Escritor Salman Rushdie alerta que liberdade de expressão está em risco

O escritor Salman Rushdie alertou hoje que a liberdade de expressão está em risco e apelou para a sua defesa incondicional ao receber um prémio alemão em reconhecimento do seu trabalho literário e determinação face ao perigo constante.

Facebook / Salman Rushdie

O autor anglo-americano condenou a época atual como tempos em que a liberdade de expressão está sob ataque por todos os lados, inclusive por vozes autoritárias e populistas, segundo a agência de notícias alemã DPA.

Rushdie fez seus comentários durante uma cerimónia na Igreja de São Paulo, em Frankfurt, onde foi homenageado com o Prémio da Paz do Comércio Livreiro Alemão por continuar a escrever, apesar de suportar décadas de ameaças e violência.

O prémio alemão, dotado de 25.000 euros, é atribuído desde 1950.

O júri disse no início deste ano que iria homenagear Rushdie “pela sua determinação, pela sua atitude positiva perante a vida e pelo facto de enriquecer o mundo com seu prazer em narrar”.

Em agosto de 2022, o escritor foi esfaqueado repetidamente enquanto estava no palco de um festival literário no estado de Nova Iorque, nos Estados Unidos e vai publicar no próximo ano um livro de memórias sobre o ataque que o deixou cego do olho direito e com a mão esquerda afetada.

“Knife: Meditations After an Attempted Murder (Faca: Meditações após uma tentativa de assassínio)” será lançado em 16 de abril, numa obra que o autor definiu como uma forma de “responder à violência com arte”.

“Este foi um livro que tive de escrever, foi uma forma de assumir o controlo do que aconteceu e de responder à violência com arte”, afirmou Salman Rushdie, citado pelo comunicado da editora, divulgado este mês em Nova Iorque.

“Não é o livro mais fácil de escrever”, afirmou Rushdie em junho passado, citado jornal britânico The Times. “É algo que preciso de fazer para superar [o incidente] e poder avançar para outras coisas. Não posso realmente começar a escrever um romance que não tenha nada a ver com estes factos. Portanto, tenho de lidar com eles.”

O ataque ocorreu mais de 30 anos depois de Rushdie ter sido alvo de uma ‘fatwa’ (sentença de morte), decretada pelo antigo líder religioso iraniano ayatollah Khomeini, em 1989, na sequência da publicação do seu quarto romance, “Os Versículos Satânicos”, uma ficção inspirada na vida do profeta Maomé que lhe valeu o Prémio Whitbread e um lugar entre os finalistas do Prémio Booker desse ano.

Rushdie viveu a década seguinte sob proteção, escondido, experiência que também levou para o livro de memórias “Joseph Anton”, de 2012.

O escritor é autor de “Os Filhos da Meia-Noite”, romance que lhe deu o Prémio Booker em 1981, o Booker dos Bookers, em 1993 e, em 2008, a distinção de Melhor do Booker.

O seu romance mais recente, “Cidade da Vitória”, concluído um mês antes do ataque, chegou às livrarias portuguesas em setembro, cinco meses depois do livro de ensaios “Linguagens da Verdade”, ambos com a chancela da Dom Quixote, que publica o autor em Portugal.

Últimas do Mundo

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, considerou hoje "uma vergonha" a Marcha do Orgulho Gay, que reuniu no sábado nas ruas de Budapeste dezenas de milhares de pessoas, apesar da proibição da polícia.
A Assembleia Parlamentar da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), reunida esta semana no Porto, pediu hoje "atenção internacional urgente" para o rapto, deportação e "russificação" de crianças ucranianas.
Mais de 50.000 pessoas foram deslocadas temporariamente na Turquia devido a incêndios florestais que têm afetado as províncias de Esmirna, Manisa (oeste) e Hatay (sudeste), anunciou esta segunda-feira a Agência Turca de Gestão de Catástrofes (AFAD).
A Força Aérea polaca ativou todos os recursos disponíveis no sábado à noite durante o ataque russo ao território ucraniano, uma vez que a ofensiva russa afetou territórios próximos da fronteira com a Polónia.
O Papa Leão XIV pediu hoje orações pelo silêncio das armas e pelo trabalho pela paz através do diálogo, durante a oração do Angelus, na Praça de São Pedro, no Vaticano.
Um ataque massivo da Rússia com 477 drones e 60 mísseis, na noite de sábado, causou a morte de um piloto da Força Aérea e seis feridos na cidade ucraniana Smila, denunciou hoje o Presidente da Ucrânia.
A constante ligação aos ecrãs e a proliferação de métodos de comunicação estão a conduzir a dias de trabalho intermináveis com interrupções constantes, com graves consequências para a saúde mental e física, alertam especialistas e vários estudos recentes.
A associação de empresas de energia de Espanha (Aelec), que integram EDP, Endesa e Iberdrola, atribuiu hoje o apagão de abril à má gestão do operador da rede elétrica espanhola no controlo de flutuações e sobrecarga de tensão.
As companhias aéreas europeias, americanas e asiáticas suspenderam ou reduziram os voos para o Médio Oriente devido ao conflito entre Israel e o Irão e aos bombardeamentos dos EUA contra este último país.
O comandante chefe das Forças Armadas da Ucrânia, Oleksandr Sirski, assegurou este domingo que as tropas ucranianas conseguiram travar o avanço russo na região nordeste de Sumi, recuperando a localidade de Andriivka e avançando na zona de Yunakivka.