“Um debate cara a cara permite-nos expressar melhor e argumentar mais. Também os erros ficam mais evidentes. É isso o que vamos explorar neste domingo, sabendo que o nosso candidato já demonstrou ser muito contundente nos debates”, indica à Lusa Agustín Rossi, candidato a vice-presidente de Sergio Massa.
“Javier Milei prepara-se para este debate com a melhor expectativa de representar a voz do povo. Somos uma força com apenas dois anos de vida partidária e a nossa única estratégia é a de dizer a verdade diante de Sergio Massa, quem fez da mentira a sua grande estratégia de campanha”, aponta também à Lusa Victoria Villarruel, candidata a ‘vice’ de Javier Milei.
Na quarta-feira (08), Agustín Rossi e Victoria Villarruel debateram ambos em prelúdio do debate decisivo de domingo. Segundo a sondagem do TN (TodoNoticias), canal organizador, Villarruel foi considerada a vencedora com 85% dos votos.
Os analistas acreditam que o debate eleitoral de domingo será a última chance para desempatar uma disputa renhida como não se vê no país há décadas.
“Qualquer mínimo erro, a apenas uma semana das eleições, pode ser decisivo. Os eleitores indecisos costumam definir o voto nas 72 horas anteriores ao pleito. E essa decisão pode ser tomada pela forma como se interpretou o debate. Até agora, o resultado está aberto sem que ninguém possa afirmar qual é a tendência”, avalia o consultor Jorge Giacobbe, cuja sondagem dá 48,3% para Javier Milei, 43,3% para Sergio Massa e 5,5% de indecisos.
A média das 12 sondagens às quais a Lusa teve acesso deixa Milei com 44,65% das intenções de voto contra 42,67% de Massa, uma diferença inferior a dois pontos, dentro da margem de erro. A decisão estará nas mãos dos 6% de indecisos, já que 4,8% pretendem votar em branco ou nulo.
Na primeira volta, em 22 de outubro, o candidato à Presidência e ministro da Economia, Sergio Massa, obteve 36,78% dos votos, enquanto Javier Milei ficou com 29,99%. O fiel da balança são os eleitores da candidata de centro-direita Patricia Bullrich, aliada do ex-Presidente Mauricio Macri, com 23,81% dos votos.
Respaldada por Macri, Bullrich anunciou o seu apoio a Milei como representante de uma mudança contra a continuidade do peronismo de Sergio Massa, aliado da ala mais radical do partido, a esquerda da ex-presidente e atual vice, Cristina Kirchner.
Porém, o apoio de Mauricio Macri e Patricia Bullrich a Javier Milei não contou com o aval dos demais líderes da oposição, provocando um divisão que permite a Massa ‘caçar’ os votos daqueles que rejeitam as propostas da direita de Milei, por mais que o libertário tenha suavizado o discurso à medida que se aliava com Macri.
Para a ‘caça’ desses votos ou para, pelo menos, mantê-los ‘em branco’, Massa lançou uma maciça campanha do medo. Uma sondagem do Centro Estratégico Latino-americano de Geopolítica (CELAG), contratada pelo próprio Massa, indica que 49,4% dos eleitores têm medo de Milei, enquanto 44,3% têm medo de Massa.
Para 39,6% dos que têm medo de Milei, os temores passam por cortes na Educação e na Saúde gratuitas, nas reformas e na assistência social. Outros 21,3% consideram o libertário instável e autoritário. São aspetos que Massa vai explorar no debate, procurando uma reação emocionalmente instável do oponente e alertando que, se Milei ganhar, as tarifas públicas perderão os subsídios e tornar-se-ão impagáveis.
“A nossa estratégia será simplesmente mostrar que eles representam o medo porque destruíram um país rico. Queremos esclarecer aos eleitores que estamos a escolher se queremos continuar neste modelo de fome ou se realmente queremos mudar”, defende Victoria Villarruel, ‘vice’ de Milei.
Para Milei, esta campanha suja procura encobrir uma caótica gestão de Massa que acumula 138,3% de inflação nos últimos 12 meses e uma economia a ponto de implodir, no meio de escândalos de corrupção e de espionagem ilegal que envolvem aliados do ministro.
Já a sondagem de Jorge Giacobbe indica que 51,5% dos eleitores têm medo de Massa, enquanto 46,3%, de Milei.
“Vamos explicar que a causa principal deste processo inflacionista é a falta de dólares na economia como consequência de uma seca que nos impediu de gerar 25% da nossa receita em exportações. O fortalecimento das nossas reservas internacionais não é a única decisão, mas é uma condição necessária para baixarmos a inflação”, argumenta Agustín Rossi, vice de Massa.
“É uma escolha entre o menos ruim ou o mal menor. É drácula contra frankstein”, resume Jorge Giacobbe.