Corpo do opositor russo foi entregue à mãe

Os restos mortais de Alexei Navalny, solicitados pela família desde a sua morte na prisão, em 16 de fevereiro, foram entregues à sua mãe, anunciou hoje a porta-voz do opositor russo, acrescentando desconhecer as condições para o funeral.

© Facebook de Alexei Navalny

 

“O corpo de Alexei foi entregue à sua mãe”, escreveu Kira Iarmich na rede social X (antigo Twitter), numa mensagem em que agradece a todos os que enfrentaram o poder russo pedindo a libertação do corpo.

A porta-voz acrescentou não saber se “as autoridades impedirão que [o funeral] se realize como a família deseja e como Alexei merece”.

Há mais de uma semana, a mãe de Navalny acusou as autoridades de a estarem a chantagear, com a ameaça de deixar o corpo decompor-se caso ela não concordasse com um funeral secreto ou enterrá-lo no território da zona prisional, onde cumpria uma pena de 19 anos por “extremismo”.

Se o funeral for público, a Presidência russa (Kremlin) pode enfrentar manifestações com numerosos apoiantes, numa altura em que o chefe de Estado, Vladimir Putin, se prepara para nova vitória nas eleições presidenciais marcadas para 15 a 17 de março.

Segundo a porta-voz, a mãe do opositor russo, Lyudmila Navalnaïa, já está em Salekhard, na região do Ártico onde o seu filho morreu, aos 47 anos, numa das prisões mais duras da Rússia.

Na década de 2010, antes de a máquina repressiva cair completamente sobre ele, Navalny conseguiu mobilizar multidões, particularmente em Moscovo, ganhando assim o estatuto de adversário número um de Vladimir Putin.

Desde então, e sobretudo desde o início da guerra na Ucrânia – há dois anos – a repressão aumentou significativamente.

As circunstâncias da morte de Alexei Navalny, que comoveu pessoas de todo o mundo, permanecem obscuras.

De acordo com o serviço prisional russo, Navalny morreu na sequência de uma indisposição sentida “depois de uma caminhada”.

A equipa de apoio ao opositor afirma que a certidão de óbito menciona “causas naturais”, versão que rejeita, apelando à polícia, aos militares ou aos membros dos serviços de segurança para comunicarem qualquer informação sobre o “assassinato” de Navalny.

Em troca, prometem “uma recompensa de 20 mil euros e a organização da saída do país, se for essa a vontade” do informador.

Os apoiantes do opositor e muitos líderes ocidentais acusaram o Presidente russo da sua morte, alguns indicando homicídio.

“Putin afirma ser poderoso, mas os líderes verdadeiramente poderosos não assassinam os seus opositores”, afirmou hoje o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, em Kiev, durante uma conferência de imprensa conjunta com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a propósito do segundo aniversário da invasão russa.

O Presidente russo não reagiu à morte do seu principal opositor, que sobreviveu a um envenenamento em 2020, pelo qual acusou Putin, apesar dos seus desmentidos.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, rejeitou as alegações, classificando-as como “absolutamente infundadas e insolentes”.

A devolução do corpo do líder da oposição, nove dias depois da anunciada morte, coincide com o dia em que os cristãos ortodoxos decidiram realizar um serviço memorial.

Pessoas de toda a Rússia compareceram para honrar a memória de Navalny, reunindo-se em igrejas ortodoxas, deixando flores em monumentos públicos ou realizando protestos individuais.

Os moscovitas fizeram fila em frente da Catedral de Cristo Salvador para prestar homenagens, de acordo com fotos e vídeos publicados pelo meio de comunicação independente russo SOTAvision.

Um vídeo mostra a polícia russa estacionada nas proximidades e polícias a parar várias pessoas para verificação de identidade.

No início da tarde, pelo menos 27 pessoas foram detidas em nove cidades russas por demonstrarem apoio a Navalny, de acordo com o grupo de direitos humanos OVD-Info, que monitoriza detenções políticas.

Últimas do Mundo

A companhia aérea de baixo-custo Ryanair anunciou hoje que vai rever rotas e deixar de operar em alguns aeroportos de França, Alemanha, Áustria, Estónia, Letónia e Lituânia, além de Espanha, devido ao aumento de taxas e impostos aeroportuários.
O Museu do Louvre, em Paris, vai manter-se encerrado hoje, anunciou a instituição, um dia após um grupo ainda a monte ter conseguido roubar múltiplas joias.
Joias de “valor inestimável” foram roubadas hoje de manhã do Museu do Louvre, Paris, por assaltantes que fugiram do local, enquanto o museu mais visitado do mundo anunciou ter fechado, por “motivos excecionais”.
O FBI está a investigar o movimento de extrema-esquerda Antifa como grupo terrorista, de forma igual à Al-Qaeda ou Estado Islâmico (EI), disse o diretor da agência norte-americana de investigação criminal, Kash Patel.
O mundo está a caminho de acrescentar dois meses com temperaturas perigosamente elevadas até final do século, com os Estados mais pobres a serem mais afetados do que os maiores emissores de gases com efeito de estufa (GEE).
A Meta anunciou esta sexta-feira que está a adicionar controlos parentais para as interações entre crianças e os chatbots de inteligência artificial (IA), incluindo a capacidade de desativar parcialmente os modelos de IA a partir do início do próximo ano.
A República Checa vive uma mudança política de grande amplitude. O movimento liderado por Andrej Babiš, integrante dos Patriots for Europe, venceu as eleições parlamentares de 4 de outubro com 34,5 % dos votos e 80 deputados, tornando-se a principal força política do país.
Corrida solidária muçulmana realizada em Londres apenas para homens levanta acusações de discriminação e está sob investigação pela Comissão de Igualdade e Direitos Humanos.
A Comissão Europeia multou hoje as marcas de moda de luxo Gucci, Chloé e Loewe em 157 milhões de euros por terem limitado os preços de revenda de produtos de roupa, calçado e acessórios durante oito anos.
A desflorestação atingiu 8,1 milhões de hectares em todo o mundo em 2024, de acordo com um relatório divulgado hoje, a menos de um mês da Conferência do Clima em Belém, no Brasil.