgados hoje, por ocasião do Dia Internacional do Enfermeiro.
A REN - Redes Energéticas Nacionais decidiu aumentar o limite das importações de eletricidade de Espanha a partir de hoje, mas só fora das horas de sol, após o bloqueio total após o apagão de 28 de abril.
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) considerou hoje que o aumento da mortalidade infantil deve preocupar toda a sociedade, depois de ser noticiado um aumento de 20%.
As candidaturas ao ensino superior público para o ano letivo de 2025-2026 vão começar em 21 de julho e as matrículas a partir de 25 de agosto, determina um despacho publicado hoje em Diário da República.
A Ordem dos Enfermeiros (OE) alertou hoje para a necessidade de continuar a valorizar estes profissionais e pede “um plano integrado” para a enfermagem, lembrando que os passos dados até agora são insuficientes.
A greve parcial dos revisores e dos trabalhadores das bilheteiras levou hoje à supressão de 175 comboios dos 249 programados (70,3%) entre as 00:00 e as 08:00, segundo dados da CP – Comboios de Portugal enviados à Lusa.
O partido liderado por André Ventura encabeça a lista nas intenções de voto no distrito de Santarém, com 28,0%. A Aliança Democrática (AD) recolhe 26,4% das preferências, ficando assim em segundo lugar. O Partido Socialista (PS) surge em terceiro lugar, com 26,3%.
A operação no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, está “praticamente regularizada”, após se terem gerado longas filas de espera nas chegadas, na sequência de constrangimentos nos postos fronteiriços, adiantou a PSP.
Um homem e uma mulher foram detidos por furtos em estabelecimentos de ensino e uso indevido de cartões de crédito em Almada e Sesimbra, aguardando julgamento em prisão preventiva, disse hoje a GNR.