Agricultores do Alentejo prometem bloquear fronteiras na região com protesto

Agricultores do Alentejo prometeram hoje bloquear com tratores e máquinas agrícolas as três principais fronteiras da região com Espanha, na quinta-feira de manhã, num protesto contra a decisão do Governo de cortar ajudas ao setor.

© D.R.

“O mundo rural está em falência”, justificou hoje à agência Lusa António Saldanha, agricultor e um dos dinamizadores do denominado Movimento Civil Agricultores de Portugal na região alentejana.

Esta ação de protesto na região, que integra a iniciativa nacional do movimento, vai decorrer, a partir das 06:00 de quinta-feira, junto às fronteiras do Caia (Elvas, distrito de Portalegre), Mourão (Évora) e Vila Verde de Ficalho (Serpa, distrito de Beja).

Questionado pela Lusa sobre o acordo anunciado hoje entre a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) e o Governo para reverter os cortes previstos para os agricultores, no âmbito do Plano Estratégico da PAC, o responsável argumentou que nada muda.

“Este protesto mantém-se até que as ajudas às perdas de rendimento cheguem ao bolso dos agricultores”, afirmou António Saldanha.

Segundo este dinamizador do movimento no Alentejo, agricultores de toda a região vão convergir para as três fronteiras para “bloquear as principais entradas em Portugal com todos os meios disponíveis ligados à agricultura”.

“Chegámos a um ponto em que foi extremamente fácil unir-nos, porque todos fomos afetados da mesma forma e já todos estávamos muito descontentes”, referiu, salientando que os cortes nos apoios, conhecidos na semana passada, foram a ‘gota de água’.

António Saldanha disse que os agricultores têm “um contrato com o Estado português” relativo a “ajudas para a produção em regime biológico”, tal como acontece em toda a Europa, e, neste âmbito, contavam receber os apoios contratualizados em 2023.

As ajudas, apontou, servem para “colmatar as perdas de rendimento que acontecem derivado ao regime biológico”, pois quem opta por este modo de produção não pode utilizar fertilizantes, herbicidas e determinadas rações.

“Essa perda de valor era colmatada com ajudas que vêm de fundos europeus e esses valores eram para ter sido pagos até ao dia 30 de dezembro [de 2023], mas fomos avisados que iriam ser pagos no dia 25 de janeiro” deste ano, afirmou.

Lembrando que todos têm “compromissos financeiros e investimentos feitos” e que foi “um ano catastrófico em termos de produção” devido à seca, o agricultor indicou que, na véspera dessa data para o pagamento, foram informados de que “iria haver um corte de 37%” nas ajudas.

“Não recebemos absolutamente um cêntimo, em alguns casos, e houve outros que receberam muito menos do que estavam à espera”, vincou.

Sublinhando que o descontentamento no setor “arrasta-se há muitos anos”, António Saldanha considerou que “os sucessivos ministérios da Agricultura não têm sido amigos dos agricultores”.

“A realidade é que as ajudas que são distribuídas pelos produtores agrícolas vão-se refletir nas prateleiras e nos frigoríficos dos supermercados, quer no preço, quer na quantidade”, alertou.

Ou seja, “se as ajudas comunitárias não são distribuídas, os produtores agrícolas vão ser obrigados a produzir menos e, por consequência, a vender os seus produtos por muito mais valor”.

A CAP avançou hoje que o Governo vai reverter os cortes previstos para os agricultores, no âmbito do Plano Estratégico da PAC, mas essa reversão carece de uma autorização especial da Comissão Europeia.

Os ministérios da Agricultura e das Finanças agendaram para esta tarde uma conferência de imprensa conjunta.

Últimas do País

Vinte pessoas foram detidas esta madrugada em operações de fiscalização rodoviária nos concelhos de Lisboa, Amadora e Sintra, a maior parte delas por condução sob influência do álcool, anunciou o Comando Metropolitano de Lisboa da PSP (COMETLIS).
A sardinha portuguesa foi reconhecida com o selo azul MSC, que distingue as pescarias com melhores práticas internacionais, anunciou hoje o Ministério da Agricultura e do Mar, que sublinha a oportunidade de abertura a novos mercados com a certificação.
Cerca de 30.000 comprimidos, cápsulas e outras apresentações individuais de medicamentos ilegais foram apreendidos em Portugal na operação Pangea XVII, que decorreu em 90 países, e os fármacos para a disfunção erétil continuam no topo da lista.
A Guarda Nacional Republicana (GNR) e o município da Batalha assinaram hoje um protocolo para a instalação de 23 câmaras de videovigilância naquele concelho do distrito de Leiria, sendo o próximo passo a autorização da tutela.
O Sindicato Independente dos Médicos alertou hoje para as falhas no acesso às urgências obstétricas na região de Lisboa e pediu medidas que evitem percursos prolongados ou tempos de espera "incompatíveis com a segurança clínica das utentes.
O procurador-geral do estado do Rio de Janeiro afirmou hoje à Lusa que a organização criminosa Comando Vermelho (CV) já se estabeleceu em Portugal, ainda que num estado embrionário.
Pelo menos 12 voos foram cancelados hoje no Aeroporto Internacional da Madeira, entre chegadas e partidas, e um divergiu devido ao vento forte na zona leste da ilha, situação que está condicionar a operação já desde segunda-feira.
A proposta do Governo que reduz as taxas do IRS este ano em 500 milhões de euros foi hoje aprovada no parlamento com os votos a favor do PSD, CDS-PP, CHEGA, IL, PAN e JPP, e a abstenção do PS.
O bastonário da Ordem dos Médicos classificou hoje a morte do bebé de uma grávida que teve dificuldades em obter assistência hospitalar como “mais um caso trágico” que reflete “uma grande desorganização” no SNS.
O Procurador-Geral da República disse hoje que as suas declarações foram mal interpretadas, que nunca disse que José Sócrates tinha de provar a sua inocência, mas sim que o julgamento é o local próprio para a prova de inocência.