Um manifestante morreu na cidade de Cuzco, no sul do Peru, elevando para 48 o total de mortos nos protestos contra o governo, avançou o serviço regional de saúde.
A deputada de esquerda Ruth Luque revelou que a última vítima, Remo Candia Guevara, líder da comunidade camponesa Urinsaya Ccollana, na província de Anta, morreu num hospital em Cuzco.
Segundo a Provedoria do Povo, 40 manifestantes morreram desde o início dos protestos em confrontos diretos com agentes das forças de seguranças, além de um agente policial, enquanto outras sete pessoas perderam a vida “devido a acidentes de trânsito e incidentes relacionados com o bloqueio” de estradas.
A Direção Regional de Saúde de Cuzco disse num relatório que pelo menos 22 pessoas ficaram feridas na quarta-feira em protestos antigovernamentais em Cuzco, incluindo sete agentes policiais.
As manifestações reuniram centenas de pessoas, em grande parte camponeses provenientes das localidades do interior, nas capitais das regiões de Cuzco, Ayacucho, Apurimac, Arequipa e Tacna, esta última na fronteira com o Chile.
Em Cuzco noticiou-se que dezenas de pessoas procuraram chegar ao aeroporto internacional, o segundo mais movimentado do país, o qual está vigiado por um grande contingente policial, que inclui viaturas antimotim.
Embora a grande maioria dos protestos ocorra no sul do Peru, na região de San Martín (norte), os manifestantes bloquearam uma secção da principal autoestrada da região situada junto ao Amazonas.
Os manifestantes exigem a demissão da Presidente, Dina Boluarte, a dissolução do Congresso, eleições gerais e uma assembleia constituinte, depois das mortes de 17 civis e um polícia na cidade de Juliaca (sul), só na segunda-feira.
O coordenador do Ministério Público do Peru contra o crime organizado, Jorge Chávez Cortina, disse que os 17 civis, incluindo um menor, morreram devido a ferimentos causados por projéteis de arma de fogo, avançou o jornal La Republica.
A afirmação contraria a versão oficial, segundo a qual os manifestantes teriam morrido devido ao arremesso de pedras ou a ferimentos causados por armas brancas.
Os protestos eclodiram em dezembro, quando o ex-Presidente Pedro Castillo, no poder entre 2021 e 2022, foi condenado a 18 meses de prisão preventiva sob a acusação de promover um “golpe de Estado”.
O Ministério Público peruano anunciou na terça-feira a abertura de uma investigação por “genocídio” contra a Presidente e vários altos funcionários pela repressão às manifestações antigovernamentais.
Uma delegação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) chegou na quarta-feira ao Peru para uma visita de observação da “situação dos direitos humanos” no país.
Os comissários da CIDH foram recebidos por Dina Boluarte no Palácio do Governo, sede do executivo peruano.
“Vamos verificar a situação dos direitos humanos. Lamentamos a perda de vidas durante as manifestações”, disse Edgar Stuart Ralon, que chefia a missão que irá ainda reunir-se com vítimas e familiares próximos em Lima, Ica e Arequipa.