Seca: Apicultores do Alentejo estimam quebras na produção de mel e lamentam falta de apoios

© D.R.

As associações de apicultores do Alentejo estimaram que a produção de mel na região pode registar quebras, em alguns casos, de 90%, devido à seca, e lamentaram a falta de apoio da tutela para o setor.

Em comunicado, as seis associações afirmaram que “a apicultura está a ser ignorada pelo Ministério da Agricultura”, avisando que, se a situação se mantiver, “vai acentuar-se, cada vez mais, o declínio, já observado, dos polinizadores naturais”.

“É completamente incompreensível que Portugal seja o único país da UE [União Europeia] que não contemple a apicultura nas medidas agroambientais, nem tenha qualquer tipo de apoio direto aos apicultores”, sublinharam.

No documento, enviado à agência Lusa, as associações advertiram que, este ano, devido à situação seca que afeta a região, “a quebra da produção de mel no Alentejo pode chegar, em alguns casos, aos 90%”.

“A preocupação é comum e transversal a todos os que estão envolvidos no setor e prende-se como se poderão manter as colmeias vivas até à próxima época”, adiantaram.

Contactado pela Lusa, João Neto, técnico da Apilegre, uma das associações subscritoras, insistiu que “a apicultura está completamente esquecida”, pois o setor “não tem qualquer tipo de apoio direto, um seguro de colheita ou uma medida agroambiental”.

“Foi um ano excecionalmente mau em termos de produção de mel, nomeadamente no Alentejo, e a quebra pode ir entre 80% a 90% da colheita normal”, referiu, considerando “natural que os apicultores estejam um bocadinho desesperados”.

João Neto salientou que os apicultores “não têm qualquer tipo de noção ou referência sobre o rendimento que irão ter no ano seguinte” e, sem apoios da tutela, o setor “está completamente dependente do clima”.

“E os políticos gostam muito de se referir à proteção da biodiversidade e à agricultura verde, mas não têm noção, não querem ter a noção ou não sabem” a importância do setor apícola, sublinhou.

Assinalando que “as abelhas estão na base dos ecossistemas por causa da polinização”, João Neto previu que, “não havendo nenhum apoio, o que vai acontecer é que, provavelmente, daqui a uns tempos, não vai haver mais jovens dedicados à apicultura”.

“Não há qualquer tipo de segurança nesta atividade e, quando vemos as outras atividades agrícolas, nomeadamente a pecuária, a receberem apoios por isto ou por aquilo, é completamente inadmissível e uma discriminação que não se percebe”, afirmou.

O técnico da Apilegre referiu que a situação da apicultura em Portugal “é completamente inadmissível” e alertou para que, perante as dificuldades, “qualquer dia não há apicultores”, porque “cada vez é mais difícil de fazer uma atividade rentável”.

“As abelhas, como os outros polinizadores e os insetos em geral, estão a diminuir na natureza. Se o apicultor deixar de existir, podem ter como certeza que a abelha apis mellifera vai ficar, na natureza, com uma quantidade residual, porque quem trata delas contra as doenças, as alimenta quando não têm alimento e lhes dá boas condições são os apicultores”, acrescentou.

No comunicado, as associações, que agregam os cerca de 1.500 apicultores da região, realçaram que, esta semana, reuniram-se com o diretor regional de Agricultura do Alentejo, em Évora, para lhe apresentar as “graves dificuldades” do setor apícola.

O documento foi subscrito pelas associações de apicultores do Nordeste do Alentejo (Apilegre), do Parque Natural do Vale do Guadiana (Apiguadiana), do Vale do Guadiana (Apivale) e do Concelho de Montemor-o-Novo (Montemormel).

A Associação para o Desenvolvimento Rural e Produções Tradicionais Concelho Avis (Aderavis) e a Associação dos Apicultores do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (AASACVicentina) são as outras subscritoras do documento.

Últimas do País

Seis distritos de Portugal Continental estão hoje em aviso laranja e quatro em aviso amarelo para a queda de neve até domingo de manhã, podendo condicionar e interditar estradas, informou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Uma antiga fábrica que estava em obras para ser transformada em residência universitária ardeu hoje em Braga, revelou à Lusa fonte do Comando Sub-Regional do Ave.
As empresas de chocolate nacionais enfrentam o otimismo do período natalício, “um dos mais relevantes” para as vendas, não evitando baixar preços porque o valor do cacau continua no dobro da média de 2023.
A maioria dos desfibrilhadores disponíveis nas viaturas dos Sapadores de Lisboa tem componentes cujo prazo de validade está ultrapassado, mas o Regimento deu orientações para que os bombeiros continuem a utilizá-los, denunciou hoje um sindicato.
O aumento de doentes com alta clínica retidos nos hospitais por razões sociais é um dos maiores obstáculos à gestão de camas hospitalares, afetando a resposta nos serviços de urgência e impedindo a realização de cirurgias.
A ULS Amadora-Sintra abriu um inquérito interno ao caso divulgado pela Polícia Judiciária de um alegado abuso sexual de uma utente no Hospital Fernando Fonseca, envolvendo dois internados, anunciou hoje a instituição.
As infeções respiratórias graves continuam a aumentar em Portugal, sobretudo em idosos e crianças, com aumento de casos de gripe nos cuidados intensivos na semana passada e excesso de mortalidade por todas as causas, revelou hoje o INSA.
A Guarda Nacional Republicana (GNR) deteve 19 pessoas que conduziam com excesso de álcool no sangue, durante o primeiro dia da operação Natal e Ano Novo 2025/2026, que arrancou na quinta-feira e e que já regista um morto.
O bacalhau deverá ficar mais caro já no próximo ano, face à redução de quotas no Mar de Barents e ao contexto internacional, segundo as estimativas da Associação dos Industriais do Bacalhau (AIB).
A Polícia de Segurança Pública (PSP) deteve 84 pessoas no primeiro dia da operação Polícia Sempre Presente – Festas em Segurança 2025-2026, entre elas 15 por condução em estado de embriaguez e 12 por conduzirem sem carta.