O presidente do CHEGA anunciou hoje que o partido vai questionar o ministro da Administração Interna sobre as condições de alojamento dos polícias destacados para a região de Lisboa durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
“Ao longo dos últimos dias recebemos algumas fotos e imagens onde pernoitavam os agentes de segurança deslocados do país inteiro para vir para Lisboa ajudar nesta organização. Estas condições tirariam dignidade a qualquer país democrático e às suas forças de segurança, e o CHEGA vai questionar o senhor ministro da Administração Interna sobre isto”, afirmou.
Em declarações aos jornalistas na sede nacional do CHEGA, em Lisboa, André Ventura descreveu situações em que “polícias dormiram nos seus próprios carros, outros dormiram ao relento e tiveram apenas o apoio alimentar e outros de peregrinos, e outros ficaram em academias e em espaços do Governo, na cidade de Lisboa, que mais pareciam zonas de ratos e de outros animais do que propriamente de acolhimento de forças de segurança”.
Aos jornalistas, o CHEGA enviou dez imagens, com pouca qualidade, e a indicação de se tratar da academia militar da Amadora. Na maioria das fotografias veem-se casas de banho com alguma sujidade, mas também peças de fruta e uma cama.
Ainda no que toca à JMJ, o presidente do CHEGA quer respostas do Governo também sobre os “vários inscritos que continuam em parte incerta”.
“Os números não são claros para todos, mas há uma coisa que parece evidente, não sabemos de muita gente que se inscreveu nesta jornada”, alegou, referindo que “o CHEGA questiona hoje também o senhor ministro da Administração Interna” sobre as “pessoas cuja localização é até este momento desconhecida, e que vêm de países diferenciados, de África, Médio Oriente ou outros”.
O líder do CHEGA quer saber “se a segurança foi para lá da JMJ, ou se se reduziu a um artifício pontual e a uma encenação durante os dias de presença do Papa Francisco” no país e defendeu ser “importante que todos agora continuem o mesmo esforço de segurança para garantir que nenhuma ameaça ficou em Portugal ou na Europa”.
Num balanço sobre como decorreu a JMJ, André Ventura saudou a organização, mas ressalvou que, “se com a Igreja, com a organização da JMJ, os serviços de saúde, as forças de segurança, a JMJ correu de forma muito positiva, o mesmo não se pode dizer daquilo em que o Governo teve de interferir”, apontando que “os postos de assistência do INEM eram escassos, as zonas de sombra e de acessos estavam mal organizadas” e que se registaram dificuldades na mobilidade.
Sobre os custos do evento, voltou a indicar que o partido “vai exigir no parlamento a entrega de todos os contratos de ajuste direto, de natureza nacional ou autárquica”, apesar de estarem disponíveis para consulta no Portal Base, “para serem escrutinados no início da próxima sessão legislativa”.
O líder do CHEGA salientou também que o partido “fez-se representar oficialmente” na JMJ e que ele próprio marcou presença num evento “a título pessoal”.
Questionado sobre as mensagens transmitidas pelo Papa Francisco, Ventura considerou que o líder da Igreja Católica podia ter sido “mais duro com aqueles que culturalmente estão a atacar os pilares fundamentais da civilização cristã”.
“O Papa quando diz que a Igreja é para todos está na posição certa porque a mensagem de Jesus é para todos também. Acho que a Igreja deve evitar fazer juízos de natureza política sobre direita e a esquerda ou sobre os partidos pró imigração e contra imigração”, acrescentou.
Outro dos assuntos abordados nesta conferência de imprensa foram os incêndios que têm deflagrado em Portugal, com André Ventura a apelar ao Governo que mobilize “todos os meios disponíveis” e declare o “estado de calamidade ou do estado de alerta em algumas zonas”, sustentando que “permitirá uma mobilização nacional e internacional de meios para combater estes incêndios”.
O presidente do CHEGA falou igualmente numa “impressionante carência de meios aéreos” e criticou que “não se aproveite o amanhecer para atacar os fogos com meios aéreos”.
“O Chega volta a questionar o ministro da Administração Interna sobre o porquê da ausência de meios aéreos no combate às chamas, sobretudo nos horários mais apropriados”, indicou.
Apontando que o por várias vezes o ministro José Luís Carneiro garantiu “que Portugal tinha os meios aéreos disponíveis, mesmo quando os oferecia a outros países ou os deslocava a outros teatros de operações”, o presidente do Chega salientou que, “aparentemente, estes meios não existem ou são insuficientes” e acusou o Governo de “absoluta negligência”.