Paquistão: Dezenas de afegãos detidos e deportados pelas forças de segurança

Dezenas de cidadãos afegãos que se encontram indocumentados no Paquistão foram detidos e deportados pelas forças de segurança paquistanesas, depois de terminado o prazo definido pelo governo de Islamabade para saírem do país.

©D.R.

O Governo paquistanês fixou o dia de hoje para começar a expulsar todos os migrantes em situação irregular – incluindo 1,73 milhões de cidadãos afegãos – e o ministro do Interior confirmou que as deportações já começaram.

“Hoje, despedimo-nos de 64 cidadãos afegãos, que iniciam o seu regresso a casa”, escreveu Sarfraz Bugti, na rede social X (antigo Twitter).

“Esta ação é a prova da determinação do Paquistão em repatriar qualquer cidadão que esteja a residir no país sem a documentação apropriada”, realçou.

Segundo as autoridades paquistanesas, as operações de deportação aconteceram nas cidades de Carachi e Rawalpindi, bem como em várias zonas das províncias do Baluchistão (sudoeste) e Khyber Pakhtunkhwa (noroeste), que fazem fronteira com o Afeganistão.

A campanha anti-imigração do Governo de Islamabade, anunciada em 03 de outubro, dirige-se a todos os estrangeiros indocumentados ou não registados.

Embora o Paquistão garanta que não tem como alvo os afegãos, esta é a nacionalidade que constitui a maioria dos migrantes naquele país e a campanha surge num contexto de relações tensas entre o Paquistão e os governantes talibãs.

Esta campanha está a preocupar os milhares de afegãos que aguardam no Paquistão a recolocação nos Estados Unidos, ao abrigo de um programa especial de refugiados para pessoas que deixaram o Afeganistão após o regresso ao poder do regime fundamentalista dos talibãs, em agosto de 2021.

Muitos têm medo de regressar ao Afeganistão, onde o Governo talibã impôs uma interpretação rigorosa do Islão, proibindo, por exemplo, o acesso de raparigas às escolas para lá do ensino primário ou a obrigação de as mulheres saírem à rua completamente cobertas.

Na terça-feira, um responsável norte-americano garantiu que é uma prioridade para Washington assegurar a recolocação dos mais de 25 mil afegãos elegíveis ao abrigo daquele programa e que se encontram no Paquistão, enquanto os seus processos estão a ser apreciados.

Hoje, três responsáveis paquistaneses, ouvidos pela agência AP, à qual pediram anonimato, confirmaram que receberam essa lista de afegãos, mas que ela contém falhas e omissões, tendo sido devolvida aos Estados Unidos para revisão.

Na terça-feira, milhares de afegãos encheram camiões e autocarros em direção aos dois principais postos fronteiriços para regressarem ao Afeganistão evitando a prisão e a deportação forçada.

Segundo dados das Nações Unidas, mais de 200 mil migrantes afegãos já regressaram ao Afeganistão desde que a campanha foi anunciada pelo Paquistão, no início de outubro.

De acordo com a mesma organização, existem mais de dois milhões de cidadãos afegãos indocumentados no Paquistão, dos quais pelos menos 600 mil fugiram dos talibãs.

A campanha de expulsão do Paquistão suscitou críticas das agências internacionais e dos grupos de direitos humanos, bem como do Governo interino dos talibãs, que pediu mais tempo para que os afegãos possam regressar.

Atualmente um dos países com mais refugiados no mundo, o Paquistão não assinou a Convenção sobre Refugiados das Nações Unidas (1951) e não dispõe de legislação específica para este grupo.

Últimas do Mundo

A liberdade na Internet em Angola e no Brasil continuou sob pressão devido a restrições legais, à repressão à liberdade de expressão e a campanhas para manipular narrativas políticas, segundo um estudo publicado hoje.
Os Estados Unidos adiaram hoje, pela segunda vez, o lançamento de dois satélites que vão estudar a interação entre o vento solar e o campo magnético de Marte, proporcionando informação crucial para futuras viagens tripuladas ao planeta.
Após os ataques em Magdeburgo e Berlim, os icónicos mercados de Natal alemães estão sob alerta máximo. O governo impôs medidas antiterrorismo rigorosas e custos milionários, deixando cidades e organizadores em colapso financeiro.
Um relatório do Ministério do Interior alemão revela que suspeitos sírios estão associados a mais de 135 mil crimes em menos de uma década. A AfD aponta o dedo ao governo de Olaf Scholz e exige deportações imediatas.
O aumento da temperatura global vai ultrapassar o objetivo de 1,5 graus centígrados no máximo numa década em todos os cenários contemplados pela Agência Internacional de Energia (AIE), relatório anual de perspetivas energéticas globais, hoje publicado.
A Ryanair deve abster-se de impedir o embarque de passageiros, com reserva confirmada, que não sejam portadores do cartão digital, bem como de impor taxas pela utilização do cartão físico, determinou a ANAC - Autoridade Nacional de Aviação Civil.
O Governo ucraniano afastou hoje o ministro da Justiça, depois de este ter sido implicado num alegado esquema de cobrança de comissões na empresa nacional de energia atómica, revelado na segunda-feira pela agência anticorrupção do país.
Pelo menos 27 pessoas morreram e 3,6 milhões foram afetadas pela passagem do supertufão Fung-wong nas Filipinas no domingo, informaram hoje as autoridades locais.
As autoridades espanholas intercetaram 18 migrantes em Pilar de la Mola, que tinham alcançado Formentera, ilhas Baleares, na terça-feira à noite a bordo de uma embarcação precária.
A produção mundial de vinho recuperou ligeiramente em 2025 face ao ano passado, mas segue em baixa, principalmente devido ao impacto das condições climáticas adversas, segundo a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV).