Lesados do BES e Banif temem “morrer na praia” sem solução que os compense

Os lesados do Banif e das sucursais exteriores do BES temem que a crise política impeça a solução que vinham a negociar há anos com o Governo para os compensar parcialmente pelas perdas sofridas nos colapsos dos bancos.

© Facebook dos Lesados do BES

 

“Estamos preocupados, trabalhámos durante cinco anos de forma árdua para encontrar por fim uma solução para os lesados do Banif e das sucursais exteriores do BES e esta avalanche política surge no mês quando estávamos para anunciar as soluções”, disse o advogado Nuno Vieira, representante de lesados, contactado pela Lusa.

O advogado disse que, apesar da crise política, os lesados esperam que o atual Governo ainda avance com o processo para que o novo executivo tenha condições de pegar no assunto e o fechar rapidamente.

“Não queremos morrer na praia, contamos que o Governo seja responsável nesta fase transitória, que permita continuar o dossiê e que o entregue ao próximo Governo para finalizar”, afirmou.

Já antes da crise política, os lesados tinham deixado de ter o interlocutor com que contavam nas Finanças, uma vez que João Marcelo, que era chefe do gabinete do secretário de Estado das Finanças, passou a administrador da Parpública.

Em 13 de outubro, os lesados do BES e do Banif entregaram, no Ministério das Finanças, os relatórios para uma solução que permita reaver o dinheiro que reclamam, tendo então o executivo dito que ia distribuir os documentos à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários e ao Banco de Portugal e que marcaria uma reunião técnica.

Os dois relatórios indicam as expectativas de recuperação de créditos quer para os lesados das sucursais exteriores do Banco Espírito Santo (BES) e do Banco Privée quer para os lesados no Banif, esperando os clientes que este fosse o último passo para a criação do fundo de recuperação que os compensem das perdas (pelo menos parcialmente).

Os relatórios, a que a Lusa teve acesso, propõem soluções baseadas no Fundo de Recuperação de Créditos criado para os lesados do papel comercial do grupo BES. Ou seja, os lesados cederiam os seus créditos ao fundo (incluindo os créditos sobre bens arrestados a Ricardo Salgado) pagando este, em troca, parte do valor perdido pelos investidores. Depois, será esse fundo a dirimir processos na Justiça arrecadando para o Estado os valores que sejam recuperados.

Para os lesados das sucursais exteriores do BES, o relatório propõe que seja entregue aos lesados uma indemnização total de 175,8 milhões de euros.

Este valor segue a fórmula utilizada para decidir as compensações para os lesados do papel comercial. Assim, a quem perdeu mais de 500 mil euros é ressarcido metade do valor (no total de 46,8 milhões de euros), a quem perdeu abaixo de 500 mil é proposto recuperarem 75% no máximo de 250 mil euros por lesado (no total de 129 milhões de euros).

Já para os lesados do Banif, a proposta de indemnização segue a mesma lógica (para valores de investimento acima de 500 mil recuperam 50% e para valores abaixo de 500 mil recuperam 75%, no máximo de 250 mil euros). Neste caso, havendo 1.900 reclamantes, em que 5% perderam mais de 500 mil e 95% menos de 500 mil, o total da indemnização seria 169,6 milhões de euros.

Contudo, os relatórios são uma proposta, pelo que caso haja uma solução que os valores podem ser diferentes.

O grupo de trabalho dos lesados do Banif e das sucursais exteriores do BES tem-se reunindo no Ministério das Finanças desde os meses finais de 2022. Há anos que estes lesados têm tido promessas políticas de verem o seu problema minorado, desde logo da parte do primeiro-ministro, António Costa, mas o processo tem-se arrastado.

O BES terminou em agosto de 2014 e o Banif em final de 2015, deixando lesados milhares de clientes que investiram em títulos financeiros.

Últimas do País

A aplicação de telemóveis SNS 24 permite a partir de hoje a triagem de sintomas respiratórios, anunciou o secretário de Estado da Gestão da Saúde, manifestando-se convicto de que os constrangimentos da Linha SNS 24 estão ultrapassados.
As provas nacionais deste ano letivo começam no final de maio com os alunos do 4.º ano a demonstrarem os seus conhecimentos em Educação Artística e terminam em julho com os exames do ensino secundário.
A GNR e a Guardia Civil espanhola detiveram 15 pessoas e apreenderam 1.509 quilos de haxixe e 36 embarcações numa operação conjunta de combate ao tráfico de droga por via marítima na Península Ibérica, foi hoje anunciado.
A PSP está a realizar hoje buscas na sede do Sindicato dos Enfermeiros (SE), no Porto, no âmbito de um inquérito que investiga o alegado desvio de dinheiro da instituição pelo anterior presidente, indicou fonte judicial à agência Lusa.
As reclamações sobre os serviços digitais subiram 170% no terceiro trimestre do ano, sendo a plataforma mais reclamada o Facebook, da Meta, avançou hoje a Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom).
Os doentes classificados como urgentes no hospital Amadora-Sintra enfrentam, na manhã desta quarta-feira, tempos de espera superiores a 14 horas para a primeira observação, segundo dados do portal do SNS.
Uma mulher do alegado grupo criminoso desmantelado em maio e que se dedicava ao auxílio à imigração ilegal, corrupção e branqueamento de capitais viu a sua medida de coação ser agravada para prisão preventiva, informou hoje a PJ.
O programa "ligue antes, salve vidas", para reduzir a pressão nas urgências, ainda não foi implementado em todas as unidades locais de saúde por falta de capacidade da linha SNS 24, reconheceu hoje o diretor executivo do SNS.
O presidente da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) anunciou hoje que o regulador vai analisar contratos de seguros de proteção ao crédito, onde vê sinais de “algum desequilíbrio” na relação contratual com os clientes.
O casal acusado de triplo homicídio em Donai, no concelho Bragança, em julho de 2022 foi hoje condenado a 25 anos de prisão e ao pagamento de uma indemnização à família das vítimas de 225 mil euros.