Maçã de Alcobaça com quebra de 10% na produção devido à seca

©Maçã de Alcobaça

A Associação dos Produtores da Maçã de Alcobaça estima uma quebra de 10% na produção face ao ano anterior devido à seca e às alterações climáticas, tendo-se iniciado agora a colheita da fruta.

“Há 15 dias achávamos que íamos ter um ano em linha com a campanha passada, com uma quebra de produção da ordem dos 15 a 20%, face àquilo que é o nosso potencial produtivo”, disse o presidente da associação, Jorge Soares, em declarações à agência Lusa.

Contudo, no início do mês registou-se “um dia fatídico em que, na região Oeste, se atingiram 43 ou 44° graus, temperatura tão extrema, tão extrema e tão anormal que alterou o comportamento fisiológico dos frutos, fez parar ou abrandar o crescimento, fez acelerar o processo da evolução da maturação e fez acelerar também o processo de colheita, o que se traduz numa quebra face ao ano passado da ordem dos 10% da produção”, contou.

As elevadas temperaturas provocaram “queimaduras graves em alguns frutos mais expostos ao sol”, explicou o responsável.

Assim, da produção potencial de 70 mil toneladas, deverão ser colhidas este ano 50 mil toneladas, abaixo das 55 mil que permitiram ao setor faturar os 50 milhões de euros da campanha anterior.

Ainda de acordo com Jorge Soares, o setor tem vindo a ter quebras do potencial produtivo em resultado das alterações climáticas.

“Tivemos uma primavera muito mais quente do que o normal, na fase da floração tivemos temperaturas acima de 30 graus em abril, quando as plantas querem estar numa temperatura amena para transformar a flor em fruto e querem estar num conforto entre os 17 e 23 graus. Depois, não tivemos uma primavera chuvosa”, recordou o dirigente.

A somar às alterações climáticas está a seca, com reservatório sem capacidade para regar culturas e captações subterrâneas secas, acrescentou.

“Os produtores vivem da sua criatividade, da sua capacidade de armazenar alguma pequena quantidade de água em anos mais quentes e mais secos e daí esta quebra de produção pelo segundo ano consecutivo, em cima ainda de uma campanha passada em que tivemos um aumento de custos de fatores de produção da ordem dos 40%, em média”, referiu.

Além disso, continuou o presidente da Associação dos Produtores da Maçã de Alcobaça, não existe uma política de água para a região Oeste e devia apostar-se no reaproveitamento da água do Rio Tejo para o regadio agrícola.

“Com a redução da disponibilidade de água e com o aumento das temperaturas que nos proporciona mais necessidade de água, há aqui uma preocupação extrema aos produtores, uma perda de confiança, inclusive em aumentar áreas”, admitiu Jorge Soares.

Apesar de tudo, “e se nada de anormal acontecer”, a associação prevê uma campanha que conseguirá satisfazer as necessidades do mercado nacional e alcançar um aumento de 10% nos preços, tendo em conta o acréscimo de 40% nos custos de produção e a qualidade dos frutos.

“Quer os combustíveis, quer a mão-de-obra tiveram aumentos significativos e ainda não recuperámos. O ano passado tivemos 40% de aumento de custos e só conseguimos impactar no preço cerca de 10%”, lembrou o dirigente, salientando que há empresas a trabalhar já no prejuízo.

O setor pretende ainda exportar 10 a 15% da produção, sendo que desses 70% vai para o Brasil, 20% para Inglaterra e os restantes sobretudo para Espanha, países árabes e países africanos.

A Maçã de Alcobaça, cuja principal variedade é a gala, possui Indicação Geográfica Protegida, tem uma área de cultivo de dois mil hectares na região Oeste e abrange meio milhar de produtores.

A Associação dos Produtores da Maça de Alcobaça representa 22 associados.

Últimas de Economia

De acordo com o serviço estatístico europeu, entre os Estados-membros, a Roménia (41,1%), a Espanha (22,8%) e a Eslovénia (21,4%) registaram os maiores aumentos homólogos da produção na construção.
A Comissão Europeia autorizou a comercialização de um medicamento para o tratamento da depressão pós-parto, depois de uma avaliação positiva da Agência Europeia do Medicamento (EMA), foi hoje anunciado.
O Tribunal de Contas (TdC) julgou improcedente o recurso da Câmara de Idanha-a-Nova sobre a recusa do visto ao contrato para a criação de um cartão de saúde, porque a aprovação não passou pela assembleia municipal.
Os viticultores do Douro que queiram aceder ao apoio de 50 cêntimos por quilo de uva a destilar têm que submeter as candidaturas até 25 de setembro, segundo uma portaria publicada hoje em Diário da República (DR).
Em causa estava a interpretação do artigo 251.º do Código do Trabalho, que define os dias de ausência a que o trabalhador tem direito em caso de luto: o STEC defendia que o cálculo devia abranger apenas dias úteis, enquanto a CGD sempre contabilizou dias consecutivos de calendário, incluindo fins de semana e feriados.
A agência de notação financeira Fitch subiu esta sexta-feira o 'rating' de Portugal de A- para A, com 'outlook' (perspetiva) estável, anunciou, em comunicado.
O movimento de passageiros nos aeroportos portugueses cresceu 4,9% de janeiro a julho, em relação ao mesmo período do ano passado, mostram dados divulgados hoje pelo INE.
A Autoridade Tributária (AT) devolveu, em 2024, 86 milhões de euros em IVA a turistas oriundos de países terceiros, nomeadamente cidadãos de fora da União Europeia (UE), no âmbito do regime ‘tax-free’.
No relatório "Reformas da Política Fiscal", a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) resume a trajetória das medidas fiscais introduzidas ou anunciadas pelos governos de 86 jurisdições em 2024, olhando para a realidade dos países da organização e de algumas economias "parceiras".
O objetivo destes empréstimos, disse o grupo BEI, é reduzir a fatura de energia e aumentar a competitividade das pequenas e médias empresas (PME).