FNAM responsabiliza Ministério pela demissão dos obstetras do Santa Maria

© D. R.

A Federação Nacional dos Médicos (Fnam) responsabilizou hoje o Ministério da Saúde pela demissão dos seis obstetras do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e pela destruição de equipas de saúde materna e infantil do Serviço Nacional de Saúde.

“Volvido um mês desde a mobilização forçada dos médicos do departamento de Ginecologia, Obstetrícia e Medicina da Reprodução do Hospital de Santa Maria para o Hospital São Francisco Xavier, o resultado previsto está à vista: seis médicos especialistas já rescindiram os seus contratos com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e outros preparam-se para seguir o mesmo caminho. Quanto às obras, que o ministro da Saúde tantas vezes repetiu terem início a 01 de agosto e que, supostamente, justificariam esta deslocação, praticamente ainda não começaram”, precisa a Fnam.

O comunicado da federação surge um dia depois de seis médicos do serviço de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital de Santa Maria terem apresentado a demissão, incluindo a ex-diretora de obstetrícia, Luísa Pinto, devido às condições de insegurança e falta de respeito por parte da administração.

A federação dos médicos sustenta que o número de blocos de partos e urgências de ginecologia e obstetrícia que este Governo tem encerrado continua a aumentar e que há “várias equipas destruídas e dezenas de profissionais de saída do SNS”.

Para a Fnam, trata-se “da destruição” de equipas de saúde materna e infantil no SNS, que demoraram anos a formar.

“Infelizmente, é exatamente essa a situação que se verifica na maternidade do maior hospital do país, o Hospital de Santa Maria, e que pode acontecer um pouco por todo o SNS”, refere aquele sindicato, dando também conta de que “médicos internos de várias especialidades deste hospital viram a sua formação comprometida de um dia para o outro”.

Segundo a Fnam, “os médicos internos de ginecologia e obstetrícia, apesar de terem apresentado as declarações de indisponibilidade para realizar trabalho suplementar para além das 150 horas obrigatórias por ano, continuam a ser forçados a realizar jornadas de urgência de 24 horas”, enquanto os médicos internos de anatomia patológica “deixaram de receber os produtos biológicos vindos dos serviços deslocados para o Hospital São Francisco Xavier e necessários à sua formação especializada”.

A Fnam sublinha que já houve médicos que, em consequência da situação de rutura que está instalada, entregaram a declaração de escusa de responsabilidade devido à falta de condições de trabalho.

“Estas situações além da incompetência da atual gestão do conselho de administração e chefias intermédias, são consequência direta da irresponsabilidade do Ministério da Saúde em conseguir um acordo capaz de salvar as carreiras médicas, num processo negocial que dura há 16 meses, sem nenhuma medida concreta que seja capaz de fixar médicos no SNS com salários justos e condições de trabalho que médicos e utentes merecem”, refere a federação.

A federação dos médicos indica ainda que não está otimista para a próxima reunião no Ministério da Saúde, que se realiza na quinta-feira, tendo em conta que “uma vez mais, a menos de 24 horas da reunião, não chegou a ordem de trabalhos, nem documentos, como resposta aos oito documentos entregues” pela Fnam que visam a revisão salarial e melhoria das condições de trabalho para todos os médicos.

Últimas do País

A Linha SNS 24 atendeu desde o início de dezembro cerca de 307 mil chamadas, um aumento de 17% face ao mesmo período do ano passado, e o tempo médio de espera foi de 10 minutos.
A estrutura de missão da Agência para a Integração, Migração e Asilo (AIMA), criada para regularizar processos em atraso, termina no final do ano com um saldo positivo de 62 milhões de euros.
O Observatório das Migrações (OM) está a concluir um repositório de dados sobre imigrantes em Portugal, para tentar harmonizar a informação estatística com os mesmos critérios, de vários serviços públicos, algo que hoje não sucede.
O taxista acusado de atropelar mortalmente um jovem universitário numa passadeira em Lisboa, em setembro de 2024, foi esta quinta-feira condenado a 14 anos e nove meses de prisão.
A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), através das suas Unidades Regionais, realizou, nas últimas semanas uma operação nacional de fiscalização direcionada à comercialização de brinquedos.
O Governo vai conceder tolerância de ponto aos trabalhadores que exercem funções públicas nos próximos dias 24, 26 e 31 de dezembro, mais um dia do que o habitual, refere um despacho assinado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro.
A Polícia Judiciária deteve no Algarve um homem de 37 anos processado pelas autoridades brasileiras por suspeitas de crimes de abuso sexual de crianças e pornografia de menores, foi hoje anunciado.
A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) realiza esta quinta-feira um plenário de protesto no aeroporto de Lisboa devido à ausência de resposta do Governo em resolver os problemas dos polícias que estão nas fronteiras aéreas.
O Ministério do Ambiente e Energia foi hoje alvo de buscas por parte da Polícia Judiciária, na sequência das anteriormente efetuadas na empresa Transtejo, por suspeita de fraude na obtenção de subsídios, segundo fonte ligada ao processo.
A Inspeção-geral da Saúde está a analisar se há indícios de responsabilidade financeira em três conselhos de administração do hospital de Santa Maria, incluindo o que foi liderado pela ministra da saúde, Ana Paula Martins.