Segundo o Banco Mundial, registou-se uma diminuição de 17% nos recursos hídricos renováveis per capita em toda a UE, que se está parcialmente justificado pelo crescimento demográfico, pela pressão da atividade económica e pelas mudanças climáticas, também se deve a défices na boa governança no que à eficiência hídrica diz respeito.
Mas outros fatores estão identificados, como é o caso do desperdício de água potável, sendo que em Portugal, de acordo com o relatório da Entidade Reguladora de Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), várias autarquias e serviços municipalizados, ao mesmo tempo que realizam campanhas de poupança de água, apresentavam valores de água não faturada e perdas de água, que chegam a atingir valores superiores a 70%, o que se revela preocupante para um país que tem estado em seca severa em várias zonas.
O novo Plano Estratégico para o Setor de Abastecimento de Águas e Saneamento de Águas Residuais e Pluviais 2030, faz um diagnóstico do retrato nacional e propõe várias medidas corretivas, incluindo a proposta de investimento público de cerca de 5.500 milhões de euros na próxima década, pelo que deve configurar o documento estruturante para se definirem serviços hídricos de qualidade, prestados por entidades gestoras públicas ou privadas, num sentimento de pugnar pela eficiência hídrica nos setores habitacional, industrial e agrícola.
Torna-se pois prioritário a implementação de políticas que suportadas no PENSAARP 2030, tais como: produção de energia a partir do biogás e a reutilização para fins não potáveis, através da construção de redes paralelas de distribuição de água não potável e legislação específica; faturar água que hoje é desperdiçada, reutilizá-la depois de tratada, voltar a faturar para fins industriais e agrícolas; implementar sistemas de retenção de águas pluviais em zonas de proximidade à sua utilização; rentabilizar a recolha e transporte de resíduos urbanos numa vertente de produção de energia elétrica e térmica, num contexto de economia circular.
Em conclusão, as crescentes necessidades de água, a limitação dos recursos hídricos e os conflitos entre alguns usos, exigem que tanto o planeamento na utilização da água se faça em termos racionais e otimizados, devendo integrar-se na construção de políticas de desenvolvimento, numa lógica quer global, quer local.