Marcelo teme novo aumento das taxas de juro pelo Banco Central Europeu

© Folha Nacional

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, manifestou-se hoje preocupado com um eventual novo aumento das taxas de juro pelo Banco Central Europeu (BCE), devido à inflação “ainda relativamente alta” na União Europeia.

Em declarações aos jornalistas no Palácio de Belém, à margem da Festa do Livro que se iniciou hoje, Marcelo Rebelo de Sousa comentou os dados da inflação, começando por dizer que “há sinais internacionais que já começavam a ser um bocadinho preocupantes”, nomeadamente a inflação “ainda relativamente alta” nalguns países europeus.

Marcelo apontou que a média europeia está nos 5,5%, valor superior ao de Portugal de 3,7%, realçando que, comparativamente, o país está numa “situação muito melhor do que a média europeia”.

“Mas isto significa que se a Europa está assim, e que se mantém assim, qual é o resultado que eu temo, e que todos tememos? É que o BCE [Banco Central Europeu] possa ter a pressão para novo aumento de juros, e nós esperávamos uma folga agora em setembro”, afirmou.

O chefe de Estado português aguarda por outros números que poderão ser divulgados mas sublinhou que esta não seria “uma boa notícia” para todos os portugueses que têm contratos com a banca e poderão ser confrontados com o aumento das prestações do crédito à habitação.

A taxa de variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC) aumentou para 3,7% em agosto, mais 0,6 pontos percentuais do que em julho, segundo a estimativa rápida avançada hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Marcelo alertou também para o facto de os números do INE divulgados hoje apontarem para um segundo trimestre com “crescimento zero por cento” e apontou que noutros países europeus existem mesmo situações económicas de “não arranque, bem pior do que a portuguesa”.

“Se for assim (…) isso significa que os meses de final do ano e começo do ano que vem podem não ser aquilo que nós desejaríamos”, realçou.

O Presidente da República manifestou ainda preocupação com “previsões para o turismo na Europa (…) que são desfavoráveis quanto à evolução” do setor “para o fim deste ano e sobretudo para o começo do ano que vem”.

“Sabem como isso [turismo] para nós é importante. Tudo isto em conjunto pode significar para um país como Portugal, que sofre muito do contexto abrangente, não subir o turismo ao ritmo que estava a subir, não subirem as exportações ao nível que estavam a subir, e obviamente, o crescimento sofrer com isso”, acrescentou.

Interrogado sobre que resposta espera no Orçamento do Estado para 2024, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que “certamente que dentro do espaço disponível vai haver a preocupação de poupar Portugal àquilo que seja indevidamente adicional”, realçando que o Governo já anunciou que “não tenciona utilizar uma parte dos empréstimos europeus ligados ao PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] que chegou a ser anunciado que viria porventura a utilizar”.

Marcelo considerou que o Governo tomou esta decisão “por uma boa razão” e que esta “já é uma forma de olhar para o futuro e de prever esse futuro e prevenir esse futuro”.

“Por outro lado, há uma margem, uma folga, de dinheiro para utilizar no terreno”, considerou, acrescentando que “há aqui uma folga mesmo antes de outros desembolsos que pode contribuir para, no ano que vem, compensar o que pode não chegar de exportações, ou de turismo”.

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que é necessário esperar que os “investimentos que estão já em concretização venham verdadeiramente a chegar ao terreno”.

Sobre o impacto da inflação nas rendas e uma nova eventual fixação de limites à sua atualização, Marcelo afirmou que “a resposta só pode depender obviamente de uma análise muito cuidadosa da evolução da inflação” nos próximos meses.

Após as declarações aos jornalistas, o Presidente da República visitou as bancas do recinto da 6.ª Festa do Livro em Belém, nos jardins do Palácio, comprou alguns livros, outros foram-lhe oferecidos, tirou fotografias e conversou com alguns visitantes presentes.

A Festa do Livro em Belém é uma iniciativa do Presidente da República – em colaboração com a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros – que visa promover obras e autores de língua portuguesa.

Este ano, a iniciativa decorre até dia 03 de setembro, com entrada livre, num conjunto de quatro dias que contarão com leituras, debates, música, cinema ou jogos didáticos. Segundo a Presidência, participam este ano nesta festa 68 editoras com 122 bancas.

Últimas de Política Nacional

O líder do CHEGA acusou hoje o Governo de incompetência na gestão da saúde e considerou que os utentes não podem ser sujeitos a esperar 18 horas numa urgência, e o primeiro-ministro reconheceu constrangimentos e antecipou que poderão repetir-se.
A Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMMT) decidiu abrir os cofres e fechar a transparência.
André Ventura reafirmou que pretende usar a Presidência da República como ponto de partida para uma mudança profunda no país.
As escutas da Operação Influencer abalaram o PS, expondo alegadas pressões, favores e redes internas de ‘cunhas’ que colocam Carneiro no centro da polémica e voltam a arrastar Costa para a controvérsia.
O Governo carrega no ISP e trava a fundo na queda que estava prevista no preço dos combustíveis. A promessa estala, a confiança vacila e Montenegro enfrenta a primeira fissura séria na sua credibilidade fiscal.
Catarina Martins voltou a dirigir insultos contundentes a André Ventura, acusando-o de ser “um bully político” que se comporta “como se estivesse no recreio da escola”.
Luís Marques Mendes está no centro de uma nova polémica depois de, no debate presidencial, ter afirmado que o CHEGA “passa a vida a ter propostas inconstitucionais, como a pena de morte”, uma falsidade evidente.
A estrutura concelhia do CHEGA em Vila Nova de Famalicão refere que o vereador do partido vai levar à reunião de Câmara uma proposta para tornar gratuito o estacionamento público no centro da cidade entre 13 de dezembro e 6 de janeiro.
O Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol) pediu hoje a demissão da ministra da Administração Interna, considerando que Maria Lúcia Amaral é "incapaz de assegurar a estabilidade" das polícias, e alertou para "protestos massivos" como os de 2024.
Uma petição que exige o fim da atribuição de dinheiros públicos para a construção de mesquitas tornou-se viral e já reúne milhares de assinaturas, dias depois da proposta do CHEGA com o mesmo objetivo ter sido chumbada no Parlamento.