Face à atual profusão de debates e palestras sobre a pressuposta necessidade de reduzir ou mesmo anular a utilização de energias fósseis, porque é que países como a Noruega não abandonam as suas explorações de petróleo no Mar do Norte?
Esta questão coloca-se, dado ser reconhecido como um país que é uma referência na preservação do meio ambiente, sendo disso exemplo as políticas de preservação dos fiordes, das florestas e dos glaciares.
A resposta é tão interessante como simples, senão vejamos, a Noruega não tem agricultura extensiva, não é um colosso industrial e não é um destino massivo de turismo, contudo é o país europeu mais rico em recursos naturais, tais como: energia hidroelétrica (8º maior produtor mundial); pesca (2º maior exportador mundial), e, sobretudo, hidrocarbonetos (12º maior exportador de petróleo e 3º de gás natural a nível mundial).
Em síntese, apesar do peso do setor energético ser significativo na economia norueguesa, há um esforço de diversificação, mormente no que respeita ao investimento em energias renováveis, economia circular e mobilidade elétrica.
Em contraponto, em Portugal, perante jazidas de petróleo ao largo do Algarve e do Alentejo, assim como gás natural na região do Oeste, em onshore e offshore, organizações ambientalistas e uma comunicação social tendenciosa e parcial, não têm o discernimento de pugnar por um justo e inteligente equilíbrio entre questões ambientais e crescimento económico.
Veja-se os exemplos da refinaria da GALP em Leça da Palmeira, que encerrou em contraciclo às necessidades e ao interesse económico do país, com um anunciado projeto imobiliário que inclui um campus de investigação universitária e uma central de produção de hidrogénio verde e das centrais termoelétricas de Sines e do Pego, que produziam a eletricidade mais barata do país antes do Governo ter aplicado taxas de carbono brutais, tendo a primeira sido desativada quando era a mais limpa e mais eficiente central a carvão da Península Ibérica, sendo que o mesmo aconteceu em novembro de 2021 com a do Pego.
Consequência, nem estas taxas o Estado recebe, nem energia elétrica suficiente se produz, com a necessidade de importação de eletricidade, grande parte produzida a partir de centrais termoelétricas a carvão e centrais nucleares, em que o saldo importador de produtos energéticos foi, em 2022, de 11831 milhões de euros, crescendo 124,2% face a 2021.
Com o apadrinhamento do atual governo e tendo em conta que os lobbies da energia, já não se interessam por concursos de solar fotovoltaico, dado que os preços de mercado estarem muito baixos, o governo arranjou um novo regime de preços subsidiados, identificado com a eletrólise da água para produzir o chamado hidrogénio verde.
Mas que valor transporta para Portugal, quando estamos perante um processo produtivo de energia que necessita de pelo menos 1,6 unidades de energia para produzir uma única nova unidade de hidrogénio equivalente?
Curiosamente na Noruega, como noutros países nórdicos, os projetos de hidrogénio verde são considerados de cariz científico e experimental, não como o que o governo socialista lançou em Sines, de dimensões gigantescas e com os lamentáveis episódios que têm ocorrido nas últimas semanas.
Pelas razões apontadas, conclui-se que as decisões do Governo têm sido erradas e precipitadas, sendo disso exemplo o facto de vários países se recusarem a deixar de apostar nos combustíveis fósseis, sendo disso exemplo, a inauguração em 2020 de uma nova central termoelétrica na Alemanha, perto de Dortmund e a reativação em 2022 da maior central termoelétrica espanhola localizada na Galiza.
Este é o país que temos, um infeliz exemplo de implementação de novas soluções de energias renováveis, onde se fecham refinarias, centrais a carvão e se impede a exploração de recursos naturais.
O petróleo não é explorado, o gás natural também não e… o lítio a ver vamos!