Esta posição foi defendida pelo anterior líder dos centristas num painel de comentário na CNN Portugal, na noite de sábado, ao mesmo tempo que decorria em Viseu o 31.º Congresso do CDS-PP.
“Eu confesso que estou a testar os meus limites para conseguir sustentar a minha filiação no partido, não sei se conseguirei, por isso esta auto-reflexão impunha-se com um distanciamento importante para decisões mais definitivas”, salientou.
Francisco Rodrigues dos Santos começou por considerar como “pontos fortes” o regresso do CDS-PP ao parlamento e ao Governo, acontecimento que classificou como “um sinal de vitalidade” e de que o partido “conseguiu renascer qual fénix no panorama político nacional”.
O partido perdeu representação parlamentar pela primeira vez na sua história nas legislativas de 2022, altura em que Francisco Rodrigues dos Santos era líder e se demitiu na sequência desse resultado eleitoral.
Na opinião do anterior líder, os centristas têm agora a sua “bala de prata”, com deputados e governantes, tendo a possibilidade de “verdadeiramente influenciar a governação”.
“Agora, os pontos fracos. Existe uma perceção generalizada que o CDS se transformou num clubinho privado de portas fechadas à renovação”, criticou.
Para Francisco Rodrigues dos Santos, o CDS “deve assumir-se como um partido de futuro e a renovação em qualquer organismo é fundamental para assegurar a integridade física e vital de qualquer instituto”.
“As instituições que vivem quer de quadros antigos, quer de História, não são partidos políticos, são museus, e esta perceção o CDS tem que conseguir combater”, apelou.
O centrista frisou que o partido “é democrata-cristão e não democrata-ancião” e considerou que “deve relançar-se e ter capacidade de apresentar novos protagonistas ao país”.
“Ouvi hoje o presidente do CDS [Nuno Melo] dizer que o CDS tem que afinar o discurso para as mulheres e para os jovens. A média de idades dos representantes políticos nos órgãos de soberania do CDS é de 58 anos e tem zero mulheres”, lamentou.
Francisco Rodrigues dos Santos mencionou ainda “a competitividade do CDS à direita” como um ponto fraco.
“Creio que muitos portugueses se perguntam qual é a assinatura do CDS neste programa de Governo e já antes qual tinha sido o seu impacto no programa eleitoral da Aliança Democrática. O CDS nunca negociou lugares sempre quis impor valores, ideias e projetos políticos ao país. Hoje essas bandeiras cabe que sejam afirmadas de forma inequívoca e clara no seio da governação”, considerou.