Especialista alerta para mortalidade do cancro do ovário

© D.R.

O ginecologista Henrique Nabais, da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG), alertou hoje para a elevada mortalidade do cancro do ovário, apelando às mulheres para estarem atentas, pois oito em cada 10 casos são detetados em estado avançado.

Em declarações à agência Lusa a propósito do lançamento da campanha “Eu preferia saber… que a mutação BRCA pode mudar a minha história”, que é lançada hoje, Dia Mundial do Cancro do Ovário, o especialista disse que para a deteção em caso avançado contribuem os sintomas inespecíficos da doença e a quantidade de mulheres sem acesso a médico de família.

Esta falta de seguimento nos cuidados primários de saúde compromete o acompanhamento e as avaliações de rotina, referiu.

O presidente da Secção Portuguesa de Ginecologia Oncológica (SPGO) da SPG lembrou que o cancro do ovário, nas fases iniciais, “não tem nenhuma sintomatologia específica”,e por isso advertiu que é preciso estar atento, não só as mulheres, mas os próprios médicos.

“São sintomas tão inespecíficos que é importante estar profundamente atento à frequência e intensidade de alguns sinais e sintomas que, quando aparecem e persistem no tempo, ou se intensificam por alguma razão, têm que ser avaliados”, considerou.

Deu ainda como exemplo outros cancros, como o da mama ou do colo do útero, que têm rastreio disponível, ao contrário do cancro do ovário, para frisar a importância de a mulher estar atenta a queixas como “a distensão abdominal ou alguma dor ou incómodo abdominal” ou “algum enfartamento” após as refeições.

“Isto é tão frequente que se desvaloriza”, reconhece o especialista, chamando a atenção para a persistência ou alterações nestas queixas: “Se as queixas persistem para além de duas/três semanas, se a intensidade aumentou ou se modificou, nesta altura o melhor é ser avaliado”.

Henrique Nabais comparou, por exemplo, com o cancro no endométrio, em que também não há rastreio, mas há sintomas: “não temos nenhum teste de rastreio, mas 80% dos cancros do endométrio dão sintoma precoce, que é a hemorragia vaginal anómala”.

“Se as mulheres estiverem informadas, os médicos estiverem informados, geralmente fazemos diagnósticos precoces [no cancro do endométrio]. No ovário, nem uma coisa nem outra”, lamentou.

A propósito da campanha lançada hoje, que envolve a mutação genética (BRCA) e a sua influência no aparecimento de cancro do ovário, Henrique Nabais lembrou que em 20 a 25% a mutação genética está associada ao cancro do ovário.

Apesar de ser “relativamente raro” – há cerca de 500 casos por ano -, o especialista sublinhou: “o drama é que morrem muitas mulheres. São mais de 400 por ano (…), o que é muito”.

Sendo um cancro tão raro, não se pode fazer o estudo genético a toda a população, tendo em conta os custos que implicaria, lembra o ginecologista, acrescentando que “é preciso ser criterioso com os casos em que são pedidos esses testes”.

“Na maioria das mulheres com cancro do ovário, nós fazemos o estudo genético. Há famílias que têm um conjunto de cancros, seja pelo tipo de cancro, seja pela idade em que aparecem, que é sugestivo de haver uma mutação e aí fazemos o estudo. Não só porque o conhecimento da mutação é determinante e modifica a conduta terapêutica, mas porque, (…) se a mulher doente teve a mutação, temos de fazer o estudo dos familiares mais próximos, porque se também tiverem a mutação esta é identificada”.

Identificando a mutação, sendo a BCRA, nas mulheres entre os 35 e os 40 anos, pode optar-se pelas cirurgias redutoras de risco (com remoção do ovário), baixando o risco entre 70 a 80% de ter cancro. As que não querem fazer cirurgia são acompanhadas com ecografia e análise ao marcador tumoral respetivo a cada seis meses.

Henrique Nabais chamou igualmente a atenção para importância de estes casos serem tratados por centros de referência.

“Não é possível tratar bem uma mulher com cancro do ovário num centro que trata um caso ou dois por ano”, indicou.

Últimas do País

A ministra da Saúde garantiu hoje que o projeto de ampliação e requalificação do Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja, “não está na gaveta” e que “já tem pernas” para avançar “no início do próximo ano”.
A Grande Lisboa registou um aumento de mais de 6,1% na criminalidade geral nos primeiros dez meses do ano, revelam dados oficiais da PSP. Apesar da descida ligeira nos crimes violentos, o cenário global aponta para uma região onde a insegurança cresce de forma consistente.
A Polícia Judiciária (PJ) deteve hoje em Lisboa um cidadão estrangeiro de 26 anos, que fugiu à polícia em agosto, por tráfico de droga, anunciou hoje aquela polícia.
O parlamento da Madeira aprovou hoje, por maioria, uma proposta de lei à Assembleia da República apresentada pelo CHEGA para revogar o limite de referência de droga para consumo médio individual de dez para cinco dias.
A Cloudfare anunciou esta terça-feira estar a investigar uma falha na sua rede global que provocou a 'queda' de vários clientes, como a rede social X, o 'chatbot' ChatGPT e o videojogo 'League of Legends'.
A Polícia Judiciária deteve no aeroporto de Lisboa, em três ações distintas, três mulheres estrangeiras, entre os 20 e os 39 anos, suspeitas do crime de tráfico de droga, indicou esta terça-feira a PJ.
Nos primeiros 10 meses de 2025, foram detidas pela Polícia Judiciária (PJ) 269 suspeitos de crimes sexuais, mais do que em todo o ano de 2024, quando foram detidos 251, revelou hoje o diretor da instituição.
O antigo governante e ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos Armando Vara foi detido na segunda-feira pela PSP, em Lisboa, para cumprir os dois anos e meio da prisão que restam devido aos processos Face Oculta e Operação Marquês.
O consumo global de antibióticos em Portugal aumentou 8% entre 2019 e 2024, quatro vezes mais do que a média de 2% registada nos países da União Europeia, revelou hoje o Infarmed no Dia Europeu do Antibiótico.
Mais de 35 mil pessoas morrem anualmente devido a infeções resistentes aos antibióticos, estimou hoje o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC), alertando que a resistência antimicrobiana continua a aumentar na Europa.